30/08/2022

CRÍTICA | UM LUGAR BEM LONGE DAQUI


Se procuram um filme diferente do que estão acostumados assistir, Um Lugar Bem Longe Daqui com certeza vai te deixar com uma pulga atrás da orelha do início ao fim.

Dizem por aí que Um Lugar Bem Longe Daqui é um ótimo romance, pois eu não o considero um romance. Um Lugar Bem Longe Daqui é um filme sobre o comportamento humano. Mas como assim? segue a leitura que eu te explico.

O preconceito e o medo do desconhecido

Kya Clarke é uma garota que vive sozinha em um brejo. Quando criança Kya foi abandonada por seus pais e irmãos e teve que sobreviver sozinha no brejo em que morava com a família. Como se já não bastasse ter sido abandonada Kya foi totalmente rejeitada e isolada da sociedade, ao mesmo tempo em que era ridicularizada por ser analfabeta e por andar descalça e suja. Podemos dizer que a sociedade a privou de direitos que ela tinha simplesmente por ela ser "diferente". Aí entra preconceito, o preconceito nos impede de conhecer o outro, levando-nos até a inventar histórias para afastar quem ou o que é diferente de nossa comunidade, tribo ou quem julgamos que não se enquadra nos padrões sociais. Mas vamos continuar...

O início da trama

Assim como existe o comportamento de exclusão, existe o comportamento de acolhimento. Já adulta Kya se reencontra com Tate, um garoto que havia conhecido ainda criança quando seu pai ainda morava com ela. Tate se aproxima de Kya e a acolhe, a ensina a ler e escrever e os dois logo se apaixonam e começam a viver um romance. Tate deu a Kya pela primeira vez o direito de amar. Logo depois ela conhece Chase Andrews e os dois também começam a se relacionar, até que um dia, Chase é encontrado morto no brejo e Kya se torna a principal suspeita do crime.

Suspense do início ao fim

O filme inteiro se passa durante a prisão e julgamento de Kya, e toda sua história é contada de seu ponto de vista. Aqui o filme acerta em cheio, não deixa a peteca cair e consegue segurar o suspense até o final. Daisy Edgar-Jones atua excepcionalmente e passa de forma bem real os sentimentos de solidão, exclusão e medo, nos fazendo emocionar a cada acontecimento da vida de Kya. A fotografia reforça esses sentimentos com planos abertos que mostram a imensidão do brejo.

Um pouco longo, perguntas sem respostas

Já falei que o filme não deixa a peteca cair né, mesmo durante suas longas 2h 5m, porém nem todo este tempo é capaz de responder todas as nossas perguntas.

Um lugar bem longe daqui sustenta um mistério envolvente do início ao fim, além de trazer um olhar diferente sobre solidão, crescimento e amor. Com certeza ao final do filme você vai se pegar em um devaneio quanto às suas ações, quanto à sociedade e as regras impostas por ela. 

Assistam e se emocionem com a história de kya Clark!

NOTA 4.0/5.0

CRÍTICA | ERA UMA VEZ UM GÊNIO


George Miller, a mesma mente que no apresentou o mundo maluco de Mad Max, explora ainda mais sua criatividade em “Era uma vez um gênio”, uma fábula romântica, fantasiosa e aventureira sobre desejos que nos faz passear por 3 grandes momentos da humanidade a partir de uma boa história narrada por um gênio.

Em Era Uma Vez Um Gênio, enquanto participava de uma conferência em Istambul, a Dra. Alithea Binnie (Tilda Swinton) encontra um “Djinn" (Idris Elba), o que no ocidente, é comumente denominado como “Gênio". A criatura lhe oferece três desejos em troca de sua liberdade, e isso apresenta dois problemas: primeiro, ela duvida que ele seja real, e segundo, por ser uma estudiosa de histórias e mitologia, ela conhece todas as histórias de advertência sobre desejos que deram errado. O Djinn defende seu caso contando histórias fantásticas de seu passado e, eventualmente, ela é seduzida e faz um desejo que surpreende os dois, o que leva a consequências que nenhum dos dois esperava.


É tão fábula que é melhor contar como fábula
E é exatamente assim que iniciamos nossa jornada de 1 hora e 45 minutos por “Era uma vez um gênio”, a personagem principal, Alithea, nos convida a entender melhor sua história nos dizendo que é melhor contar essa história em formato de fábula do que em outros formatos, e logo de início fica claro que essa foi uma decisão incrível da Alithea, afinal, a fantasia que cerca o filme não poderia se sair bem em outro formato. 



