20/12/2023

CRÍTICA | PATOS!


"Patos!", a mais recente animação do estúdio Universal Pictures, entrega uma narrativa encantadora que se destaca por sua divertida abordagem da vida da família Mallard, uma família de patos. Com o pedigree do mesmo estúdio responsável por sucessos como Minions, Meu Malvado Favorito, Sing e Pets, era de se esperar que "Patos!" também se destacasse, e certamente não decepciona.

A história segue a vida rotineira e monótona da família Mallard em um belíissimo laguinho, até a chegada de um grupo de patos imigrantes em uma pausa de sua migração para a Jamaica. A chegada do grupo acende o sonho da família de se aventurar conhecer o mundo, menos do pai, Mack, que quer manter a família a salvo dos perigos mundanos no monótono laguinho. Após convencer Mack a se aventurar e migrar para a Jamaica, a família embarca em uma longa aventura, desencadeando uma jornada emocionante e cheia de reviravoltas.

A beleza da animação é um ponto alto do filme. Assim como outras produções do estúdio, "Patos!" apresenta visuais deslumbrantes, com paisagens vibrantes e personagens expressivos, com destaque para os filhos, o adolescente Dax e a patinha Gwen. A atenção aos detalhes na animação é evidente, criando um mundo colorido e imersivo que cativa tanto crianças quanto adultos.


"Patos!" também se destaca pela trilha sonora e pela dublagem talentosa. A trilha sonora, meticulosamente escolhida para complementar as cenas e a atmosfera do filme, adiciona uma camada adicional de emoção e diversão à experiência cinematográfica. Tem uma cena de dança que é simplesmente encantadora.

A dublagem é peça crucial para o sucesso de qualquer animação, e em "Patos!" é impecável. Os dubladores dão vida aos personagens de maneira vibrante e autêntica, tornando fácil para o público se conectar emocionalmente com as aventuras e desafios enfrentados pela família Mallard. A química entre os dubladores transmite a essência dos personagens, proporcionando momentos engraçados e tocantes que contribuem significativamente para a qualidade do filme. Entre as vozes brasileiras temos Sérgio Stern como Mack, Priscila Amorim como Pam, Sam Vileti como Dax e Melinda Saide como Gwen. Integram ainda o time de dubladores as vozes de Danni Suzuki como Lelé, Henrique Fogaça como Chef, Cláudia Raia com Erin e Ary Fontoura como Tio Dan.

"Patos!" é um verdadeiro deleite para todas as idades. A combinação de uma narrativa envolvente, animação deslumbrante e trilha sonora cativante cria um ambiente nos mantém entretidos do início ao fim. As situações vivenciadas pela família Mallard proporcionam risadas e momentos de ternura, tornando "Patos!" uma experiência cinematográfica verdadeiramente divertida.


A lição "Patos!" é uma mensagem atemporal e inspiradora. A história destaca a importância de sair da zona de conforto, enfrentar desafios e se arriscar para descobrir o que o mundo tem a oferecer. A jornada da família Mallard é um lembrete de que a vida se torna verdadeiramente significativa quando nos permitimos explorar novas possibilidades e abraçar o desconhecido.

Em resumo, "Patos!" é uma adição notável ao catálogo de animações da Universal Pictures. Com sua história envolvente, animação belíssima e lição valiosa, o filme é uma escolha acertada para um público de todas as idades, proporcionando entretenimento e reflexão de maneira igualmente encantadora.

CRÍTICA | PRISCILLA


A grande parceria entre Priscilla Presley e Sofia Coppola é uma fusão peculiar da cultura pop: Priscilla, cruzou o caminho do ícone pop Elvis Presley aos 14 anos e mais tarde fixou residência com Elvis em Graceland. "Priscilla" não decepciona: o filme inicia com o característico estilo de Coppola, mostrando pés descalços deslizando sobre um tapete felpudo rosa. Ao som de uma linda melodia, testemunhamos os elementos essenciais do icônico visual de Priscilla se manifestando: o delineador em forma de asa de morcego, os cílios postiços, o Aqua Net. Se há algo em que podemos confiar em Coppola, é na habilidade de capturar a estética da América da metade do século, em sua forma mais extravagante e ultramoderna.

Contudo, após essa cativante sequência inicial, "Priscilla" mergulha em sua narrativa biográfica, onde os altos e baixos da vida de Priscilla com o Rei são recontados de maneira episódica e mecânica. A história se inicia em 1959, com Priscilla, (interpretada por Cailee Spaeny), como uma estudante do ensino médio vivendo com os pais em uma base da Força Aérea dos EUA na Alemanha. Um encontro casual a leva a uma festa na casa de Elvis em Bad Nauheim, onde ele estava vivendo durante o serviço militar. O encontro resulta no início do relacionamento, com Elvis (Jacob Elordi) se encantando pela adolescente tímida e bonita.



O enredo seguinte segue o roteiro de "Elvis and Me", do qual o filme "Priscilla" foi adaptado. Após a partida de Elvis da Alemanha, Priscilla fica na incerteza sobre o futuro, mas eventualmente é convidada a se juntar a ele em Memphis, com o relutante consentimento de seus pais. A mudança permanente leva Priscilla a completar seus estudos em uma escola secundária católica local, enquanto Elvis, bem mais velho, vive uma vida agitada. A peculiaridade da situação é amenizada pela avó de Elvis, Dodger (Lynne Griffin), e pela comitiva conhecida como a Máfia de Memphis, que protege Priscilla com uma vigilância discreta.

Apesar da singularidade da vida de Priscilla, Coppola adota uma abordagem não julgadora, observando sua bela e impassível protagonista enquanto ela atravessa diferentes fases. No entanto, os cenários não conseguem gerar o hype necessário para elevar "Priscilla" além de uma estética superficial.

Spaeny incorpora notavelmente a semelhança com sua personagem, transformando-se de uma típica adolescente americana em uma figura da moda de cabelos escuros e volumosos. Elordi realiza um trabalho admirável, afastando-se da representação marcante de Austin Butler em "Elvis", oferecendo uma interpretação sutilmente convincente de um carismático jovem do sul. No entanto, Coppola parece limitar seus atores a atingir objetivos em um cenário que se torna monótono e previsível, seja no namoro, casamento ou na inescapável decadência matrimonial após alguns anos.

Por mais meticulosa que seja a recriação de Coppola do visual dourado e da atmosfera surreal de Graceland, bem como da vida de Elvis em Los Angeles e Las Vegas, "Priscilla" carece do esteticismo elevado de sua cinebiografia.


