24/06/2019

ANTES TARDE DO QUE NUNCA | NEON GENESIS EVANGELION


Com a chegada no Netflix de “Neon Genesis Evangelion”, o anime de 1995 criado por Hideaki Anno está de volta nas rodas de conversas geeks, e para quem apenas “conhecia de vista” a obra, mas que não assistiu na época do lançamento como eu, tem agora a oportunidade de ver a série e analisá-la de maneira mais crítica e aprofundada. 

Minha ligação com Evangelion começa a uns bons dezessete anos atrás. Leitor assíduo de revistas como “Ultra Jovem” e “Herói”, eu era bombardeado com produções que não estavam ao meu alcance, e passando o olho pelas páginas que falavam sobre o desenho em questão (eu trato “anime” apenas como mais um termo do que no resultado final é um desenho, lide com isso), não tive meu interesse despertado de uma boa maneira. 

Nunca gostei do gênero ‘Mecha’ (lê-se “méca”; robôs gigantes pilotados por humanos), e a minha ignorância tratava os resumos genéricos das páginas da magazine como desinteressantes. Nos traços eu não compreendia a androginia do personagem principal, eu sempre vi em seu macacão desenhos de seios femininos e em seu cabelo, “arquinhos” … Só eu achava que o Shinji (protagonista da série) era uma menina? E era essa básicamente minha ideia sobre o que poderia ser Neon Genesis Evangelion. 

Agora eu concluo como foi bom eu não ter me interessado mais e assistido naquela época. Com toda certeza eu teria odiado, largado pela metade, e não compreendido nem uma fração da complexidade da história contada. E olha... Como o “olhar crítico” da gente muda, hoje eu tenho vergonha do meu eu do passado que falou mal de qualquer traço da animação… Ultrajante, blasfematório.

O mecha EVA-01
Pois eis que agora, em 2019, maratonei os 26 episódios e os 2 filmes disponíveis na Netflix, e experimentei da sensação que o pessoal viciado em séries tem ao praticar tal ato. Corpo destruído, mente em chamas e uma dor de cabeça… Me pergunto se é sempre assim ou foi efeito da história de Evangelion? Eu acho que ambos, mas vou dar os créditos da “mente em chamas” e da dor de cabeça para a obra referida. 

Em resumo, Neon Genesis Evangelion conta a história de um mundo pós-apocalíptico, onde uma organização chamada NERV, combate monstros chamados de Anjos, utilizando de suas próprias monstruosidades, os robôs gigantes chamadas de EVAs ou Unidades Evangelion, controlados por adolescentes treinados e compatíveis com o mecanismo. Nós somos introduzidos a história, quando o filho do diretor dessa organização, Shinji Ikari, chega a cidade de Tokyo 3, com a missão de pilotar um desses EVAs na tentativa de impedir que os Anjos causem o que chamam de “Terceiro Impacto”, a destruição final da humanidade.

Os pilotos dos Evangelion: Rei Ayanami, Shinji Ikari e Asuka Langley Soryu
Escrever sobre Evangelion não é tarefa fácil, por isso não quis aqui dissecar enredos, analisar cada personagem individualmente ou responder perguntas de uma história que precisa primeiramente ser assistida, absorvida, digerida e depois sair em busca de respostas e confirmações com base em quem entende melhor do assunto. Precisava comentar a experiência, e pensei muito na minha abordagem, chegando a conclusão de que então isso seria uma indicação.

Neon Genesis Evangelion é uma obra que precisa ser assistida por conta própria, no momento certo, e principalmente com a cabeça aberta.

Da mesma maneira que a animação passou despercebida por mim a tantos anos atrás, talvez ela passe por outros agora, caso não se interessem por histórias de robôs gigantes enfrentando aberrações extraterrestres, como antes eu não me interessava. 
Sim, você verá batalhas insanas de monstros gigantes; Gore (representações gráficas de violência de modo teatral, ou seja ainda mais visceral e exagerado) e até insinuações sexuais são mostradas aqui, mas isso somado não chega em sua essência. 

É a ciência, religião e a psique, que realmente te fazem entrar em uma viagem “desagradável” do que é “ser humano”. Os conflitos internos e externos de cada personagem são desesperadores, como espectador você vai travando embates ideológicos com cada um deles para no final sair com a mente cheia e a boca calada. Mesmo os coadjuvantes menos participativos, se dado a devida atenção, tem algo a contar. Ao meu ver ninguém está ali à toa, coisa rara em qualquer obra. A densidade da trama vai sendo construída a cada episódio, você sabe que há mais do que está vendo e anseia para que as respostas cheguem. Mas talvez elas não venham assim tão fáceis. 