Era uma vez um Gênio    
Não é muito comum vermos os gênios da mitologia árabe sendo retratados em filmes, e aqui, podemos dizer que finalmente temos uma boa apresentação desses seres de ar e fogo que podem assumir qualquer forma e que quando libertados acabam concedendo 3 desejos a quem os libertou. A obra original de George Miller nos coloca frente a frente com um Gênio que se vê obrigado a se abrir de corpo e alma para sua libertadora Alithea, e é nesse momento de contar sua história e o que ele passou pra chegar até onde chegou que o “Era Uma Vez” toma conta do filme nos fazendo gostar mais do passado do que do presente, mérito do roteiro que focou em detalhar a fabula do Gênio enquanto ele esperava Alithea escolher seus 3 desejos.      


Histórias bem contadas em uma fotografia diferenciada
As palavras “Era Uma Vez” quando juntas são sinônimos de criatividade e exuberância, e aqui não é diferente, quando o Gênio conta sua história para Alithea o filme nos leva a vivenciar tudo em flashbacks narrados pela voz marcante do Gênio e assume uma fotografia absurdamente bem feita, diferenciada e que da o tom imaginário perfeito para o que é uma história contada sob o ponto de vista de um ser mitológico. Separar o presente imperfeito, branco e que se passa em quarto de hotel do mundo extremamente colorido e fantasiado do flashback é outro grandes acerto da fotografia, a dualidade é perceptível e nós faz pensar que antigamente é que era bom, atualmente vivemos em um mundo menos colorido, menos fantasioso.


Mas porque escondemos nossos reais desejos?

Enquanto viajamos pelas histórias do Gênio, Alithea tem a grande missão de escolher os 3 desejos, mas aí as coisas se complicam e se tornam difíceis demais, afinal, ao ouvir as histórias de um Gênio que passou por 3 pessoas e que sempre teve problemas relacionados a desejo, luxúria ou poder, acabam deixando Alithea receosa em fazer qualquer pedido ao Gênio, nesse ponto o filme faz novamente uma alusão ao nosso mundo, onde as vezes temos que deixar de falar sobre nossos desejos com medo de algumas consequências.    




Uma tríade poderosa e bem conectada
A maior parte do filme se passa pela narrativa do Idris Elba e dos diálogos longos que ele tem com Tilda Swinton, e nesse ponto temos a química perfeita e peculiar dos protagonistas do filme, a todo momento no mundo presente os dois roubam a cena e se mostram conectados e rumando a um fim obvio, por outro lado, ao contar as histórias, temos o brilho da mente criativa de George Miller, formando assim uma tríade poderosa e bem conectada que são o coração do longa.


E aí, um romance

Até o último ato nada a reclamar, temos boas historias, uma fabula bem contada, atores bem alinhados, um visual diferente mas nem tudo são flores, o desfecho da história desfaz um pouco o lado místico criado ao longo do filme, fazendo com que no fim o filme assuma o gênero romance e que não explica muito bem os acontecimentos finais, e isso talvez não agrade a todos. 


Era uma vez um gênio é uma excelente fábula que mostra grandes histórias do passado recontadas em um ponto de vista novo, abordando ainda como os humanos deixaram de falar sobre os próprios desejos, tudo isso na perspectiva criativa de George Miller que dá ao filme um visual exuberante e chamativo.


Nota 4.0/5.0

24/08/2022

CRÍTICA | NÃO! NÃO OLHE!


Depois da incrível aceitação de “Corra” e “Nós” tudo que Jordan Peele assina já começa com um certo nível de expectativa, e em seu terceiro filme, Jordan Peele mostra que tem uma mente e tanto nos apresentando uma visão completamente autoral e diferente sobre extraterrestres.

Em Não! Não Olhe!, novo filme de terror do diretor Jordan Peele (Corra e Nós), uma cidade do interior da Califórnia começa a ter eventos bizarros e aparentemente extraterrestres. Os irmãos interpretados por Keke Palmer (‘True Jackson’) e Daniel Kaluuya (‘Corra’) possuem um rancho de cavalos e são vizinhos de um parque de diversões de uma série de televisão do personagem interpretado por Steven Yeun, inspirada no velho oeste. Os dois então são testemunhas de eventos bizarros e UFOs.