As primeiras cenas na Alemanha são tão pouco iluminadas que parecem ter sido filmadas dentro de um aquário coberto de algas. No entanto, o maior obstáculo do filme é a personagem central, que permanece como uma folha em branco, recessiva ao ponto de ser inerte e recatada a ponto de ser totalmente desinteressante. A intenção de Coppola era provavelmente retratar a vida interna de Priscilla, mas o filme falha em oferecer um vislumbre desse aspecto. Em vez disso, Priscilla parece atordoada e vazia na maior parte do tempo, com diálogos limitados a saudações modestas. A atração dela por Elvis, sugerida como mais estudiosa do que apaixonada, passa despercebida. As cenas do relacionamento deles são apresentadas em montagens tímidas, sem aprofundamento na dinâmica emocional.

Mesmo que a realidade dos eventos seja respeitada, "Priscilla" joga pelo seguro, deixando os espectadores perplexos e ligeiramente entediados. Quando Priscilla finalmente se liberta do controle de Elvis e de sua relação abusiva, enfrentando seus problemas crescentes de drogas e traição, Coppola deseja que torçamos por uma mulher que está se recuperando. No entanto, continuamos sem conhecer totalmente essa mulher ou compreender o impulso que a conduziu até esse ponto, pois simplesmente a história se encerra.

Nota: 2.5/5.0

CRÍTICA | AQUAMAN 2: O REINO PERDIDO


Finalmente, "Aquaman 2: O Reino Perdido" chegou aos cinemas do Brasil, marcando a mais recente incursão da DC nas telonas. No entanto, a grande questão persiste: Aquaman 2 é uma sequência à altura?

O enredo de Aquaman 2 se desenrola alguns anos após os eventos do primeiro filme, apresentando um Aquaman agora pai, dedicando-se à vida cotidiana enquanto cuida de seu filho na superfície. Enquanto isso, o vilão Arraia Negra retorna, determinado a vingar a morte de seu pai, planejando a destruição do Aquaman e tudo que ele ama. A trama se desenrola quando Arraia Negra descobre um tridente que abriga uma antiga ameaça, utilizando-o para colocar seu plano em prática. Para enfrentá-lo, Aquaman se vê obrigado a libertar seu irmão da prisão para que este o ajude a derrotar o vilão.

"Aquaman 2" brilha com cenários deslumbrantes, apresentando uma Atlântida belíssima, enquanto os efeitos especiais, potencializados pela tecnologia IMAX, proporcionam uma experiência visual impressionante. Sob a direção de James Wan, a amplitude dos mares e a diversidade das locações, incluindo o retorno do deserto como parte integrante do filme, são habilmente exploradas.

O filme também se destaca por suas emocionantes cenas de ação, com lutas coreografadas de forma envolvente. Jason Momoa brilha ao incorporar o papel de Aquaman, demonstrando conforto e maestria em suas cenas de combate. Patrick Wilson, reprisando seu papel como Orm, o irmão de Aquaman, também entrega uma atuação notável, estabelecendo uma química convincente em suas interações em cena.


Como antecipado, "Aquaman 2" oferece uma combinação de ação e comédia, repleta de humor presente nos diálogos. Curiosamente, as piadas relacionadas ao universo da cultura pop se destacam, enquanto outras parecem perder seu impacto. O roteiro, embora simples e previsível, opta por uma abordagem convencional caindo no clichê do gênero de super heróis.

Entretanto, é no vilão, Arraia Negra, que o filme tropeça. Suas motivações parecem pouco convincentes, sacrificando tudo em busca de vingança. Além disso, a introdução de um ser superior cria expectativas que, quando finalmente se concretizam, resultam em uma conclusão abrupta, deixando o espectador com a sensação de uma batalha final subdesenvolvida.

No aspecto do roteiro, "Aquaman 2" aborda questões relevantes, destacando especialmente o aquecimento global e a responsabilidade humana na preservação do planeta. Esta abordagem, na minha opinião, é uma jogada inteligente, agregando profundidade à narrativa.

"Aquaman 2: O Reino Perdido" não é melhor que o primeiro filme, mas, oferece um fechamento competente para o Universo Estendido da DC, embora opte por uma história simples em vez de inovações. Sua beleza visual, especialmente em formato IMAX, contribui para uma boa experiência do herói nos cinema.

13/12/2023

Crítica | Wish: o Poder dos Desejos


"Wish", a mais recente investida da Disney na animação, mergulha os espectadores em uma história encantadora e cheia de magia, explorando a conexão entre os desejos humanos e o poder das estrelas. A protagonista, Asha, uma jovem otimista e inteligente, lidera a narrativa com determinação e carisma, tornando-se uma figura moderna e cativante na linha das princesas contemporâneas da Disney.

Visualmente, "Wish" é um espetáculo deslumbrante que combina habilmente CGI e desenhos à mão, criando uma experiência que se assemelha a um filme 3D sem a necessidade de óculos especiais. A cidade utópica de Rosas, situada em uma ilha no Mediterrâneo, é retratada de maneira vibrante e colorida, refletindo a harmonia e a felicidade que o Rei Magnífico busca manter entre seus habitantes.


A trama se desenrola em torno de um conceito intrigante: a entrega do desejo mais profundo de cada residente ao completar 18 anos. Esses desejos são armazenados em uma cúpula que abriga uma variedade de sonhos, criando uma tensão crescente à medida que o Rei decide quais desejos serão realizados. Este cenário inovador oferece uma oportunidade única para explorar questões morais e sociais, embora o filme, em certa medida, opte por uma abordagem mais superficial nesse aspecto.

A música desempenha um papel fundamental em "Wish", com uma trilha sonora que promete agradar a todas as idades. As canções, envolventes e bem executadas, contribuem para a atmosfera mágica do filme, criando momentos memoráveis que certamente ecoarão nas mentes das famílias que assistem.

A história toma um rumo intrigante quando Asha decide desafiar as normas estabelecidas e roubar um desejo para realizar o anseio não atendido de seu avô. Este ato desencadeia uma série de eventos que revelam a natureza do Rei Magnífico, que, à medida que se torna mais poderoso, sucumbe à tentação do poder e da destruição. Essa transformação do Rei é reminiscente de vilões clássicos da Disney, embora a execução possa parecer apressada em alguns momentos.


No entanto, o filme atinge um ponto alto ao meio da trama, quando faz referências intencionais a clássicos da Disney, proporcionando um deleite nostálgico para o público mais maduro. A inclusão de piadas internas e diálogos que tocam em questões adultas adiciona uma camada extra de profundidade ao filme, tornando-o atraente para uma ampla faixa etária.

Um dos pontos de crítica é a simplicidade da bússola moral do filme, que não explora completamente as implicações éticas de conceder desejos. Em comparação com filmes anteriores, como "Bruce, o Todo-Poderoso", "Wish" opta por uma abordagem mais direta, perdendo a oportunidade de explorar questões mais complexas.

Apesar de suas falhas, "Wish" é uma jornada encantadora e envolvente que certamente conquistará o público infantil, enquanto oferece um toque de nostalgia e reflexão para os espectadores mais experientes. A combinação de uma história cativante, visuais deslumbrantes e uma trilha sonora envolvente faz de "Wish" uma adição valiosa ao legado da Disney, proporcionando uma experiência mágica para todas as idades.