De maneira técnica, a animação e trilha sonora são de uma qualidade tão absurdas que fica fácil entender os problemas com orçamento e tempo que tiveram na época de sua produção. As faixas criadas por Shiro Sagisu vão de temas descontraídos, comuns em animações japoneses (é bossa-nova que estou ouvindo?), até acordes mais frenéticos ou calmos que transpassam a tensão necessária; a faixa "Making Time, Waiting for Death" me causa calafrios toda vez que é apresentada, a gente sabe que coisa boa não vem...

Os conflitos em "ser humano" em Neon Genesis Evangelion
Em suma, Ou você relaxa e curte a “trip” para absorver o que verá, ou a transforma em uma experiência sem relevância (não indico). 

A indicação: Assista a série de 26 episódios, “Neon Genesis Evangelion” e depois o filme “The End of Evangelion” (O outro filme adicionado no Netflix “Death (True)²” é um compilado que hoje em dia é dispensável).

 Se você se interessa por esse tipo de história, e saiu correndo para ver o anime e o filme, mas ficou com a cabeça fritando atrás de respostas, APÓS e SÓ APÓS ISSO (guarde a vontade de lamber o pote antes de comer o doce); eu indico que veja os vídeos do canal “Video Quest”, listados abaixo. Provavelmente as respostas de dúvidas sobre a história serão respondidas, e o interesse na franquia que também posuí mangás, jogos e uma continuação de filmes ainda em lançamento chamada “Rebuild of Evangelion” será maior ainda.


Neon Genesis Evangelion e The End of Evangelion se encontram disponíveis na NETFLIX.




12/06/2019

Crítica | Obsessão (2019)


Chega aos cinemas nacionais, o filme “Obsessão”, do original “GRETA”, nome da personagem vivida por Isabelle Humppert (Eva), que protagoniza a trama ao lado de Chloë Grace Moretz (Kick Ass), que dá vida a Frances. 

O suspense conta a história de Frances, cujo o falecimento recente da mãe a trouxe a viver em Nova York com sua amiga Erika (Miaka Moroe). Ao achar uma bolsa esquecida em um vagão do metrô de Manhattan, Frances procura a dona do objeto e encontra Greta Hideg, uma senhora solitária que logo cria um laço com a garota, surgindo assim uma amizade improvável entre as duas. Porém, quanto mais amigas se tornam, mais invasiva e sinistra se mostram as intenções de Greta com Frances, e um segredo obscuro será revelado. 

AQUELE MAIS DO MESMO QUE A GENTE GOSTA DE CONFERIR 
Em sua essência, “Obsessão” é o típico filme que seria exibido aos sábados no “Supercine”, aquele suspense padrão, onde você já sabe o que esperar, resta o filme ser bom ou não. Para esse grupo do gênero, que não lhe fará grandes revelações na trama, o filme aqui quem questão, pode ser considerado satisfatório. Não apelam em cafonices, sexualidade barata ou violência gratuita que não tinha sido indicada anteriormente; clássicos meios desesperados de saída fácil que este tipo de filme encontra quando não vê mais para onde ir por falta de um grande “plot twist”. E posso garantir, que em contra-parte dos fictícios adolescentes que andam saindo por aí, esse daqui não romantiza o psicopata em questão. Aliás o trailer já mostra tudo o que você poderá encontrar durante o filme. 

A personagem “enciclopédia” (os famosos personagens que são introduzidos para explicar o filme de forma didática para o personagem principal e o expectador subestimado), entrega uma história incompleta que não deixa assim tão claro esse lado obsessivo de Greta, apenas um detalhe é pontuado, mas que não “justifica” a loucura inconsequente da personagem, o que dá ainda mais impressão de que não tinha um roteirista para pensar em algo além do que já esperávamos. Nem todo tempero de Mãe é bom ...



PARA QUEM ESTÁ CANSADO DE BLOCKBUSTERS 
Levando em consideração as atuações, não temos nada notório. Isabelle Humppert mostra para os alunos como se deve atuar em um filme de suspense em várias cenas ótimas, e Clhoë Moretz se aplica na carteira da frente, mas no fim só consegue tirar um “B”. Intercalando entre dramas baratos, e romances água com açúcar; a atriz parece não sair do lugar no quesito atuação. Ela não é ruim, mas nunca mostra nada novo, sempre parece entregar a mesma coisa. 

Ganhador do Oscar de roteiro original em 1992 por “Traídos Pelo Desejo”, fora da direção desde 2012; Neil Jordan (Café da Manhã em Plutão - 2005), parece querer voltar ao gênero e essa seria uma tentativa de ser notado novamente. Vale a pena ser assistido no cinema? Uma meia entrada, num dia de bobeira que você queira levar alguém que também já esteja cansado de blockbusters espalhafatosos? Sim. Do contrário, veja em casa descompromissadamente que será ainda mais satisfatório. 