Ficção cientifica com pitadas de terror

Tentando algo novo e repleto de referências ao cinema antigo, “Não! Não olhe!” vive a linha tênue que separa uma ficção cientifica moderna e deslumbrante com pitadas de um terror agonizante. Pode parecer estranho mas Peele entrega essa mistura de uma forma completamente maluca e que funciona super bem. Logo nos primeiros minutos o filme te apresenta a um mistério que vai sendo revelado aos poucos na medida certa enquanto te assusta, te agoniza, te apresenta conceitos do extinto animal e explora a temática extraterrestre. 


Uma visão de outro mundo
Tá, mas como é possível misturar terror, mistério, extinto animal e extraterrestres em um só filme? Peele tem resposta, e é justamente essa a característica principal do terceiro longa do visionário diretor Jordan Peele que chega aqui evidenciando que tem uma mente e tanto e que seu cinema está longe de entrar naquele marasmo do clichê. Nada aqui é previsível, todas as voltas e reviravoltas do roteiro vão te deixar em choque pois é tudo completamente novo e inexplorado, com certeza o roteiro original será uma das indicações ao Oscar de 2023, e de forma super merecida, afinal a originalidade é tanta que não existem comparações, simplesmente assista e veja o novo.


A gula

Recentemente Peele deu uma entrevista em que disse que seus filmes são inspirados em pecados humanos, após assistir ao filme fica claro que o pecado que inspira esse filme é a GULA, não vou entrar em Spoiler pra não estragar a experiencia, mas assim que o filme chegar aos créditos você lembrara que os animais morrem facilmente pela boca. 





O som que faz a diferença
Um dos recursos que fazem com que os espectadores fiquem imersos na experiencia cinematografica é a mistura de imagem e som, e para manter seu suspense  “Não! Não olhe!” Usa e abusa do som, cada detalhe do audio é perceptível e devem ser notados ao ver o filme no cinema, por outro lado Peele resolveu grava o filme em sua maioria com câmeras de IMAX, então, se tiver possibilidade assista ao filme no IMAX, o deleite é certo e os 135 minutos de duração parecem ser no máximo 10, o filme começa, te prende e te faz até perder a noção do tempo.


A parceria implacável

Eis que temos novamente Daniel Kaluuya e Jordan Peele trabalhando juntos novamente, e confesso que esse “dueto” tem tudo para ser uma dessas parcerias duradouras, Kaluuya rouba a cena mais uma vez e protagoniza o filme com o mesmo tom de atuação apresentado em “Corra” ao seu lado Keke Palmer também se destaca sendo o alivio cômico necessário ao longa.


Jordan Peele sai da caixinha mais uma vez, evidenciando que seu jeito de pensar é realmente diferente. Sem críticas sociais misturadas ao terror que foi o diferencial na sua estreia como diretor, Peele entrega em "Não! Não olhe!" um filme super autoral e diferente que te prende, assusta e te deixa curioso do início ao fim.


NOTA 5.0/5.0

10/08/2022

CRÍTICA | A FERA


Depois de Dicaprio vs Urso, vem aí Idris Elba vs Leão! Em A Fera acompanhamos a jornada do Dr. Nate, um pai que viaja com suas filhas Mere e Norah até a Africa, terra natal de sua falecida ex-esposa. Lá, a família fica hospedada na casa do Tio Martin. Martin é um biólogo trabalha defendendo as reservas naturais de caçadores ilegais, e é aí que nossa história começa a se desenrolar.

Caçadores ilegais matam toda uma manada de leões, deixando vivo apenas seu líder, um enorme leão que consegue escapar do ataque dos caçadores. A partir daí o enorme e feroz leão de rebela para proteger seu território, atacando e matando tudo que é ser vivo que encontra em seu caminho. Durante um passeio pelas reservas naturais a família acaba entrando no território do leão e agora cabe a Nate a tarefa de manter suas filhas em segurança.

Drama Familiar
O drama familiar está presente durante todo o filme é bem trabalhado, mesmo em segundo plano. Nate esperava se reconectar com suas filhas, que andavam bem distantes depois da morte da mãe, enquanto o mesmo se culpa por não ter estado presente e não ter sido capaz de ajudar com a doença de sua ex-esposa mesmo sendo médico. Mere, interpretada por Iyana Halley representa a filha adolescente rebelde, que não consegue perdoar a ausência do pai, chegando muitas vezes a ser um pouco chata e a criar conflitos com o pai e a irmã Norah, interpretada por Leah Jeffries. O roteiro trabalha crescimento e amadurecimento da família através de diálogos e ações baseadas na confiança e na coragem para enfrentar o perigo que está à sua frente.

