28/09/2023

Crítica | Jogos Mortais X


A aguardada conclusão da saga de Jigsaw, intitulada "Jogos Mortais X", chega para brindar os fãs com um último mergulho nos horrores insanos e engenhosos que tornaram a franquia tão icônica. Com uma premissa intrigante e uma plot twist surpreendente, o filme chega aos cinema entregando uma experiência madura de um terror visceral que honra os fãs da franquia.

A trama se desenrola em torno do adoecido John Kramer, que busca uma cura milagrosa para seu câncer terminal em solo mexicano. No entanto, ao chegar ao destino, somos confrontados com um ambiente macabro, onde a promessa de salvação se transforma em uma cruel farsa. É somente após os primeiros minutos que a verdadeira essência da franquia se manifesta, quando Jigsaw, com sua astúcia, vira o jogo contra os vigaristas, lançando armadilhas diabolicamente bem elaboradas e evidenciando ainda mais o seu titulo cruel de Jigsaw.

O grande trunfo de "Jogos Mortais X" é o plot twist magistralmente orquestrado. Sem dar spoilers, é seguro dizer que a reviravolta é impactante e surpreendente, trazendo uma nova dimensão à narrativa e fazendo jus ao legado do vilão icônico.



Apesar de uma introdução um tanto morosa, uma vez que a engrenagem se põe em movimento, o filme não concede trégua. As cenas de tortura são intensas, e aqueles com estômagos mais sensíveis podem se ver desafiados a assistir sem virar o olhar. Este é, sem dúvida, o filme mais repulsivo da franquia, e os fãs de longa data serão recompensados com a dose característica de terror que esperam.

O roteiro de "Jogos Mortais X" é muito bem construído, explorando a vulnerabilidade de John Kramer e a intensidade de sua determinação enquanto enfrenta a mortalidade iminente. As reviravoltas são meticulosamente tramadas, mantendo o público na ponta da cadeira e subvertendo expectativas de maneiras inesperadas. Algumas pontas soltas sugerem a possibilidade de um retorno futuro. Esta escolha intrigante acrescenta uma camada de mistério à narrativa e certamente será tema de debates entre os fãs após o fim do filme.

A direção de fotografia se destaca mais uma vez ao criar uma atmosfera imersiva e opressiva, intensificando a experiência do espectador. As escolhas de iluminação e composição contribuem para a construção de um ambiente macabro e angustiante, amplificando a sensação de desespero que permeia a trama. A cinematografia habilmente utiliza tons sombrios e contrastes acentuados para enfatizar os momentos de suspense e agonia, enquanto os enquadramentos dinâmicos e ângulos inquietantes acentuam a natureza sinistra dos jogos mortais.

"Jogos Mortais X" honra a franquia ao entregar seu filme mais maduro e medonho. Aqueles que procuram uma experiência de terror visceral, repleta de reviravoltas emocionantes e armadilhas engenhosas, não ficarão decepcionados. Esta conclusão sanguinária da saga de Jigsaw é um tributo a um dos vilões mais memoráveis do cinema de terror e garantirá seu lugar na galeria dos grandes clássicos do gênero.

Nota: 4.5/5.0


27/09/2023

CRÍTICA | RUIM PRA CACHORRO


Imagine um besteirol com muitos palavrões e linguagem obscena... Agora troque os personagens principais por cachorros e a trama para dilemas que somente nossos amigos quadrupedes vivem e voilà... Você tem Ruim Pra Cachorro, uma comédia canina que mergulha no mundo do besteirol, oferecendo um humor ousado e peculiar que pode agradar ou chocar, dependendo do público e expectativas.

A trama segue Reggie, um Border Terrier ingênuo que é abandonado por seu dono, logo ele se junta a Bug, um Boston Terrier desbocado e a outros amigos. A premissa é absurda e exagerada, e o filme abraça isso completamente, tornando-se uma experiência cômica sem limites. Os diálogos são recheados de palavrões e humor de conotação sexual, e muitas das piadas giram em torno dos comportamentos e peculiaridades dos cães.

O elenco de dublagem merece destaque, com vozes talentosas como Wendel Bezerra, Fábio Rabin, Bruna Louise e Thiago Ventura, que trazem vida aos personagens de forma cativante e divertida. A química entre eles é evidente, e a dublagem se torna um dos, se não o maior, ponto forte do filme.

No entanto, Ruim Pra Cachorro é definitivamente um filme para um público específico. Se você está em busca de uma comédia descompromissada, repleta de humor vulgar e sem medo de explorar piadas de cunho sexual mais absurdas, Ruim Pra Cachorro pode te proporcionar boas risadas. É um filme para assistir com amigos que compartilham do mesmo senso de humor de quinta série.