CRÍTICA | Minha Irmã e Eu


"Minha Irmã e Eu" é uma comédia brasileira que mergulha na dinâmica única entre duas irmãs, Mirian e Mirelly, interpretadas respectivamente por Ingrid Guimarães e Tatá Werneck. Dirigido por Susana Garcia, conhecida por seu trabalho em "Minha Mãe é uma Peça 3", o filme traz uma proposta de humor leve e familiar, explorando as complexidades das relações familiares.

A trama se desenrola a partir do desaparecimento misterioso de Dona Márcia (Arlete Salles), mãe das protagonistas, após uma discussão entre as irmãs. O roteiro, assinado por Ingrid Guimarães, Verônica Debom, Célio Porto e Leandro Muniz, utiliza esse evento como ponto de partida para uma jornada repleta de reviravoltas e situações cômicas.

Ingrid Guimarães encarna Mirian, uma mulher que optou por uma vida tranquila no interior, dedicada à família e ao lar. Em contrapartida, Tatá Werneck dá vida a Mirelly, uma jovem que aparenta levar uma vida glamorosa nas redes sociais ao lado de celebridades, mas que, na verdade, enfrenta desafios e perrengues na vida real. A dinâmica entre as duas atrizes é o ponto central do filme, explorando os altos e baixos dessa relação, proporcionando momentos tanto hilários quanto emocionantes.


O filme não se limita apenas ao humor das protagonistas. Participações especiais, como as de Chitãozinho e Xororó, adicionam um toque especial à narrativa. A inclusão de músicos e atores conhecidos, como Lázaro Ramos e Iza, interpretando a si mesmos, contribui para a atmosfera descontraída do filme.

A direção de Susana Garcia mantém um ritmo ágil, conduzindo a audiência por uma aventura pelas estradas do interior de Goiás. A escolha de cenários e a cinematografia capturam a beleza e a simplicidade do interior, criando uma atmosfera autêntica para a história.

A comédia é pontuada por momentos de reflexão sobre a importância da família e das relações interpessoais. A jornada das irmãs em busca da mãe desaparecida serve como catalisador para o desenvolvimento de seus personagens, explorando temas como perdão, compreensão e união familiar.

"Minha Irmã e Eu" não se propõe a ser uma comédia inovadora, mas cumpre com eficácia sua missão de entreter o público com risadas e situações inusitadas. A química entre Ingrid Guimarães e Tatá Werneck é evidente, proporcionando momentos de diversão genuína. Com uma abordagem leve e familiar, o filme é uma opção agradável para quem busca uma comédia descontraída com toques de emoção.

06/12/2023

crítica | UMA CARTA PARA O PAPAI NOEL

 


"Uma Carta para Papai Noel" é uma emocionante jornada que combina a magia do Natal com uma mensagem poderosa sobre empatia, amizade e a importância de adotar crianças mais velhas no Brasil. Sob a direção habilidosa de Gustavo Spolidoro, o filme nacional cativa o público de todas as idades, oferecendo uma experiência encantadora e repleta de significado.

A trama se desenrola com a recepção de uma carta comovente de Jonas, um adorável órfão de oito anos, que nunca experimentou o prazer de receber presentes de Natal. O roteiro, assinado pelo diretor e Gibran Dipp, traz uma abordagem sensível ao explorar as expectativas de Jonas sobre a vida do Papai Noel além das festividades natalinas. A partir desse ponto, somos guiados por uma aventura envolvente enquanto Papai Noel, interpretado de maneira carismática por José Rubens Chachá, decide desvendar o mistério dos presentes ausentes.

A narrativa não apenas entrega um conto mágico, mas também aborda questões sociais relevantes. Através da amizade entre Papai Noel e as crianças do abrigo, o filme destaca a triste realidade das dificuldades enfrentadas por crianças mais velhas em busca de adoção no Brasil. A abordagem sensível e honesta dessa temática adiciona camadas profundas à história, proporcionando uma reflexão significativa para o público.

O elenco infantil, liderado por Caetano Rostro Gomes como Jonas, entrega performances cativantes e autênticas, reforçando a empatia do público pelos personagens. A preparação das crianças, sob a direção de Adriano Basegio, é evidente, contribuindo para a autenticidade das relações e emoções retratadas.

A produção visual do filme é notável, com cenas filmadas em diversas localidades no Rio Grande do Sul, proporcionando uma atmosfera alegre e autêntica. O diretor de fotografia Bruno Polidoro e o diretor de arte Tiago Retamal desempenham papéis cruciais na criação de um universo visualmente atraente, onde os efeitos especiais contribuem para a magia da narrativa.


A trilha sonora original, composta por Arthur de Farias e Fernanda Takai, é um complemento encantador, acentuando as emoções do filme de maneira harmoniosa. A inclusão da música "Sobre o Tempo" da banda Pato Fu, interpretada por Fernanda Takai, adiciona um toque nostálgico e emocionalmente ressonante à trilha sonora.

O apoio financeiro da Agência Nacional do Cinema (ANCINE) e do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) é evidente na produção de alta qualidade, destacando o compromisso em trazer narrativas brasileiras impactantes para o cinema.

Um diferencial notável do filme são as várias cenas pós-créditos, que não apenas surpreendem o espectador, mas também reforçam a conexão entre o elenco e o público. A iniciativa de incentivar selfies com o elenco é uma forma encantadora de envolver o público, criando uma experiência interativa única.

Além da magia do Natal, "Uma Carta para Papai Noel" deixa uma marca duradoura ao abordar a realidade das crianças mais velhas em busca de adoção no Brasil. A mensagem sobre a importância do apadrinhamento e a dificuldade que essas crianças enfrentam durante as festividades natalinas ressoa profundamente, tornando o filme não apenas uma celebração do espírito natalino, mas também uma chamada à ação para a sociedade.

"Uma Carta para Papai Noel" é uma produção brasileira que chama atenção combinando magia, aventura e reflexão social de maneira equilibrada o filme é uma experiência cativante para toda a família. O filme não apenas aquece os corações durante a temporada de festas, mas também deixa uma mensagem duradoura de compaixão e solidariedade.

Nota: 4.0/5.0

CRÍTICA | WONKA


"Wonka" chega aos cinemas no dia 07 de dezembro como uma explosão de cores, música e magia, oferecendo uma visão encantadora das origens do icônico Willy Wonka. Inspirado no clássico livro "A Fantástica Fábrica de Chocolate" de Roald Dahl, o filme nos leva a uma jornada repleta de humor, emoção e, é claro, muita diversão.