Clima tenso
Quando somos finalmente apresentados à Fera o clima do filme fica intenso, com o uso de vários planos sequência o diretor Baltasar Kormákur consegue aumentar a imersão e a tensão, o uso do plano sequência nos coloca na situação em que os personagens se encontram, me peguei várias vezes tentando localizar o grande leão em meio ao imenso e belo cenário de savana em que o filme é ambientado. O diretor não faz uso de jumpscares para causar o clima tenso, apenas o uso da trilha sonora e da fotografia que mostra a imensidão da reserva já são suficientes para o sentimento de solidão e presa fácil.

A fórmula que deu certo, só que mais simples
O roteiro faz uso de um estilo muito visto em filmes do gênero, já vimos cobras, aranhas, crocodilos e agora, leões. Porém, em a Fera, as motivações são simples, nada acidentes biológicos ou químicos, o roteiro coloca humanos para enfrentar a própria natureza selvagem e acaba por mostrar que as consequências das ações egoístas dos próprios seres humanos, são pagas por nós mesmos.

Mas já acabou?
O roteiro é enxuto e sem rodeios, o filme vai direto ao ponto e quando tem que finalizar, não cria os famosos clichês de hollywood e dá um desfecho simples, mas honesto. O filme tem um bom ritmo, não cansa mas no fim ficamos com aquela sensação de que passou muito rápido.

A Fera é um ótimo filme de sobrevivência para assistir despretensiosamente no final de semana, nas telonas do cinema a experiência é ainda mais imersiva.

Nota 4.5 / 5.0 

08/08/2022

CRÍTICA | GÊMEO MALIGNO


Sabe aquele filme que você não dá nada e que quando chega ao fim te surpreende positivamente? Gêmeo Maligno foi exatamente assim pra mim, com uma história chamativo e uma atmosfera aterrorizante o filme prende a atenção, assusta e ainda te deixa pensativo com o seu fim.  

Após um trágico acidente que matou seu filho, Rachel e Anthony decidem se mudar e se concentrar em seu filho gêmeo sobrevivente, Elliot. O que começa como um tempo de cura e isolamento no campo escandinavo se transforma em uma batalha desesperada pela alma de seu filho, quando uma entidade que afirma ser seu irmão gêmeo morto assume Elliot.


Um clima denso
Logo nos primeiros minutos de filme somos introduzidos de forma simples e rápida ao plot do filme, e o que começa claro, verde e vivído logo se transforma em um clima denso, pesado, escuro e aterrorizante. Por um lado, a fotografia do filme se destaca, ajudando a manter o clima de estranheza que ronda Rachel e sua família por outro temos toda uma cidade escandinava, cheia de pessoas com olhares tortos e vestimentas características de uma vila pacata e medonha. Tudo isso contribui para o clima perfeito de um filme de terror que graças a Deus não abusa de “jumpscare” e sim foca no seu plot estranho e curioso. 


Uma criança encapetada

Todo filme de terror que tem criança sai na frente, afinal, aproveitar da inocência de crianças para desbravar o mundo do terror é uma das taras do gênero, já vimos isso varias vezes, como em “O Sexto Sentido” ou em “Mama”, e por aqui Elliot, é a criança da vez e se destaca por passar o medo e o peso que a história exige, o ponto ruim é que o personagem não é tão desenvolvido para não entregar o plot, mas sempre que está em tela chama atenção e nos faz pensar o que diabos realmente está acontecendo no filme.





Um mundo de sonhos
Além de crianças, outra coisa que o terror adora explorar é o mundo do sonhos, e em o Gêmeo Maldito temos um jogo do roteiro que brinca durante quase todo o tempo com o mundo dos sonhos, nos deixando terrivelmente perdidos e sem saber se o que estamos vendo é real ou um sonho da protagonista Rachel, se por um lado algumas pessoas podem não gostar desse estilo de narrativa, por aqui isso ajuda no desenvolver da história e faz com que o espectador fique ainda mais curioso com o plot e com a tentativa de entender o que está acontecendo.


Algumas coisas não fazem sentido

Como nem tudo são flores, enquanto o filme te deixa curioso, instaura um bom plot e te aterroriza, temos no roteiro alguns elementos que estão lá somente por estar, como por exemplo alguns cultistas que aparecem na vila escandinava e que aparecem em vários momentos do filme mas que no film… não serviam para nada, dando a entender que alguns elementos são só para consumir tempo.