Avaliação: 3/5


10/06/2019

ANTES TARDE DO QUE NUNCA | LÚCIFER



Olá, diabinhos!

(Atenção: Você poderá se deparar com spoilers)

Devo confessar que fui submetida à um bocado de pressão (interna e externa; de cristãos e de ateus) para começar finalmente a assistir as peripécias de Lúcifer (ou Lucy, para os íntimos, né Amenadiel) na badalada Los Angeles.

Eu estava um pouco preocupada, mas ressalte-se que nunca tive dúvidas com relação à atuação do Tom Ellis pois, apesar de não ter feito parte da Lúcifer-mania, eu vi de perto a luta deste homem para salvar a série, então por si só já nutria um carinho grande por ele porque é notório que ele ama o personagem e sabemos que, quem ama o que faz, tem tendência a dar o melhor de si sempre. 

Lucifer e suas asas: A eterna contradição entre o bem e o mal

Então, recapitulando, ele nunca foi a minha preocupação. Meu receio era com o núcleo suporte e as tramas a serem desenvolvidas em cada um dos episódios, especialmente sendo eu uma fã inveterada de séries policiais longas como Law & Order. Eu coloquei na minha cabeça que a Detetive Decker não traria nada de novo neste sentido porque existem 500 milhões de séries com temáticas parecidas e até mesmo envolvendo seres mitológicos e/ou sobrenaturais, então deduzi que originalidade não seria talvez o forte aqui.

Dito isso, digo que achei os primeiros dois episódios, especialmente o piloto, bem basicões mesmo; não é que sejam ruins, só não me fizeram ficar super animada. Porém, a partir do episódio 3, quando de fato entrei no ritmo do enredo, comecei a entender os motivos pelos quais essa série caiu nas graças do público.


Linda, Chloe, Maze (ao fundo): As mulheres da vida de Lucy

O crime do jogador profissional, apesar de não ser tão inovador, trouxe de fato um refresco e foi uma investigação bem montada, assim como o episódio do roubo das asas de Lúcifer (o leilão em si foi incrível). Então, quando aliados fatores como o charme de Lucifer, uma boa trama e uma investigação bem elaborada, o episódio fica sensacional; quando se soma tudo isso aos embates vulgo romance gato e rato entre Amenadiel e Maze (que pra mim dá de 10 a 0 na Chloe), pautados pela análise precisa da Dra. Martin, é quando a série mostra o seu melhor lado. Contudo, não é sempre. Eu fiquei com a mesma sensação de quando assisti a algumas temporadas de Supernatural: são séries com premissas boas, mas com irregularidade no quesito qualidade. É um epi muito bom, seguido por um epi morno. Não nutro, até este momento, nenhum apreço pela protagonista que me faça compreender a razão pela qual Lúcifer prefere ficar na Terra; acho que são muito mais interessantes as interações de pavor que ele tem com a Trixie, por exemplo. 


Particularmente, não creio que o relacionamento complicado e fraternal do nosso ex-protetor da luz com o seu irmão angelical tenha sido bem explorado e, na minha concepção, o disfarce de Amenadiel foi desfeito rápido demais; teria sido mais divertido poder acompanhar Lucy pulando de consultório em consultório e sendo obrigado a manter segredo da Linda por mais tempo. 


Chloe e Trixie: o que esperar pela próxima temporada?

Absurdamente, vemos a incrivelmente sexy Maze (que também é meio ninja) ser mantida de lado, mesmo sendo uma agente dupla a serviço tanto dos interesses do capiroto como de sua própria vontade, quando poderia estar sendo mais ativa (tal qual na cena em que cura o anjo com uma das penas das asas que foram destruídas do Sr. Morningstar). É uma série interessante, mas que poderia ser mais, se quisesse. Fiquei com a sensação de ser uma série com picos de ótimos momentos, mas com pitadas de nada novo sob o sol. 

- Lucifer está disponível na Netflix.

Amenadiel e Maze: O confronto entre o querer e o dever 


08/06/2019

Crítica | X-Men : Fênix Negra


Precisamos falar sobre Fênix Negra, falar sério diga-se de passagem. Então se você espera “hate” gratuito ou uma resenha rala de um parágrafo ou dois, com palavras esdrúxulas em um roteiro ensaiado sobre o filme “alvo de críticas” do momento, não vou poder nutrir sua satisfação. Senta que lá vem “textão”.