Desde o primeiro momento, o filme consegue cativar o público com a promessa de uma experiência cinematográfica única. A característica marcante dos filmes do universo de A Fantástica Fábrica de Chocolate se mostra presente, recheando a narrativa com músicas envolventes que se tornam irresistíveis, mesmo para os que não gostam tanto assim de musicais. As canções compostas e coreografadas, ficam na mente de quem assiste ao filme de um jeito bem surpreendente, proporcionando ao filme uma trilha sonora deliciosamente memorável que dita o tom engraçado do filme.


A estética do filme é sem dúvidas um dos pontos altos aqui, apresentando um mundo doce e lúdico, repleto de magia e visualmente chamativo. A abordagem menos carregada em comparação com os filmes anteriores, não diminui sua marcante presença na tela. A doçura e a excentricidade do universo de Wonka são retratadas de maneira cativante, criando um ambiente que prende a atenção e estimula a imaginação.

O roteiro, focado na origem de Wonka, é um deleite para os fãs e com certeza vai capturar novos espectadores. Os momentos emocionais são explorados com sensibilidade, envolvendo o público na jornada desde a origem humilde do personagem até a realização de seu sonho de criar a maior fábrica de chocolates do mundo. A expansão da história revela detalhes fascinantes, proporcionando uma conexão mais profunda com o protagonista.

Além dos momentos tocantes, o roteiro é cheio de piadas bem construídas, oferecendo uma experiência equilibrada entre comédia e emoção. Durante as duas horas de projeção, o público é levado a risadas frequentes, graças à sagacidade do texto e à execução brilhante do elenco.


Timothée Chalamet brilha no papel de Willy Wonka, exibindo carisma e talento na mesma proporção. Sua interpretação encantadora e envolvente, especialmente nos momentos musicais, consolida sua posição como uma presença promissora no mundo do entretenimento. O elenco de apoio, incluindo a nova versão do Oompa Loompa interpretado por Hugh Grant, também merece destaque, contribuindo para o charme e a diversão do filme.

"Wonka" é divertido, leve e esteticamente atraente, deixa no fim um gostinho doce de "quero mais", proporcionando uma jornada emocionante através do universo encantador de Willy Wonka. Uma combinação perfeita de magia, música, caos, afeição e humor que certamente encantará públicos de todas as idades, é o tipo de filme que vale assistir varias vezes no cinema.

Nota: 5.0/5.0

29/11/2023

Crítica | Digimon Adventure 02: O Início


Eu nem consigo descrever a felicidade que estou com a chegada de Digimon Adventure 02: O Início nos cinemas do Brasil. Sabe quando você sente que está realizando um sonho de criança? Pois bem esse momento chegou! Quinta feira 30 de novembro os monstrinhos digitais vão invadir as telonas do cinema e, se você é um digifã, é quase que obrigatório ir ao cinema assistir ao filme. Fazendo isso mostramos para as produtoras que há público para filmes de anime no cinema e vai fazer com que tragam cada vez mais animes pras telonas.

Dito isso vamos lá, Digimon Adventure 02: O Início é continuação direta de Digimon Adventure: Last Evolution Kizuna, que foi lançado em 2020 e infelizmente não veio para o Brasil de forma oficial. Apesar de ser uma continuação Adventure 02 não cita nenhum dos eventos que ocorreram em Kizuna, o que por um lado me deixou um pouco desapontado mas por outro lado faz com que Kizuna não seja necessariamente obrigatório para quem vai aos cinemas assistir a 02.

Em Digimon Adventure 02: O Início acompanhamos as aventuras do segundo grupo de digiescolhidos liderados por Davis Motomiya. Eles se deparam com Lui, aquele que foi o primeiro digiescolhido do mundo, o primeiro a ganhar um parceiro digimon, e a história gira em torno da relação dessa criança e seu digimon chamado Ocomon. Davis e seus amigos então se propõem a ajudar Lui, a reconectar-se com seu parceiro. 

Digimon Adventure 02: O Início tem uma carga emocional muito grande, e acaba te pegando bem mais pelo dado emocional com a história de Lui e Ocomon do que com batalhas épicas entre digimons, o que inclusive senti um pouco de falta, uma grande luta com direito a mais digievolucões do que é de fato nos apresentado durante o filme.

Durante o filme Davis e Ken tem muito mais destaque que TK, Kari, Yolei e Cody, o entrosamento entre eles é muito legal mas de fato veremos menos do resto do grupo em comparação com os protagonistas, deixando os outros digiescolhidos e seus Digimon um pouco “apagados”. Mas no final o saldo é positivo e te deixa ansioso e com um gostinho de quero mais das histórias desses grupos de digiescolhidos e seus Digimon que são tão queridos. 

A animação está impecável, se em Adventrure Tri eu achava as poses dos Digimon durante suas evoluções estranhas, aqui nós temos o puro creme da animação japonesa, aliada a maravilhosa trilha sonora que Digimon possui é um prato cheio para os fãs que vão ao cinema assistir ao filme. Quando a trilha sonora da digievolução começou a tocar eu me arrepiei todo e de repente o Marcos dos anos 2000 voltou por uns instantes e ele estava muito, mas muito feliz. 

Por fim vamos falar da dublagem, que está magnífica, uma grande parte dos dubladores originais voltam a dublar seus personagens. E aqui percebemos algo muito bacana, os dubladores conseguiram dar uma entonação mais madura para seus personagens então fica aquela sensação gostosa que transita entre o familiar e o novo. 

Digimon Adventure 02: O Início é um balde de emoção e nostalgia para os digifãs brasileiros. Vale a pena ser visto no cinema, principalmente pra mostrar que filmes de anime tem público no Brasil. Quem vai ver no cinema comenta: “Eu vou!”

Nota: 4.0/5.0

CRÍTICA | AS AVENTURAS DE POLIANA


"As Aventuras de Poliana", chega aos cinemas brasileiros como uma continuação da telenovela de grande sucesso exibida pelo SBT entre 2018 e 2020. Adaptada do best-seller "Pollyana" de Eleanor Porter, a trama mantém o espírito otimista e gentil da personagem principal, Poliana, uma jovem que busca sempre encontrar algo positivo nas diversas situações da vida.

A narrativa do filme se desloca para uma nova ambientação em um resort de luxo em uma ilha paradisíaca, onde Poliana (interpretada por Sophia Valverde) trabalha durante as férias. A trama se desenvolve com o objetivo de convencer seu pai sobre sua responsabilidade, visando obter permissão para estudar no exterior após ser rejeitada em uma universidade renomada na área de turismo.


A decisão de manter personagens populares e apresentar um enredo mais maduro mostra um esforço em evoluir a história para acompanhar o crescimento do elenco, que passou de crianças a adolescentes desde o início da novela. No entanto, o filme mantém uma conexão sólida com seu público infantil ao abordar temas estratégicos, como preservação do meio ambiente, impacto ambiental e evolução nos relacionamentos amorosos dos protagonistas.