O Plot twist
Ao longo do filme, vamos montando a historia na cabeça e tentando desvendar o que está acontecendo, e o filme nos induz varias vezes a um desfecho que não é o real, deixando para o film um plot twist muito bom, que te deixa de boca aberta e sem reação. Além do plot twist o filme tem um final aberto a interpretações que vai te deixar pensando mais um pouco, mesmo depois dos créditos.


Gêmeo Maligno chega aos cinemas dia 11 de agosto trazendo um clima denso, um terror que não foca nos sustos mas sim em uma história bem contada e surpreendente. 


Nota 4.0 / 5.0 

07/08/2022

CRÍTICA | O LENDÁRIO CÃO GUERREIRO

 


Em um Japão feudal habitado por gatos e com um protagonista cachorro que precisa não só salvar o “mundo”mas também aprender a conviver com diferenças entre cães e gatos, o filme O Lendário Cão Guerreiro chega aos cinemas de forma despretenciosa, trazendo leveza em uma boa e divertida animação.   
O perverso vilão felino Ika Chu (Ricky Gervais) e seu capanga Ohga (George Takei) se preparam para pôr um plano terrível em prática que pode acabar com a cidade de Kakamucho. A tarefa de combater esse perigo é tomada por Hank (Michael Cera), um cachorro que sonha em ser um grande samurai. Ele acaba convencendo Jimbo (Samuel L. Jackson), um gato que outrora fora um grande guerreiro, a se tornar seu mentor, o que faz com que comece uma incrível amizade entre os dois.


Carisma de cachorro em um mundo de gatos
Hank, o protagonista do filme tem consigo uma tarefa um tanto quanto complicada, se tornar um samurai e salvar a cidade de kakamucho dos planos de Ika Chu, e para que isso aconteça Hank utiliza de dois grandes artificios, o carisma e a resiliência. Por mais que ele precise de um treinamento intensivo para se tornar um samurai, Hank tem um carisma invejável, que o ajuda durante todo o filme, sendo um dos pontos mais legais do personagem que quando aparece em tela chama a atenção e faz com que o espectador tenha uma vontade estantânea de adotar um cachorrinho como Hank. Como a jornada de Hank é difícil, ele erra bastante e vai aprendendo a se tornar um samurai aos poucos com a ajuda de Jimbo, mas o mais importante na jornada de Hank é que por mais que ele erre, ele assume seus erros e segue com seu objetivo, sendo um exemplo pet de resiliência. 


Uma aulinha de inclusão para crianças e adultos
Além da necessidade de se tornar um samurai, Hank ainda precisa lidar com um outro problema, conviver com gatos sendo um cachorro. Nesse ponto o filme usa uma metáfora com a vida real, mérito do roteiro bem trabalhado que faz alusões a situações cotidianas de minorias lutando para sobreviver igualmente a maiorias. Hank sofre com discriminação, ameaças, intimidações e tudo mais. Porém a resiliência de Hank em tornar normal um cachorro viver em um mundo de gatos e mostrar que “tá tudo bem”, e que ele pode ser o que quiser, fala mais alto e abrilhantam ainda mais a sua jornada.
 



Uma animação e tanto

Em tela, acompanhar a história do Lendário cão guerreiro é uma tarefa simples, divertida e bonita. A animação é bem feita e saltam aos olhos, tudo é muito colorido, os gatinhos são fofos e é impossível desgrudar o olho do filme. Ajudando o estilo bonito e colorido, o filme é extremamente divertido, cheio de piadas e referências a outros filmes, é difícil ficar 5 minutos sem dar uma boa risada acompanhando Hank ou os gatos de kakamucho. Finalizando e dando a liga, temo uma história com linguajar simples, que não exige muito de quem o assiste. 


A dublagem que a gente ama
No original, a animação é dublada por atores como Michael Cera e Samuel L. Jackson, mas cá entre nós, animações foram feitas para ser assistidas em português, e mais uma vez a dublagem brasileira manda super bem. Por aqui temos vozes de atores como Ary Fontoura, Deborah Secco e Paulo Vieira se encaixando como uma luva para os personagens, tornando ainda fácil e adaptado a realidade brasileira a comunicação do filme. 


O Lendário Cão Guerreiro é um filme leve, engraçado e divertido, que traz na sua essência grandes ensinamentos sobre inclusão, servindo de exemplo não só para crianças mas também para adultos.


Nota 4.5 / 5.0

04/08/2022

Crítica | Trem-Bala

 


Brad Pitt, Brian Tyree Henry, Aaron Johnson e mais um monte de gente foda, bem vestida e quebrando tudo dentro de um trem-bala no japão, não tinha como dar errado, mas confesso que não esperava a loucura que ia ser.