A internet abre espaço de fala para todos, sejam eles convidados a opinar ou não (e eu não me ausento de culpa nesse segundo grupo). Neste espaço por exemplo (o Nerdeza), eu sou convidado a dar a palavra inicial, e o público de soltar o verbo nos comentários (sobre o assunto em questão, é bom lembrar). Porém é imperceptível se parar para pensar que a um bom tempo, grandes sites sobre entretenimento ditam regras e as pessoas acompanham em uma enxurrada de repetições que não parecem sinceras, por um simples fato: a falta de argumento.

Então, a partir desse ponto convido a você leitor, argumentar junto, de maneira sincera, após assistir ao filme, e depois de ter lido minha crítica. Sendo ela a mais sincera possível em cima das minhas próprias percepções e sentimentos.

MUTANTES EM CRISE

X-Men: Fênix Negra, do original “Dark Phoenix”, já deixa claro no título sobre em quem o foco da história estará. Dez anos após seu antecessor, o filme mostra uma década de 90, onde os mutantes são bem aceitos pela sociedade, num molde “Quarteto Fantástico”: “enquanto vocês bancam os super-heróis e nos salvam de todas as encrencas que nos metemos, vocês são bem vindos entre nós”. E é aí que Raven (Jennifer Lawrence, já nem mais chamada de Mística), confronta um Professor Xavier (James McAvoy) egocêntrico que se esqueceu de seus princípios e usa seus alunos como peças em uma aceitação maquiada vinda dos humanos comuns. É quando um acidente espacial acontece, que os então heróis, partem para um resgate sem muito planejamento e com dúvidas de seu sucesso. Na evento, Jean Grey (Sophie Turner) é atingida por uma força cósmica e a partir daí começa a ser levada por ela; entre puro desejo e ódio, segredos do passado e o peso de uma morte, onde o sangue derramado está nas mãos de mais de uma pessoa, irão separar o que uma vez era uma família. Em meio disso seres de outro mundo estão atrás deste poder.

Amigo ou Inimigo? Os X-Men se preparam para enfrentar a própria família

A CULPA É DO PILOTO...

Estabelecido o que iria acontecer neste filme, desde a derrota de Apocalipse no anterior, a ansiedade ficava por saber como seria essa nova adaptação. “A Saga da Fênix Negra”, já havia sido mostrada em 2006, da forma mais insossa possível em “X-Men: O Confronto Final”. Convenhamos que adaptar uma “saga” em apenas um filme é trabalho duro, estabelecer e concluir a história de um dos personagens mais marcantes dos quadrinhos, não deveria ser feito assim. Mas isso é cinema, isso é hollywood, isso é business meu caro, e assim será feito queira você ou não.

Quem tomou as rédeas foi Simon Kinberg, e é aí que talvez more o maior problema. Entregar a conclusão de uma série de filmes que perdura a quase 20 anos, na mão de um roterista/produtor, inexperiente em direção (esse é seu primeiro longa metragem), é dar um tiro no pé. Ele já havia escrito a frustrante adaptação anterior da história em 2006, o que ele poderia fazer de diferente dessa vez? Anos de experiência como roteirista e produtor dos filmes dos mutantes? O.K, ele teve seus altos e baixos com super heróis nas telas de cinema, mas nunca espere muito de um produtor, é ele que faz a ponte entre e a parte criativa e o dinheiro do estúdio, e vimos o que acontece claramente no final regravado e destoante de “Quarteto Fantástico” em 2015. A mesma história se repete aqui; o filme está sendo produzido desde 2017, e sofreu com mais de um adiamento. A preocupação era óbvia, mas de qualquer maneira, precisávamos assistir antes para julgar depois.

Nem de longe “X-Men: Fênix Negra” pode carregar adjetivos como “lixo”, ou “pior filme dos mutantes”, nas costas. Ao meu ver, a história é boa, existem cenas ótimas, e o resultado é o esperado para qualquer pessoa que sabe juntar “2+2”. O problema é realmente na direção do filme. Kinberg não consegue manter o ritmo do drama de ação e parte para o drama arrastado. Sou adepto e concordo com as mudanças nos tons de filmes de super-heróis. Não vamos entrar em questões da concorrência, e sim da própria casa, repartida em estúdios.

A FOX trouxe com “Deadpool” e “Logan”, novas opções e maneiras de se abrir um leque. Filmes de super-heróis considerando a enxurrada de lançamentos nos cinemas, já podem ser considerados um gênero à parte. Então porque não criar sub-gêneros? Um “+18”, uma Comédia, um Terror (até então o que seria de “Novos Mutantes”), e um Drama : “Fênix Negra”. Vá ao cinema, consciente do que vai assistir, que sua “decepção” será com aspectos da produção, e não com ela num todo.