A trama se desenrola com Poliana e seus amigos enfrentando desafios e imprevistos durante o estágio de férias, proporcionando uma jornada divertida, embora repleta de obstáculos. A escolha de abordar questões relevantes com leveza é acertada, mantendo a atmosfera positiva que caracteriza a personagem principal.

No entanto, o filme não deixa de tocar em questões mais sérias, como a escolha que Poliana precisa fazer entre ajudar seus amigos a salvar uma comunidade ribeirinha impactada pelo meio ambiente ou se aliar à gestora do resort, uma personagem que revela não ser uma boa pessoa.


A crítica do "Jogo do Contente" em algumas cenas adiciona camadas à narrativa, destacando a importância de fazer escolhas racionais para impactar positivamente aqueles que enfrentam dificuldades, mesmo que isso signifique abrir mão do otimismo exacerbado.

Contudo, a única parte que deixa a desejar é o final, que parece não explorar adequadamente o sonho almejado pela protagonista desde o início. A audiência fica sem a realização completa do arco de crescimento da personagem.

"As Aventuras de Poliana" cumpre satisfatoriamente seu papel de agradar ao público-alvo. A história bem construída, aliada às performances consistentes do elenco, proporciona uma experiência cinematográfica envolvente. Apesar de algumas falhas na conclusão da trama, o filme entrega uma continuação que evolui em sintonia com o amadurecimento dos personagens e mantém o caráter cativante que conquistou o público na versão televisiva.

Nota: 3.0/5.0

CRÍTICA | TÁ ESCRITO


"Tá Escrito" é uma comédia romântica envolvente que mistura elementos de astrologia e influenciadores digitais para criar uma narrativa cativante e divertida. Estrelado por Larissa Manoela, André Luiz Frambach, Karine Teles e Victor Lamoglia, o filme traz à tona uma trama única e original que explora o poder de influenciar a vida dos outros por meio de previsões astrológicas.

A história começa com Alice, uma estudante de publicidade apaixonada por astrologia, recebendo um caderno misterioso que concede a ela o poder de tornar realidade as previsões astrológicas ali escritas. Movida por seus desejos egoístas, Alice utiliza esse poder para moldar o mundo ao seu redor de acordo com suas vontades, resultando em uma série de situações hilariantes e complicadas.

Larissa Manoela entrega uma atuação carismática e eficaz como Alice, conectando-se de forma convincente com o público, especialmente o mais jovem. Seu desempenho hilário e vibrante dá vida ao personagem, tornando-a uma protagonista cativante. O elenco de apoio, incluindo André Luiz Frambach, Karine Teles e Victor Lamoglia, complementa bem a dinâmica do filme, proporcionando momentos de comédia e romance que contribuem para o charme da narrativa.

O filme explora os clichês associados a cada signo do zodíaco, usando essas características distintivas para moldar os personagens e criar momentos engraçados e emocionantes ao longo da trama. Essa abordagem adiciona uma camada divertida à história, permitindo ao público reconhecer e se identificar com as peculiaridades de cada signo.

Além da comédia leve, "Tá Escrito" também aborda questões contemporâneas, como a obsessão das gerações mais jovens por redes sociais e influenciadores digitais. A reflexão sobre a busca por sucesso virtual em detrimento da realidade, bem como a solidão subjacente ao mundo brilhante das redes sociais, acrescenta profundidade à trama.

A direção do filme, sob a responsa de Matheus Souza, é eficaz ao criar uma atmosfera visualmente atraente e contemporânea. Os cenários, diálogos e figurinos refletem a estética das redes sociais, com uma dose de influência K-Pop para atrair o público jovem. A escolha acertada desses elementos contribui para a imersão na história e para a conexão com a audiência.

A trilha sonora também desempenha um papel importante, complementando a atmosfera do filme e intensificando os momentos emocionais e cômicos. A integração de elementos visuais e sonoros resulta em uma experiência cinematográfica coesa e agradável.

Ao abordar temas mais profundos sobre a construção da imagem pessoal, o filme oferece uma reflexão sobre as consequências de buscar a aprovação nas redes sociais. Essa mensagem, embora embalada em uma comédia romântica, adiciona uma camada de relevância e torna "Tá Escrito" mais do que apenas uma história divertida.

A possibilidade de uma continuação é sugerida no final do filme, e se depender da recepção do público, "Tá Escrito" pode abrir caminho para uma nova abordagem em continuações de filmes protagonizados por Larissa Manoela. A cena pós-créditos deixa os espectadores ansiosos por mais, o que demonstra o potencial duradouro da história.

Tá Escrito é uma comédia romântica envolvente e atual, que oferece risadas, romance e uma reflexão sutil sobre a sociedade moderna. Com um elenco carismático, uma trama original e uma abordagem criativa dos temas contemporâneos, o filme se destaca como uma opção divertida para o público, especialmente para aqueles que apreciam uma comédia leve e inteligente.

Nota: 4.5/5.0

27/11/2023

CRÍTICA | O SEQUESTRO DO VOO 375


"O Sequestro do Voo 375" chega aos cinemas de uma forma corajosa e inovadora, mergulhando em um evento pouco conhecido da história do país. Baseado em eventos reais ocorridos durante o Plano Sarney em 1986, o filme narra o sequestro do voo 375 da VASP por Raimundo Nonato Alves da Conceição, interpretado de maneira envolvente por Jorge Paz.

O diretor Marcus Baldini opta por não apenas retratar o drama aéreo, mas também contextualizar a situação do sequestrador, oferecendo uma visão humanizada de um homem movido pelo desespero e pelas dificuldades econômicas da época. Paz entrega uma interpretação poderosa, transmitindo o nervosismo e a falta de controle de Nonato sobre a situação, quebrando a tradicional representação unidimensional de vilões em histórias de sequestro.


O contraponto dramático é muito bem conduzido por Danilo Grangheia, que interpreta o piloto Murilo. Sua atuação convincente retrata a angústia e a responsabilidade de pilotar um avião sob ameaça, culminando em manobras arrojadas e inéditas para evitar uma tragédia. As cenas dentro da aeronave, filmadas em um Boeing da VASP já extinto, oferecem uma imersão notável, com sequências tão realistas que provocaram reações físicas nos espectadores.

O roteiro também se aventura nos bastidores da crise, explorando as discussões sobre a possível interceptação do avião e a luta de poder entre autoridades e conselheiros de Sarney. Gabriel Godoy, no papel do delegado de polícia federal, adiciona uma camada adicional de complexidade ao enredo, enquanto o filme tenta equilibrar tensão e exposição.

No entanto, o filme revela algumas vulnerabilidades em momentos fora da aeronave. Diálogos excessivos sobre decisões de alto escalão e uma representação exagerada dos líderes militares podem parecer um tanto forçados, desviando a atenção da intensidade do sequestro. Além disso, algumas frases de efeito, embora destinadas a enaltecer o heroísmo do piloto, às vezes parecem desnecessárias.