Em Trem-Bala, Ladybug (Brad Pitt) é um assassino azarado, determinado a fazer seu trabalho pacificamente depois de muitas missões saírem dos trilhos. Quase desistindo de sua carreira, ele é recrutado por Maria Beetle (Sandra Bullock) para coletar uma maleta em um trem-bala indo de Tóquio para Morioka. O destino, no entanto, pode ter outros planos, pois a última missão de Ladybug o coloca em rota de colisão com adversários letais de todo o mundo - todos com objetivos conectados, mas conflitantes. A bordo estão os companheiros assassinos Kimura, Prince, Tangerine e Lemon.  No trem mais rápido do mundo - um dos trens-bala Shinkansen, no Japão - Ladybug fica sob ameaça com uma bomba que explodirá automaticamente se o trem diminuir a velocidade abaixo de 80 quilômetros por hora, a menos que um resgate seja pago. E ele precisa descobrir como sair.

David Leitch de duble a diretor de Brad Pitt
Depois de uma longa carreira como duble, e de ter participado de filmes como Matrix e Clube Da Luta onde foi duble do Brad Pitt, David Leitch resolveu fazer uma mudança na sua carreira e investir na direção, em seu currículo curto, filmes como Atômica e Deadpool2 chamam a atenção, mas dessa vez era hora de dar uma passo a mais e tentar algo ambicioso e obviamente sem perder a sua assinatura. Eis que chagamos no filme Trem Bala, que adapta o livro homônimo para os cinemas de uma forma surtada e mostra que David Leitch veio pra fazer a diferença.


Um mundo cheio de luzes e esteticamente incrível
Não estamos aqui para perder tempo, David Leitch (diretor) e Jonathan Sela (diretor de fotografia) deixam isso bem claro nos primeiros minutos de filme, onde somos apresentados a uma visual arrebatador de uma Tokyo cheia de luzes neon que saltam aos olhos, e não para por aí, se a Tokyo iluminada já chama atenção, o impacto visual dentro do trem-bala em que se passa 90% do filme é o mesmo, cada vagão tem uma brilho diferente e um visual que chama atenção pelas luzes fortes. O bale das câmeras ajudam ainda mais a estética do thriller de ação, embora não tenhamos um plano sequência por aqui, a ousadia dos movimentos de câmera te deixam pensando: "como eles fizeram isso?".

Um figurino absurdo e invejável
Abraçando a fotografia neon, temos persongens extremamente bem vestidos e caracterizados, cada um dos personagens apresentados possui caracteristicas proprias inspiradas em sua regionalidade e transfigurada para suas vestes. É impressionante como conseguimos identificar a regionalidade diversa dentro do trem através das roupas que os personagens usam, mais um ponto super positivo para o filme que não falha nos termos técnicos e que funde perfeitamente Fotografia, figurino e som.

Um roteiro acurado que não entrega tudo de mãos beijada
Se em termos visuais tudo chama atenção, o roteiro bem acurado ajuda ainda mais o filme a se destacar, tudo tem um propósito, cada personagem e ou objeto tem uma história contada de forma concisa e as pontas vão se ligando aos poucos, até o ultimo minuto do filme ainda revelações que dão embasamento ao plot principal. Tudo isso é feito sem pressa, ao longo dos 120 minutos vamos do presente para o passado várias vezes, grafismos na tela vão nos guiando na linha do tempo e existe uma certa quebra de ritmo que não incomoda, mas que esta ali para dar um respiro e contar algo necessário para o desenvolvimento da história.



Além de Brad Pitt
Os trailers já mostravam que o Brad Pitt estava mandando bem, mas ao ver o filme tudo fez mais sentido ainda, o cara está incrível, passa confiança, te faz rir, chora e desce a porrada sem dó, mas não para por ai, todo o elenco se entregou de corpo e alma a esse projeto, como destaques Joey King que da vida a uma Prince que consegue tudo o que quer com sua fala doce, Brian Tyree Henry e Aaron Johnson que dão vida aos "Gêmeos" limão e tangerina com uma química tão boa que parecem realmente gêmeos. Vale destacar que ao longo do filme alguns atores famosos fazem uma pontinha, não vou citar quem pra não estragar a surpresa.

Um "trem" diferente uai
Tão surtado e louco quanto "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo", dada as devidas proporções, Trem-Bala eleva o nível de surto ao absurdo, é sangrento em algumas partes, faz homenagem a cultura japonesa, mexicana e até britânica e tem elementos inspirados em filmes dos Irmãos Coen e Tarantino, não duvidaria nada se os nomes deles aparecesse nos créditos.