Simon Kinberg e Michael Fassbender nas gravações de "Fênix Negra"

OS ALTOS E OS BAIXOS

O sétimo filme dos X-Men (12º em sua totalidade), sofre dos mesmos problemas que os anteriores. Quando Kinberg não é responsável pelo roteiro dos filmes, vemos personagens sendo tratados dignamente e tendo suas participações lembradas, mesmo quando coadjuvantes, caso de “Primeira Classe”; quando ele assume o controle, vemos personagens entrarem e saírem sem nem sabermos os nomes. Dois personagens que sempre aparecem ao lado de Magneto (Michael Fassbender, repetindo o mesmo arco do personagem “recluso” pela terceira vez na saga) por exemplo, uma que julgava ser a “Arco Voltaico”, pela caracterização, e o outro que parecia mais o “Amarra” de “Esquadrão Suicida”, na verdade são “Selene” e “Red Lótus” (que apareceu em forma de easter egg em “Deadpool 2”) … Pois é… Quem também entra e sai sem muita importância em repetir os louros anteriores, é Mercúrio (Evan Peters), uma pena.

Mas já estamos acostumados com isso, o descarte de personagens é gigante na saga. Agora fazer isso com uma das vilãs do filme? É escorregar feio e sem desculpas, apesar de termos algumas… A personagem de Jessica Chastain era o grande mistério na história do filme desde o início de sua produção. Antes especulada como “Lilandra Neramani” a Imperatriz do “Império Shi’ar”; depois creditada como “Smith” em alguns lugares. Por fim tem sua identidade revelada de forma simplória e sem muito significado para o expectador durante o longa. Porém caros leitores, e um porém muito grande, é que a “culpa” disso tudo, na verdade é a da própria Marvel, no caso a “Mickeylandia” do monopólio chamada Disney/Marvel Studios.

A grande revelação acontece pra você aqui no Nerdeza, e não durante o filme. O texto invisível abaixo contém spoilers, então leia por sua conta e risco. ||| Originalmente e pelo andar da carruagem, e por conta também das regravações e adiamento; especula-se que na verdade a personagem de Chastain seria um Skrull, e não “Vuk”, da raça dos D’Bari, que nos quadrinhos realmente segue a entidade da Fênix, que destruiu o sol de seu mundo exterminando praticamente todos do seu planeta. É de conhecimento que esse não seria o último filme dos X-Men, se não fosse a compra da FOX pela Disney, transação ocorrida entre o final da produção deste filme e o lançamento do mesmo. As mudanças tiveram que vir por conta de “Capitã Marvel” que introduziu (de maneira nada satisfatória ao meu ver) os Skrulls. Foi uma rasteira inesperada, e a maneira foi modificar tudo, o que acabou não saindo lá muito bem. Os planos de Vuk são básicos como de qualquer vilã de filmes de super herói (nem adianta citar Thanos e seu plano que durou vinte e tantos filmes), mas aqui eles são tão dispensáveis, e só reproduzem o que a própria “Jean Grey encapetada” faz (andar de um lado para o outro), que os X-Men só vão saber da sua existência no final do segundo ato, e sua maior ameaça é descarrilhar um trem antes que a mutante descontrolada recupere sua consciência. |||. O que Jessica Chastain consegue trazer para o personagem é sua inexpressividade (e isso não é ruim), fria e calculista; mas nada memorável.

O grande mistério envolta ao personagem de Jessica Chastain

Todo o primeiro ato do filme tem seu mérito, é denso e tenso,embalado pelas dúvidas de Raven e Hank/Fera (Nicholas Hoult) sobre as atitudes do Professor X e aquela famosa decisão que mudaria o destino dos dois, que infelizmente não é tomada na hora certa. A carga dramática está ali, é construída e entregue de maneira satisfatória, o problema é esquecer que depois do choro a gente tem que levantar e partir pro ataque, e não ficar no lenga-lenga que desestabiliza o ritmo. Fênix Negra tem as cenas de ação mais elaboradas dos mutantes. Os poderes de cada um são usados em conjunto para chegarem ao seu objetivo. Aqui, ninguém fica no banco de reserva. Tudo que Halle Berry não fez em quatro filmes, Alexandra Shipp faz nesse, é “Tempestade” no verdadeiro significado de seu nome. Outro destaque vai para Noturno (Kodi Smit-McPhee), que sempre se conteve enquanto “Kurt Wagner”, em respeito ao seu ideal religioso, mas quando se vê em uma situação sem caminho, ativa o modo “fogo no zóio” e parte pro ataque. Tye Sheridan é o famoso galãzinho, mas também tem seus momentos como Scott, imparável na busca de salvar sua amada. Talvez tudo fosse um pouquinho melhor se o espaço onde isso acontecesse não fosse limitado. Se a batalha acontecesse junto com a conclusão da “Fênix”, a reação seria ainda mais vibrante. Poderia ser mais enérgica.