A produção, financiada pela Star+ com um orçamento significativo de aproximadamente 15 milhões, aproveita recursos tecnológicos para oferecer uma experiência visual imersiva. As cenas aéreas, especialmente as manobras do avião, são impressionantes e mantêm o espectador à beira do assento. O uso inteligente do slow motion contribui para amplificar a dramaticidade nos momentos cruciais, elevando o impacto emocional.

"O Sequestro do Voo 375" não apenas recria um evento marcante da história brasileira, mas também destaca a coragem do piloto Murilo, que muitas vezes passou despercebida. Apesar de alguns tropeços o filme se destaca como um marco no cinema nacional, explorando um capítulo pouco conhecido e oferecendo uma experiência intensa. Um filme que não apenas entretém, mas também traz à luz uma história incrível que merece ser lembrada e reconhecida.

Nota: 4.0/5.0

22/11/2023

CRÍTICA | PEDÁGIO


"Pedágio", dirigido por Carolina Markowicz, é uma obra cinematográfica intensa que mergulha nas complexidades de uma vida humilde e desafiadora, permeada pelo preconceito e pela aceitação forçada de uma absurda oferta de "cura gay". O filme não apenas desafia as normas sociais, mas também oferece uma narrativa envolvente que exige a atenção do espectador, proporcionando reflexões profundas em cada cena.

A trama gira em torno de Suellen, uma trabalhadora incansável como cobradora de pedágio em Cubatão, São Paulo, e seu filho Tiquinho, um jovem apaixonado por vídeos e imitações de divas da música. A reviravolta na vida de Suellen ocorre quando ela se depara com a oportunidade de financiar a ida de seu filho à controversa "cura gay" ministrada por um pastor estrangeiro. O preço exorbitante dessa suposta cura coloca Suellen em uma situação difícil, levando-a a envolver-se em atividades ilegais para arrecadar fundos.

A diretora Carolina Markowicz, conhecida por sua habilidade em contar histórias visuais, entrega um filme desafiador que aborda questões profundas. A alienação de uma mãe diante da oferta absurda de uma "cura gay" torna-se o ponto focal da narrativa. O roteiro brilhante destaca a relação tumultuada entre Suellen e seu filho Tiquinho, revelando as lutas enfrentadas por este último devido à sua orientação sexual e suas expressões artísticas.


A escolha de Suellen em permanecer em um relacionamento abusivo, descobrindo as atividades criminosas de seu namorado Arauto, adiciona camadas de complexidade à trama. A participação dela em ações inconsequentes, como informar sobre possíveis vítimas para roubos, cria uma espiral de eventos que culmina em uma reviravolta surpreendente.

A fotografia do filme oferece uma representação visual impressionante da realidade enfrentada pelos personagens, destacando a alienação, a opressão e a luta pela aceitação. O elenco, liderado por Maeve Jinkings como Suellen e Kauan Alvarenga como Tiquinho, entrega performances emocionalmente carregadas que dão vida aos personagens complexos e que com certeza vão impactar o público.

Com uma abordagem sensível e precisa de Markowicz expõe as verdades difíceis de uma sociedade que, por vezes, escolhe caminhos difíceis em busca de sentido para as normas impostas. A narrativa destaca a opressão enfrentada pela comunidade LGBTQIA+, especialmente quando influenciada por ideologias religiosas agressivas. O filme ressoa como uma representação angustiante de como a ignorância e a intolerância podem destruir vidas e famílias, especialmente em um ambiente onde a própria mãe renega o filho por sua autenticidade.

"Pedágio" é mais do que um filme, é um chamado à reflexão sobre a importância da aceitação, compreensão e respeito pelas diversas identidades presentes em nossa sociedade. Uma obra corajosa que confronta as incoerências e atrocidades perpetradas por alguns setores da sociedade, deixando uma marca duradoura na mente do espectador. Este é, sem dúvida, um dos filmes mais impactantes e relevantes do ano, oferecendo uma visão crua e necessária da jornada para a vida adulta em meio a adversidades inimagináveis.

Nota: 5.0/5.0

CRÍTICA | NAPOLEÃO


Dirigido por Ridley Scott, "Napoleão" oferece um olhar original e pessoal sobre as origens e ascensão do lendário líder francês. Interpretado de forma magnífica por Joaquin Phoenix, Napoleão Bonaparte é apresentado como um homem complexo, cujo gênio militar contrasta com sua vida pessoal tumultuada, especialmente seu relacionamento conturbado com Josephine, interpretada por Vanessa Kirby.

O filme segue a jornada notável de Napoleão, partindo de um oficial de artilharia do exército francês até sua derrota e exílio na ilha de Santa Helena. A narrativa destaca suas táticas brilhantes no campo de batalha, conquistando o mundo para tentar conquistar o amor de Josephine. O enfoque na cruzada romântica adiciona uma dimensão humana ao retrato do líder militar, mostrando suas vulnerabilidades e conflitos internos.

Joaquin Phoenix oferece uma atuação deslumbrante, capturando a essência contraditória de Napoleão - um estrategista brilhante, mas também um homem em busca desesperada de amor. Sua abordagem sutil e fala mansa adiciona uma camada de complexidade ao personagem, afastando-se de retratos convencionais e destacando sua insegurança e natureza anti-social.


O roteiro, escrito por David Scarpa, desvia a atenção não apenas para as conquistas militares de Napoleão, mas também para o relacionamento com Josephine. A intensidade da paixão entre os dois é evidente, tornando-se um elemento central na narrativa. A decisão de Scott e Phoenix de adotar um tom ameno, retratando Napoleão como um jovem petulante e genial, proporciona uma abordagem única à figura histórica.

O filme apresenta cenas de batalha espetaculares, com a direção de Scott utilizando o formato widescreen de maneira impactante. As sequências de combate, preenchendo toda a tela, proporcionam uma experiência visual envolvente, destacando a perspicácia militar de Napoleão. No entanto, a narrativa não se limita apenas às guerras, mas também explora eventos significativos na vida do líder, desde a guilhotina de Maria Antonieta até seu exílio em Santa Helena, visualmente falando, temos uma obra prima.

Vanessa Kirby brilha como Josephine, desempenhando um papel crucial na trama. A decisão de dar a ela a última palavra na narrativa, mesmo após sua morte, destaca a importância do relacionamento para a história de Napoleão. O filme mergulha nas complexidades da paixão deles, mostrando como Josephine permaneceu no centro da vida de Napoleão, mesmo apesar das adversidades.


A abordagem de Scott, embora ambiciosa, pode parecer incompleta e, em alguns momentos, revisionista demais. O filme parece sacrificar a precisão histórica em prol do espetáculo, deixando questões sem resposta e ambiguidades sobre as escolhas do diretor, um outro detalhe que pode parecer estranho para alguns é a diferença de idade entre o ator Joaquin Phoenix e o seu personagem, Joaquin de 49 anos interpreta um Napoleão na casa dos 27 e para alguns isso pode parecer estranho.