Trem-Bala supera todas as expectativas, é surtado, é visualmente incrível, é ação, é comedia e ainda tem Brad Pitt. Filme do ano sim ou com certeza?

Nota 5.0/5.0

Crítica Pocket | Trem-Bala

 


O novo filme de Brad Pitt "Trem-Bala" é a melhor escolha para o fim de semana! Dirigido por David Leitch, o longa chega aos cinemas do Brasil, com a proposta de um filme de ação simples, mas que surpreende na construção da história e dos personagens. 


Na trama o agente especial de codinome "Ladybug" (Brad Pitt) precisa se infiltrar em um dos famosos trens-bala japoneses e roubar uma maleta, mas essa simples missão desencadeia uma sequência de eventos surpreendentes e alucinantes.


Com um elenco de peso, o longa consegue surpreender, guardando cada personagem para ser apresentado no momento certo. Sem perder seu ritmo em nenhum momento, o filme capricha na ação, com cenas frenéticas, empolgantes e sangrentas. 


Além disso o humor tem presença forte, cenas divertidas e piadas na hora certa, garantem boas risadas ao público. A estética do filme também chama atenção, no melhor estilo de David Leitch, os personagens são carismáticos e os cenários e efeitos são reluzentes e chamativos deixando o longa ainda mais divertido e eletrizante.


"Trem-bala" entrega ação, humor e muito mais e vale a pena ser visto nas telonas. 


Nota: 4,8/5,0

CRÍTICA | X: A MARCA DA MORTE


Ultimamente se a produção do filme vem da A24, já se cria toda uma expectativa de que vem algo legal ou algo fora da caixa, mas infelizmente, só trazer o nome A24 não vai resolver, E X: A MARCA DA MORTE vem pra evidenciar isso.

Em X: A Marca da Morte, novo filme de terror slasher do diretor Ti West, acompanha um grupo de cineastas pornográficos em sua gravação de um novo longa. Em 1979, Maxine, uma atriz pornô, Wayne seu namorado e produtor e mais um grupo de atores e pessoas vão para o Texas em uma fazenda, propriedade de Howard e Pearl, um casal idoso, para gravar o novo filme pornográfico The Farmer's Daughters. Quando o grupo chega na propriedade, são recebidos pelo casal - que apresenta estranhas características. Howard é temperamental com o grupo, sempre falando sobre sua espingarda, enquanto Pearl começa a perseguir Maxine silenciosamente. Com as gravações iniciando sem o conhecimento do proprietário do local, Pearl começa a agir estranhamente e pessoas passam a desaparecer. Howard acaba descobrindo o real motivo do filme e o elenco passa a ter que começar a lutar por suas vidas. No entanto, o idoso casal tem mais a esconder do que apenas não querer que sua pequena fazenda seja um cenário de filme adulto.


Filmes de terror ultimamente andam saindo da caixinha, afinal o gênero anda meio estagnado e caindo no clichê, e ao assistir ao trailer de X A Marca Da Morte a sensação que ficou era que esse seria um desses filmes diferentões que saem da caixinha… mas leve engano, infelizmente o filme fica marcado por sair mais um daqueles em que o trailer é melhor que o filme.


Por falar em não sair da caixinha, a maioria dos filmes filmes de terror seguem a fórmula de pessoas fazendo burrices evitáveis, como por exemplo, eu duvido que você, sozinho entraria em uma casa abandonada que por si só já é medonha o suficiente, e aqui mais uma vez temos os personagens tomando esse tipo de decisão… algo que faz com que o filme caia no clichê repetido a anos nos filmes de terror.



Outro ponto que marcam os filmes de terror são os famosos “Jumpscare” e confesso que esse clichê acaba me irritando um pouco, ao menos nesse quesito o filme ganha uns pontinhos, o artifício é usado somente uma ou duas vezes, e não chega a ser um susto daqueles que quase te infarta, e ao invés de apostar nesse artificial o filme aposta em causar agonia em cenas de mutilação corporal que são bem nojentas e atingem o objetivo de passar um real medo.


Todo bom filme de terror por mais clichê que seja, acaba se destacando pelo seu vilão, como exemplo podemos citar o Pennywise de IT, o Jason de sexta feira 13 e um bom exemplo recente é o "Mascarado" do filme o telefone preto, e aqui como vilão temos um casal de idosos que são mal desenvolvidos, com uma maquiagem bem mal feita e que não passam nenhum tipo de medo, e que acabam sendo esquecidos assim que o filme termina. 