Por outro lado, se você procura uma produção mais sofisticada, com uma narrativa complexa e repleta de referências, Ruim Pra Cachorro não é para você. Ruim Pra Cachorro não é um filme family friendly, a não ser que sua família seja muito aberta para este tipo de conteúdo, do contrário não irá funcionar e a vergonha vai estragar qualquer experiência positiva que você poderia ter ao assistir.

Mesmo com  a linguagem pesada e as piadas o filme aborda as relações tóxicas entre humanos e seus animais de estimação, retratando a crueldade e a falta de compreensão que alguns animais podem enfrentar. Isso adiciona um toque de emoção ao meio de todo o humor desenfreado, e, em certos momentos dá vontade de chegar em casa e dar um forte abraço no seu doguinho.

Em última análise, Ruim Pra Cachorro é um filme que entrega exatamente o que promete: uma comédia canina ultrajante, cheia de palavrões e humor obsceno. Se você está disposto a embarcar nessa jornada pode encontrar nele uma boa dose de risadas e entretenimento. No entanto, se você não faz parte do público-alvo desse tipo de humor, Ruim Pra Cachorro definitivamente não é pra você.

26/09/2023

CRÍTICA | RESISTÊNCIA


"Resistência" é, sem dúvida, um marco na ficção científica cinematográfica de 2023. Com a direção habilidosa de Gareth Edwards e um elenco diversificado liderado por John David Washington e Gemma Chan, o filme oferece uma narrativa envolvente que mergulha profundamente em questões complexas, como inteligência artificial, guerra e a busca pela identidade em um mundo em constante evolução.

A trama se passa em um futuro distante, no ano de 2065, onde a humanidade enfrenta a ameaça iminente de uma guerra devastadora entre seres humanos e inteligências artificiais. O filme estabelece um cenário intrigante, com a coexistência de humanos e humanoids controlados por IA no Oriente, enquanto o Ocidente proíbe estritamente o uso dessas IA's após um trágico acidente. Essa divisão global é o pano de fundo para uma história que mergulha nas consequências da tecnologia e da guerra.

Um aspecto notável de "Resistência" é sua capacidade de criar um mundo convincente e visualmente impressionante. Os efeitos especiais são excepcionais, tornando os humanoids quase indistinguíveis dos seres humanos, exceto por um detalhe crucial. A atenção aos detalhes na criação desse mundo futuro e a construção de cenários espetaculares enriquecem a experiência cinematográfica.

A narrativa do filme é dividida em atos, cada um explorando uma temática diferente. Essa abordagem narrativa cria um senso de progressão e complexidade na história, à medida que o público é levado a diferentes aspectos da sociedade e da guerra. A questão da identidade é central para o filme, já que os personagens principais se veem confrontados com escolhas morais difíceis e dilemas éticos ao longo de sua jornada.


O filme também toca em questões profundas sobre o medo do desconhecido e a resistência à mudança. Ao apresentar o conflito sob a perspectiva tanto do Ocidente quanto do Oriente, ele oferece uma visão equilibrada de como diferentes sociedades podem reagir a avanços tecnológicos e ameaças percebidas. Isso adiciona complexidade à narrativa e faz com que os espectadores questionem suas próprias crenças e preconceitos.

No entanto, "Resistência" não está isento de falhas. Alguns diálogos em línguas estrangeiras sem tradução podem prejudicar a compreensão da audiência e afetar a experiência. Além disso, embora o filme seja excepcional em criar um mundo rico e visualmente impressionante, alguns podem argumentar que a história poderia ter explorado ainda mais as motivações e complexidades dos personagens secundários.

Em última análise, "Resistência" é um filme que merece ser visto e discutido. Sua narrativa envolvente, efeitos visuais impressionantes e exploração de questões profundas tornam-no uma adição significativa ao gênero da ficção científica. Além disso, a diversidade do elenco é um reflexo bem-vindo da evolução em curso na indústria cinematográfica. Resistência é uma experiência cinematográfica envolvente que não apenas entretém, mas também provoca reflexão sobre o futuro da humanidade e nossa relação com a tecnologia.

16/09/2023

CRÍTICA | SOM DA LIBERDADE


Finalmente... "Som da Liberdade" chega aos cinemas brasileiros, com uma poderosa narrativa baseada em eventos reais, que segue a trajetória corajosa de Tim Ballard, um ex-agente do governo americano em uma missão de resgate de crianças vítimas do tráfico sexual na Colômbia. Interpretado por Jim Caviezel, Ballard é apresentado como um homem determinado, disposto a arriscar tudo para salvar vidas inocentes.

Jim Caviezel é, sem dúvida, um dos pontos mais destacados do filme. Sua atuação densa e emotiva evoca uma profundidade de emoção que é essencial para transmitir a gravidade do tema abordado. Caviezel consegue não apenas personificar Tim Ballard, mas também capturar a angústia e a determinação do personagem de uma forma autêntica.