Sente a dor de cabeça!

Conclusão essa que é inevitável, ao meu ver, como disse anteriormente. Decepcionante para mim seria mentir. Certos personagens, em circunstâncias como essas (é o último filme, “se finit”), não tem outro destino senão os que mostrados aqui. Supera, a vida não é um conto de fadas com final bonitinho onde todo mundo sai sem cicatrizes. 

Ah! E em respeito a Hans Zimmer e suas excelentes trilhas sonoras, vou resumir meu sentimento com essa em questão, em: “quem deixou você retirar o tema maravilhoso de John Ottman que arrepiava em cada abertura dos filmes?” Chateado…

MUTANTE VAI COM AS OUTRAS? AQUI NÃO...

O filme vai desagradar muitos e tudo bem. O filme vai satisfazer muitos, e tudo bem. Deixar outros em cima do muro que precisam de mais observações para expressar o que sentiu, e mais uma vez, tudo bem também. Eu não assisti sozinho, e ao final da exibição escutei três opiniões diferentes, e após digerir a minha, absorvi as outras para pontuar o que concordava e o que discordava, do que EU pensava. Nem vou atrás de todo mundo, como também não estou aqui para bancar o “do contra”.. A arte causa sentimentos, e cada um percebe, recebe e absorve de maneira diferente. Da mesma maneira que eu percebi, recebi e absorvi vários aspectos que não me agradaram como outros vários que me deixaram satisfeito, e que assistindo novamente podem mudar. Você deve fazer o mesmo. Assista com ou sem expectativas; mas ao final, avalie com argumentos próprios.

Avaliação - 4/5


06/06/2019

Crítica | Aladdin (2019)



Mais um live action de um clássico animado da Disney sendo lançado, e apesar da falta de criatividade dos estúdios em lançamentos originais (este ano por exemplo,a Disney não lançou, nem irá lançar nada que não seja remake ou continuações), eu só digo uma coisa: manda mais!
Aladdin segue o mesmo estilo de adaptação adotado depois de Cinderela, onde tudo o que você viu no desenho está na versão de “carne e osso”, por vezes de forma adaptada para se encaixar no contexto "live action" e com adições na história para que versão tenha vida própria e adquira seu brilho individual.

VOCÊ NUNCA TEVE UM AMIGO ASSIM!
O filme tem a energia da animação e consegue ser bem sucedido em um dos pontos que muitos, inicialmente, torceram o nariz. Começando por Will Smith como o Gênio da Lâmpada, é um pouco “curioso” a quantidade de pessoas que surgiram para beatificar a versão de Robin Williams, que até então era "imaculada" por fãs que passaram a vida inteira assistindo a versão dublada... Pra mim não faz muito sentido a não ser o famoso “hate gratuito”, que foi calado com o talento indiscutível de um Will Smith empenhado e claramente adorando o que está fazendo. 
A atuação do mesmo não substitui a dada pelo original em 1994; Will faz o que deveria fazer, cria a sua versão e ganha seu espaço. Sabe-se que a família de Robin Williams não permite o uso de sua imagem ou voz, desde a morte do ator (talvez seja esse o motivo de especificamente apenas suas músicas na trilha sonora da animação, não estarem disponíveis no Spotify), agora a Disney tem uma versão atualizada satisfatória o suficiente para tomar lugar em seu marketing (parque, trilhas sonoras, e outros produtos). Curioso mesmo é Márcio Simões, que dubla Will Smith a bastante tempo, reprisar o personagem do Gênio, ao qual dublou na versão da animação em 94. Coincidência, ou a gente já pode criar mais uma teoria “sinistra” envolvendo a Disney? 🤯 "Você nunca teve um dublador assim!!!"


Will Smith se diverte ao mesmo tempo que diverte o expectador

NINGUÉM VAI CALAR JASMINE!
Outra peça importante é Jasmine, interpretada por Naomi Scott (Power Rangers), que em tempos onde o machismo virou descaramento, empodera sua personagem, ganhando uma merecida música solo (que não existia no original) e mostrando ser muito mais que só uma "Princesa Disney". A importância ao se passar a mensagem correta de que garotas são ótimas líderes e tomam frente com pulso firme, vai além de “entrar na onda”, a propaganda é vital para que conceitos ultrapassados (que nunca deveriam ter existido), sejam deixados de lado. Ao lado da princesa, há também a adição de uma nova personagem, Dalia (Nasim Pedrad), que não é feita ao acaso e complementa muito a história antes contada de outra forma.