Se os vilões não são marcantes, o terror é fraco e o filme não inova, será que ao menos a história é intrigante? éé não…. O roteiro de X A Marca Da Morte não entretem, não traz um enredo que te prende e ainda gasta tempo demais introduzindo sua história morna, ao longo de quase 50 minutos vemos em tela mais o desenvolvimento do filme pornô que os personagens estão gravando do que o desenvolver do plot principal. 


X: A Marca da Morte chega para ser só mais um filme de terror fraco em que o trailer é melhor do que o filme.


Nota 2.0/5.0

02/08/2022

CRÍTICA | O PALESTRANTE




No passado, sempre fui aquele que detestava o cinema nacional, não importava o gênero do filme eu estava lá falando que não assistia e coisas do tipo. O tempo foi passando, a idade foi chegando e filmes como Tropa de Elite, Estômago, Turma da Mônica Laços e vários outros começaram a mudar meu pensamento. Mas se tinha um gênero que eu ainda era meio avesso era o de comédia, afinal, tudo que eu tinha visto me remetia á uma esquete estendida de zorra total ou a praça é nossa. Eis que…. ou fiquei velho mesmo ou realmente isso mudou. 

Em O Palestrante, Guilherme (Fábio Porchat), um contador sem perspectivas que acaba de ser demitido e abandonado pela noiva, viaja para o Rio de Janeiro com o objetivo de resolver pendências da empresa que o demitiu. Sem encontrar um rumo na vida, ele é confundido com um famoso palestrante motivacional. Em um impulso de quem não tem nada a perder, assume o lugar do tal Marcelo, sem saber que se trata de um palestrante motivacional contratado para animar os funcionários da empresa de Denise (Dani Calabresa). Guilherme tem que colocar todos pra cima, mas talvez ele também precise desse novo Marcelo para mudar de vida, e ao tomar seu lugar, ele vai tentar achar uma razão própria para viver.


Aquela comédia Pastelão com uma pontinha de drama
Assumindo sem medo a comédia pastelão, O Palestrante ganha o público logo nos primeiros minutos de filme, e sem dúvidas, o principal motivo disso é o roteiro engraçado e realista escrito por Fábio Porchat e Cláudia Jouvin. Mas aí você me pergunta: como pode um filme pode ser engraçado e realista ao mesmo tempo? E eu te respondo: Misturando situações cotidianas com um humor escrachado e naturalmente verdadeiro, ao longo de todo o filme o público se identifica com alguma situação e obviamente cai na gargalhada ao perceber essa proximidade da “Ficção” com a realidade.




A Comédia que não passa dos limites

Se tem uma coisa que degradou o gênero de comédia é justamente a falta de limites, seja repetindo piadas ruins excessivamente ou até causando desconforto por piadas pesadas sobre sexo, sexualidade, gênero e coisas desse tipo, alguns filmes de comédia acabam presos nesse ciclo horrível. Em o palestrante isso não acontece nem um minuto, o que acaba deixando o filme extremamente divertido, sem ser chato ou sem extrapolar os limites da boa comédia. 


A mudança de vida que todo mundo queria
Guilherme, protagonista interpretado por Fábio Porchat tem em seu arco principal uma mudança de vida e tanto, e por mais que a comédia prevaleça, o filme acaba assumindo o papel de nos fazer pensar se realmente estamos fazendo o que queríamos na nossa vida. Nós fazendo pensar seriamente em dar uma de Guilherme por um dia pra ver o que acontece. Afinal, seguindo a máxima que há males que vêm para o bem, o filme deixa claro que as vezes “Meter o Louco” pode dar um resultado positivo.


A química perfeita
Além do bom roteiro, o filme se destaca pelo seu elenco, acompanhando Porchat temos nomes clássicos da comédia nacional tais como Dani Calabresa, Antônio Tabet, Letícia Lima e Miá Mello. Em tela todo o elenco tem uma química perfeita, e é fácil perceber que eles se divertiram bastante gravando o filme, vale ficar assistindo aos creditos onde vemos algumas cenas da produção que evidenciam ainda mais essa diversas, é como se todos estivesse na “Disney”.


Vai rir, você precisa.

O Palestrante chega aos cinema no dia 04 de agosto cheio de boa intenções, misturando a comédia com a realidade cotidiana e mostrando que o cinema nacional mudou mesmo, e mudou para melhor.


Nota 4.5/5.0