Habilmente bem elaborada a trama, mantem o espectador envolvido do início ao fim. O suspense construído ao longo do filme é palpável, e a revelação de novos elementos da história mantém o interesse e a tensão em alta. A decisão de incluir algumas situações de resgate acrescenta uma camada adicional de complexidade à narrativa, levando Tim Ballard a uma missão ainda mais arriscada e desafiadora.


A sensibilidade com que o filme aborda o tema do comércio sexual infantil é notável. Em vez de recorrer a explocação gráfica ou sensacionalismo, "Som da Liberdade" opta por uma abordagem mais cuidadosa e reflexiva. O filme não apenas denuncia a terrível realidade, mas também procura dar voz às vítimas e destacar a importância crucial do trabalho de resgate.

No entanto, é importante notar que a trama pode demorar um pouco para se desenrolar, o que pode resultar em um início mais lento. No entanto, essa introdução gradual é compensada pela construção gradual da tensão e do suspense, que culminam em um clímax emocionante e arrebatador.

"Som da Liberdade" é um filme que não apenas cumpre suas promessas, mas vai além, mergulhando profundamente no tema do comércio sexual infantil de uma maneira surpreendentemente sensível. É um retrato visceral de uma realidade terrível que muitos optam por ignorar, e é um apelo à ação e à conscientização. Uma experiência que deixa uma marca duradoura e provoca reflexões importantes sobre a necessidade de combater o tráfico humano.

14/09/2023

CRÍTICA | A NOITE DAS BRUXAS


A adaptação cinematográfica do livro "A Noite das Bruxas" de Agatha Christie, sob a direção magistral de Kenneth Branagh, é uma obra que transcende as expectativas, proporcionando uma experiência cinematográfica envolvente e assustadora. Branagh, no papel icônico de Hercule Poirot, demonstra mais uma vez sua maestria ao trazer à vida esse renomado detetive em um cenário tão intrigante quanto Veneza.

A trama nos apresenta um mistério inquietante que tem como ponto de partida uma festa de Halloween na casa de Rowena Drake, em Woodleigh Common. O clima sombrio e misterioso permeia cada cena, adicionando camadas de suspense e tensão crescente. O encontro com Ariadne Oliver, interpretada de maneira cativante por Tina Fey, é um momento crucial que impulsiona Poirot de volta ao mundo dos mistérios, e a química entre os dois atores é palpável.


Michelle Yeoh, no papel de Joyce Reynolds, se destaca de forma excepcional. Sua performance é arrepiante e entrega a complexidade necessária para uma personagem que está no centro de todo o enigma. A interação entre Yeoh e Branagh é uma aula de atuação, mantendo o espectador preso à trama.

A ambientação visual do filme é um espetáculo à parte. A direção de arte de John Paul Kelly nos transporta de Veneza para o interior do palácio, criando uma atmosfera sombria e opressiva que enriquece a narrativa. Cada detalhe, desde os corredores ocultos até o porão à moda de masmorra, é explorado com maestria, revelando pistas e segredos de forma magistral.

A cinematografia de Haris Zambarloukos é outro ponto alto do filme. O uso da luz e sombras, combinado com ângulos de câmera envolventes, contribui para criar uma atmosfera sinistra e perturbadora. A tensão é mantida ao longo de toda a projeção, mantendo o espectador na ponta da cadeira, sem desviar o olhar da tela.


O roteiro, fiel à obra de Agatha Christie, é habilmente conduzido. Cada personagem é meticulosamente desenvolvido, com suas próprias motivações e segredos. As interações e diálogos intensos são intercalados com revelações surpreendentes, mantendo o interesse do espectador do início ao fim.

O desfecho do filme é uma verdadeira montanha-russa emocional, com reviravoltas inesperadas que desafiam até os espectadores mais astutos. Branagh, além de seu trabalho impressionante como diretor, entrega uma performance notável como Poirot, capturando a essência do personagem de forma brilhante.

"A Noite das Bruxas" cativa os fãs de mistério e suspense, oferecendo uma experiência que transcende o gênero. É um filme que merece ser visto nos cinemas, uma verdadeira celebração do talento de Agatha Christie e do brilhantismo de sua adaptação para as telonas. Agende o dia 14 de setembro, pois esta é uma jornada que não pode ser perdida.

13/09/2023

CRÍTICA | SEM AR


"Sem Ar" mergulha fundo na tensão e na angústia de uma situação extrema, proporcionando uma experiência cinematográfica intensa e angustiante. Dirigido por Maximilian Erlenwein, o filme acompanha um dia na vida de duas irmãs mergulhadoras que enfrentam um acidente a 9 metros de profundidade no oceano. O enredo se desdobra em uma narrativa de sobrevivência, onde uma das irmãs se vê presa em uma rocha, lutando contra a falta de oxigênio e as baixas temperaturas, enquanto a outra faz de tudo para salvá-la.