"Napoleão" oferece uma perspectiva intrigante sobre a vida do líder francês, destacando não apenas suas conquistas militares, mas também seu tumultuado relacionamento com Josephine. Com atuações notáveis e cenas de batalha impressionantes, o filme proporciona uma experiência visual envolvente, embora sua abordagem ambiciosa possa deixar alguns espectadores em busca de uma representação mais equilibrada e precisa da história. Ridley Scott, mais uma vez, nos presenteia com um filme marcante e digno de reflexão.

Nota: 4.5/5.0

14/11/2023

CRÍTICA | JOGOS VORAZES: A CANTIGA DOS PÁSSAROS E DAS SERPENTES


"Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" nos leva de volta ao universo distópico de Panem, antes da revolução liderada por Katniss Everdeen. O filme, dirigido por Francis Lawrence, mergulha nas origens do ditador Coriolanus Snow, interpretado de maneira magistral por Tom Blyth. Embora o retorno seja bem-vindo, o filme, que segue fielmente a obra de Suzanne Collins, por vezes peca ao explorar as complexas relações entre os personagens principais.

Desde os primeiros minutos, somos imersos em um mundo pós-guerra, testemunhando os horrores que deram origem aos Jogos Vorazes. A ascensão de Coriolanus Snow estabelece um tom sombrio para a narrativa, destacando a dominação opressiva da Capital sobre os distritos. A iminência dos 10º Jogos anuais adverte sobre a crueldade transformada em espetáculo televisivo.

A trama se desenrola com Coriolanus enfrentando o dilema de ganhar os Jogos para salvar sua família da pobreza. A competição, diferente das anteriores, exige mais espetáculo e emoção, pressionando os mentores a criarem um show memorável. Tom Blyth e Rachel Zegler, que interpreta Lucy Gray Baird, entregam performances incríveis. A química entre eles é palpável, principalmente quando Coriolanus encontra em Lucy Gray uma esperança para conquistar a audiência.


No entanto, a trama se torna complexa com o surgimento de conflitos, especialmente na amizade de Coriolanus com Sejanus Plinth, que expõe as fissuras sociais entre os distritos e a Capital. O romance entre Coriolanus e Lucy Gray adiciona camadas emocionais, mas a narrativa, rica em possibilidades, parece comprometida em determinados momentos.

A dualidade dos personagens e as intrincadas relações deveriam ser o núcleo da trama, mas em alguns pontos, a execução deixa a desejar. Lucy Gray, interpretada por Rachel Zegler, desafia e encanta o público, enquanto Coriolanus oscila entre lealdade e interesse próprio. Infelizmente, a trama não explora totalmente essa dinâmica, deixando-a subdesenvolvida em alguns momentos.

A fotografia do filme é impecável, transportando o público para paisagens deslumbrantes. A divisão em três atos permite uma construção narrativa que cobre a extensa história do livro. O destaque vai para o primeiro ato, que apresenta a história de Snow e estabelece o tom sombrio da Capital. O segundo ato expõe as raízes dos Jogos, enquanto o terceiro foca no romance entre Snow e Gray, proporcionando a revelação dos motivos que moldaram Snow como uma peça central nesse jogo de vida ou morte.


É claro que precisamos falar do desempenho de Viola Davis como Volumnia Gaul, que aqui é cativante e perigoso. Sua parceria com Tom Blyth, destaca-se como um dos pontos altos do filme. A dinâmica entre os dois personagens é envolvente, proporcionando momentos intensos e intrigantes. No entanto, a saída de Viola Davis no ato três deixa um vácuo na trama que poderia ter sido mais profundamente explorado, especialmente considerando a complexidade que a atriz trouxe ao papel.

A trilha sonora desempenha um papel crucial, destacando a importância da música no universo de Jogos Vorazes. Rachel Zegler entrega belas performances musicais, revelando a história por trás da icônica canção "The Hanging Tree". A música é fundamental para transmitir a esperança aos distritos e o entretenimento à Capital, destacando o papel crucial do tordo e das serpentes no poder da Capital.

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" é um retorno bem-sucedido ao universo distópico, mas não está isento de falhas. A trama e as boas atuações do elenco mantêm os fãs envolvidos, mas a execução em alguns momentos deixa a desejar. A fotografia deslumbrante e a trilha sonora envolvente contribuem para uma experiência marcante. O filme esclarece pontos soltos da franquia, encantando os fãs e, possivelmente, atraindo uma nova geração para esse universo que deixou um legado significativo.

Nota: 4.0/5.0

26/10/2023

CRÍTICA | FIVE NIGHTS AT FREDDY'S - O PESADELO SEM FIM

Eis que adaptação cinematográfica de "Five Nights at Freddy's" finalmente chega às telas, trazendo consigo uma promessa de mergulhar os espectadores no mundo aterrorizante dos famosos jogos criados por Scott Cawthon. Dirigido por Emma Tammi, conhecida por seu trabalho em filmes de suspense como "Terra Assombrada" e "Fair Chase", o filme nos apresenta a história de Mike Schmidt (interpretado por Josh Hutcherson), um jovem lutando contra problemas financeiros que vê uma oportunidade de trabalho como vigia noturno na Freddy Fazbear's Pizza.

A trama começa com a premissa familiar do restaurante, apresentando seus icônicos robôs animatrônicos que trazem alegria às crianças durante o dia. No entanto, ao cair da noite, somos confrontados com um segredo sombrio e mortal: esses mesmos bonecos ganham vida, tornando-se assassinos psicopatas em busca de uma violenta matança.

Josh Hutcherson como Mike Schmidt tem uma atuação muito interessante e rouba a cena, transmitindo a angústia e a determinação do personagem de forma convincente. A relação entre Mike e sua irmã Abby (interpretada por Piper Rubio) é o coração do filme, explorando as complexidades de um irmão desesperado por proporcionar uma vida melhor para sua irmã mais nova.

A inclusão do ator Matthew Lillard como o gestor de vagas de emprego "Steve Raglan", traz uma dose de carisma ao elenco, proporcionando uma figura de autoridade ambígua que mantém os espectadores intrigados.

No entanto, o filme encontra dificuldades ao expandir o universo da história. Embora inicialmente promissor, o desenvolvimento da trama acaba por desviar o foco dos elementos que tornaram os jogos tão atraentes. As mortes e a presença dos animatrônicos em cena se tornam secundárias em relação ao desenvolvimento do relacionamento entre os personagens principais.

Claro que temos que falar sobre a fidelidade na recriação dos animatrônicos, que aqui é um ponto forte, proporcionando uma sensação autêntica aos fãs da franquia. Além disso, as referências aos jogos e os easter eggs espalhados pelo filme são um deleite para os fãs de longa data e vão deixar o coração dos gamers bem quentinho.