Naomi Scott entrega uma Jasmine mais participativa e empoderada

NEM TUDO É UM TESOURO.
Acaba que, quem não se destaca tanto é o próprio protagonista Aladdin, interpretado por Mena Massoud em sua estréia no cinema. Nem de longe o personagem é insatisfatório, mas não vai muito além. Quem mais sofre na nova adaptação é o vilão Jafar, que deixa o aspecto assustador do desenho, por uma aparência jovial e galante de Marwan Kenzari (Ben-Hur), que não é usada a seu favor. A quebra de estereótipos não é novidade, mas a imagem de “vilão=feio”, vem das próprias animações, onde o interior reflete no exterior; como este não é o caso deveriam ter usado mais dessa característica para colocar medo de outra forma... Não convenceu.

O Jafar de Marawn Kenzari não convence como vilão

TÃO MÁGICO COMO A PRÓPRIA LÂMPADA DO GÊNIO. 
Não vamos nos esquecer dos personagens animados, Abu, Iago e o Tapete Mágico estão incríveis, inclusive este último, protagoniza uma cena onde constrói um certo castelo famoso, em areia com direito a homenagem a outra personagem muito famosa… Prestaram atenção?⠀ As músicas, seriam um show a parte se não fossem tão clássicas quanto o próprio filme. Não tem jeito, não envelhecem e marcam gerações. Em geral, um filme que provavelmente vai ser lembrado nas premiações,e merece atenção, tanto para os que cresceram vendo a animação, quanto para os mais novos que serão apresentados a “Agrabah” agora.

Avaliação - 5/5.

05/06/2019

Review | Pokémon - Detetive Pikachu


"Isso não vai dar certo", "não tem como fazer um live action de Pokémon", "vai ficar ridículo"... Essas eram frases que saíam da boca de muita gente, inclusive fãs de Pokémon, os mesmos que cresceram assistindo o anime, jogando os jogos ou o Trending Card Game e que sonhavam em ver os monstrinhos de bolso nas telonas.

O ANÚNCIO
Eis que no ano passado a Warner em parceria com a Legendary Pictures anunciou um longa live action intitulado Pokémon - Detetive Pikachu, que era baseado em um jogo de mesmo nome, lançado para o Nintendo DS em 2016. E a nerdaiada foi à loucura! Vários pensamentos se passavam em nossas cabeças, "será que vai prestar?". O trailer prometia, prometia muito, cheguei a assisti-lo em câmera lenta para tentar encontrar os vários Pokémon que apareciam na prévia do filme. .

POKÉMON SUPER REALISTAS
Mesmo empolgado com o trailer, fui assistir ao filme com a expectativa baixa, afinal manter a expectativa baixa é sempre bom para evitar decepções, mas estava bem curioso. E foi aí que Detetive Pikachu me surpreendeu. Em primeiro lugar, não tem como deixar de falar do design impecável dos Pokémon incrivelmente realistas que aparecem no filme, meus olhos brilhavam a cada monstrinho que aparecia na tela, seus traços, textura, pelos... logo no início começaram a me conquistar.

O Pikachu mais fofo que você vai ver hoje!

FIDELIDADE AO ORIGINAL
Detetive Pikachu consegue manter a essência que o anime prega a bastante tempo, os Pokémon não são animais de estimação, escravos ou ferramentas de batalha, eles são parceiros, amigos dos humanos e o filme passa muito bem essa ideia. As características dos Pokémon também foram mantidas, como as dores de cabeça do Psyduck, o Mr. Mime fazendo mímica, que aliás protagonizou uma das cenas mais engraçadas do filme.

Em Ryme City humanos e Pokémon vivem e trabalham juntos

EASTER EGGS... AH... OS EASTER EGGS
O que é uma adaptação sem suas referências não é mesmo? Além da fidelidade às características dos Pokémon, há diversas referências ao anime, os jogos,  ao card game  e até à teorias criadas pelo fandom de Pokémon. A mais legal delas com certeza é o Pikachu evoluindo uma Magikarp para Gyarados com uma pequena "ajuda", quem assistiu ao anime vai saber do que eu estou falando. A abertura original e outras referências também aparecem no filme mas se eu contar aqui não vai ter graça, não é?