A força do filme reside na simplicidade de sua premissa. Com apenas duas atrizes em cena e a imensidão do oceano como pano de fundo, "Sem Ar" consegue prender a atenção do espectador do início ao fim. A direção de Erlenwein é habilidosa ao criar uma sensação palpável de claustrofobia, principalmente nas cenas submersas, onde a falta de espaço e a iminência do perigo são intensamente transmitidas.


Apesar de seguir alguns clichês comuns a thrillers de sobrevivência, o filme não falha em proporcionar momentos de grande suspense e emoção. A dinâmica entre as duas protagonistas é convincente, e a atuação das atrizes é notável ao transmitir a agonia e a determinação de suas personagens. A trilha sonora complementa eficazmente a atmosfera tensa, contribuindo para a imersão do espectador na angústia da situação.

A cinematografia de "Sem Ar" é um dos destaques do filme. As cenas subaquáticas são impressionantemente capturadas, com uma atenção meticulosa aos detalhes e uma utilização eficaz da iluminação para transmitir a sensação de confinamento e desespero. A edição também merece elogios, pois mantém um ritmo tenso e envolvente, mantendo o espectador à beira do assento durante toda a projeção.


Embora o enredo não apresente inovações significativas no gênero, "Sem Ar" compensa com uma execução sólida e uma imersão excepcional. A experiência claustrofóbica e a sensação de urgência são amplamente transmitidas, proporcionando um mergulho emocionante no mundo perigoso e desafiador das profundezas do oceano.

"Sem Ar" é um filme que vale a pena ser visto, especialmente para os amantes de thrillers de sobrevivência e aqueles que gostam de uma narrativa visceral e envolvente. Com uma direção habilidosa, atuações cativantes e uma atmosfera angustiante, o filme entrega uma experiência impactante que fica na mente do espectador muito tempo após os créditos finais.

07/09/2023

Crítica | A Freira 2


A franquia Invocação do Mal já consolidou seu lugar de destaque no gênero de terror, e seu mais recente lançamento, "A Freira 2", não só mantém a tradição de sustos, como também supera as expectativas, entregando uma experiência verdadeiramente assustadora e imersiva. Dirigido por Micheal Chaves, o filme é uma sequência direta do original de 2018, ampliando o universo macabro em que os espectadores já se perderam uma vez antes.

A trama se passa na França de 1956, onde somos apresentados a uma jovem freira interpretada brilhantemente por Storm Reid, que assume o papel de uma noviça destinada a enfrentar as trevas que mais uma vez ameaçam a paz e a sanidade. Taissa Farmiga, reprisando seu papel como Irmã Irene, traz uma intensidade palpável para a tela, e seu retorno é uma adição bem-vinda à história.

Desde o início, "A Freira 2" nos mergulha em um mundo sombrio e sinistro. O diretor Chaves continua a explorar o estilo gótico e enigmático que caracterizou o primeiro filme, criando uma atmosfera de opressão e inquietação que nunca nos deixa confortáveis. A fotografia e os visuais sombrios contribuem para a sensação constante de suspense, preparando o terreno para o horror que está por vir.

O elenco, em geral, entrega atuações sólidas que nos mantêm investidos emocionalmente na história. Storm Reid brilha como a jovem freira, enquanto Taissa Farmiga eleva seu personagem a novos patamares de profundidade e coragem. Jonas Bloquet, Anna Popplewell e Katelyn Rose Downey também merecem destaque por seus desempenhos convincentes.


O que torna "A Freira 2" verdadeiramente excepcional é a maneira como ele abraça o horror puro e intenso. Enquanto o primeiro filme, por vezes, foi criticado por seu ritmo mais lento e uma história mais complexa, esta sequência se concentra na entrega de sustos e na criação de um clima de pesadelo. A freira demoníaca, Valak, é uma presença assustadora e arrepiante sempre que aparece na tela, mesmo que suas aparições sejam poucas, ela é um elemento essencial para a imersão no terror.

A tradição religiosa ainda está presente na narrativa, mas é misturada com uma série de sustos e uma história envolvente que mantém os espectadores grudados na cadeira do cinema. O final é satisfatório e fecha os pontos soltos de forma eficaz, enquanto a cena pós-créditos adiciona um toque final que deixa os fãs da franquia ansiosos por mais.

A Freira 2 é digno de todo o hype que está gerando e supera as expectativas. É um filme que entrega o que os fãs do terror esperam: sustos, tensão e uma jornada envolvente no mundo do sobrenatural. Para aqueles que desejam uma experiência autêntica de arrepiar os cabelos, este filme é uma escolha certa. Prepare-se para ser levado a um pesadelo assustador que, definitivamente, vale a pena ser vivido no cinema.