Cenas como essa enchem os olhos de emoção

POKÉMON É COISA DE CRIANÇA... NÃO!
Os roteiristas conseguiram passar toda a ideia do que é o mundo Pokémon, conceitos de amizade e companheirismo sem fazer um filme "infantil" e bobo. Detetive Pikachu é um filme que foi feito para agradar desde os pokéfãs mais antigos até os mais novos, apresentando Pokémon da primeira até a última geração, tudo com um clima tão divertido que até os pais que foram levar os filhos para assistir estavam rindo. Ryan Reynolds nos entrega um Pikachu extremamente carismático, extremamente zueiro e viciado em café, uma das melhores versões do Pikachu que eu já vi.

É UM NOVO MUNDO DE AVENTURAS, O PERIGO É BEM MAIOR
Por fim, o filme peca somente no enredo que entrega uma conclusão de climax bem clichê, daquelas que se você prestar atenção já descobre o desfecho, antes dele acontecer. Porém, isso não tira a graça do filme, que não perde seu ritmo e prende do início ao fim. Nos resta saber se podemos esperar uma sequência e se ela manterá o nível, afinal, o mundo Pokémon é repleto de mistérios e material e histórias para explorar é o que não falta.

E você? Já foi assistir Detetive Pikachu nos cinemas? Se sim me conta o que achou do filme! 

Nota:  9/10 

03/06/2019

O Homem que caiu na Terra

Livro: O Homem que caiu na terra

O Homem que caiu na terra
Autor: Walter Tevis
Editora: Darkside
Páginas: 224

Você pode comprá-lo pela:
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Uma das grandes maravilhas proporcionadas pela "Ficção científica" é o poder de extrapolar as fronteira do "e se?" Mas não apenas quando se trata de grandezas tempo/espaço, ou espécies sapientes, ou tecnologia inimaginável, mas também quando se trata de aspectos socioculturais da humanidade como a conhecemos.

É dessa forma que começo a falar sobre minha leitura mais recente, O homem que caiu na Terra.
 
Escrito por Walter Tevis e impresso originalmente sob o título "The Man who fell to earth" em 1963,  The Man conta a história de Thomas Jerome Newton, o extraterrestre que veio do seu planeta de origem a Terra com o objetivo de salvar seus semelhantes. A partir do momento em que cai na terra T. J Newton põe em prática o plano para o qual foi treinado durante muito tempo antes de vir parar aqui. Embora tendo muito êxito na execução de seu plano, "Thommy", como passa a ser chamado no decorrer da história, sofre limitações físicas e psicológicas graves, o que o torna um sujeito recluso e excêntrico, como se ser um extraterrestre já não fosse o suficiente.

Como toda boa Ficção científica, O homem que caiu na terra traz uma boa dose de tecnologia, um pouco de viagem interplanetária e muita, mas muita reflexão sobre a condição humana. É interessante como as doenças da sociedade são expostas pela perspectiva de um ser que não pertence a ela, mas que se contamina, se embriaga desse sentimento.


-- O que não é preciso?
-- Ser de Marte para se sentir sozinho. Imagino que você já tenha se sentido sozinho muitas vezes, dr Bryce. Se sentido Alienado. Você veio de Marte?


O autor nos presenteia com uma leitura bastante fluída, contagiante e intrigante. O foco da narrativa muda em alguns capítulos, deixando de mostrar apenas a perspectiva do Newton e passando a mostrar a perspectiva de outros personagens que compõem a trama. No fim, o conjunto proporciona uma ótima experiência

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Filme The Man Who Fell to Earth - Protagonizado por David Bowie
O livro chegou a ser adaptado para o cinema, estrelando David Bowie como T. J Newton. Confesso que não assisti ainda o filme mas tenho interesse agora que conheço a obra. Pelo pouco que conheço do filme é perceptível que a caracterização do Bowie foi muito bem realizada. Muitos dos traços físicos descritos no livro podem ser percebidos no filme. Além disso, o filme pode ser considerado um marco para a modalidade filmes cult/indie na industria cinematográfica.

O Homem que caiu na Terra, Darkside. Foto Autoral.


Aqui no Brasil, esta obra foi publicada mais recentemente pela Editora Darkside. Editora que dispensa comentários quando se trata do trabalho editorial que realizam, quem ainda não conhece a editora (em que mundo você vive, amigo?) basta realizar uma busca rápida pela editora no Google pra perceber o quão bonito são com seus livros! A edição vem com o corte laranja, diagramação toda trabalhada com detalhes que remetem a arte utilizada na capa do livro e um marca página com a foto que remete ao protagonista do livro. Entretanto, consegui perceber alguns erros gramaticais que passaram despercebidos durante a revisão, que são encarados como normais e eu não concordo, mas fazer o quê?

Por fim, camaradas, esse livro me proporcionou uma ótima experiência literária e foi pontuado com 4,5 estrelas lá no Skoob.

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