Embora concebido como um terror, o filme acaba por se concentrar em uma trama romântica e dramática, explorando traumas não resolvidos e entregando um terror psicológico repleto de reviravoltas. No entanto, a ausência de momentos genuinamente aterrorizantes pode deixar os espectadores que buscavam uma experiência mais intensa desapontados. Por outro lado, para os apreciadores do gênero de terror psicológico, o filme certamente consegue cativar.

"Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim" é um mergulho no mundo assustador dos jogos, de uma forma diferente o filme encontra um equilíbrio delicado entre o terror psicológico e a narrativa dramática. Ao explorar os traumas dos personagens e proporcionar reviravoltas intrigantes, o filme entrega uma experiência envolvente, embora a ausência de momentos de puro terror possa desapontar os espectadores em busca de uma intensidade mais visceral.

Nota: 4.0/5.0

22/10/2023

CRÍTICA | HYPNOTIC - AMEAÇA INVISÍVEL


"Hypnotic" é uma experiência cinematográfica alucinante que desafia as convenções tradicionais do gênero de suspense. Sob a direção de Robert Rodriguez, o filme nos transporta para um mundo de mistérios e ilusões que mantém o espectador em suspense do início ao fim. Ben Affleck interpreta o detetive Daniel Rourke, cuja busca incansável por sua filha desaparecida o leva por um labirinto de eventos perturbadores e enigmáticos. O enredo se desenrola como um quebra-cabeça complexo, onde a linha entre realidade e ilusão se desfaz, deixando o público se questionando a cada reviravolta.

A trama é habilmente construída com influências de filmes como "Matrix", "Limitless" e "Memento", mantendo o espectador envolvido em um jogo constante de especulação. À medida que Rourke mergulha nas profundezas de sua investigação, descobre que suas próprias experiências podem ser construções hipnóticas, levando a questionamentos profundos sobre o que é real e o que não é. Isso cria uma atmosfera de incerteza que permeia todo o filme, mantendo o expectador em suspense ao longo de todo o filme.

Embora Ben Affleck traga sua presença carismática para o papel do detetive Rourke, o desenvolvimento de seu personagem deixa a desejar, já que o filme concentra-se principalmente em sua obsessão pela filha desaparecida e seu compromisso com os casos que investiga. No entanto, a grande surpresa do filme é Alice Braga, que desempenha um papel fundamental como parceira de Rourke, acrescentando profundidade à trama.


Visualmente, "Hypnotic" é cativante, com a fotografia de Pablo Berron contribuindo para a atmosfera enigmática do filme. No entanto, em alguns momentos, as costuras da trama se tornam visíveis, o que pode ser atribuído à natureza complexa da narrativa. Hypnotic consegue "hipnotizar" o público, envolvendo-o em uma história intrigante e cheia de surpresas. É um quebra-cabeça cinematográfico fascinante que desafia as expectativas e deixa o espectador ansioso por uma possível sequência que poderia continuar explorando os limites da mente e da realidade. 

A experiência de assistir ao filme se assemelha a um treinamento em uma academia onde a gravidade parece estar em constante mudança. Logo quando a trama parece esclarecer as incógnitas, o terreno se desfaz sob nossos pés, levando-nos a questionar se tudo está prestes a recomeçar. E quando você pensa que a viagem entre realidade e ilusão acabou, os créditos finais nos reservam uma última surpresa. Então não saia da sala de cinema antes dos créditos finais finalizarem. 

21/10/2023

Fionna e Cake


Hoje, não me sinto como o meu eu habitual, e devo isso ao incrível spin-off da HBO Max, Fionna e Cake, que me levou a um oceano de emoções.

Esta série é uma continuação direta de Hora de Aventura, a aclamada animação da Cartoon Network que deixou muitos fãs órfãos com o seu término. No entanto, ocasionalmente somos agraciados com sequências, como Hora de Aventura: Terras Distantes, e agora, Fionna e Cake, uma série de episódios que exploram um universo paralelo ao de Finn e Jake.

Logo no primeiro episódio, somos transportados para um ambiente totalmente diferente, sem magia, que parece ser um mundo normal, acompanhando as nossas protagonistas. Mas não se preocupem, no segundo episódio, somos presenteados com a presença de Simon (o antigo Rei Gelado) no Reino de OOO após o fim de Hora de Aventura. Nele, Simon está vivendo como um humano do século 21, imerso em todos os avanços da tecnologia humana. No entanto, há algo que ele ainda não superou: a perda de sua amada Betty. E como se isso não bastasse, somos lembrados da partida de um dos personagens mais carismáticos de todas as animações, Jake o Cão, cujo reencontro no pós-vida foi apresentado em Hora de Aventura: Terras Distantes.

A partir desse ponto, a série mantém um ritmo envolvente, explorando diversos universos paralelos. Desde um onde a Princesa Jujuba é uma verdadeira lunática e o Rei Gelado é um aliado surpreendente, até um reino onde Marceline é a filha adotiva do Rei dos Vampiros. Cada episódio de aproximadamente 25 minutos deixa um gosto de "quero mais", mas a trama consegue aprofundar-se de maneira significativa sem deixar lacunas no enredo.

O sucesso é inegável, e não é à toa que Fionna e Cake é a série de animação mais bem avaliada da HBO Max. Ela oferece um encerramento excepcional para a saga de Hora de Aventura. No entanto, se os produtores e o criador decidirem continuar essa jornada no futuro, eu com certeza não ficaria desapontado.

Nota: 5.0/5.0

18/10/2023

CRÍTICA | Assassinos da Lua das Flores


"Assassinos da Lua das Flores", dirigido magistralmente por Martin Scorsese, é uma adaptação que transcende as páginas do best-seller homônimo de David Grann, trazendo à vida a chocante e brutal realidade que assolou a tribo indígena dos Osage na década de 1920. Em um cenário pós Primeira Guerra Mundial, onde a corrida por terras e petróleo fervilhava, o filme mergulha profundamente na amoralidade que a ganância pode instigar, especialmente quando desprovida de qualquer resquício de ética ou consideração pelas vidas de uma minoria.

Por aqui temos uma narrativa centrada em torno de Mollie, interpretada pela surpreendente Lily Gladstone, uma integrante dos Osage que se vê enredada em uma trama sinistra. Seu amor por Earnest Burkhart, interpretado com intensidade por Leonardo DiCaprio, acaba sendo um fio condutor trágico e pungente. DiCaprio nos entrega uma performance visceral, encapsulando a complexidade de um homem dividido entre o desejo de uma vida melhor e a manipulação cruel de seu próprio tio, William Hale, interpretado com maestria por Robert De Niro.


O roteiro, embora possa parecer lento para alguns, é um alicerce sólido que cresce de forma implacável, culminando no ápice emocional no momento exato. A complexidade dos personagens e suas motivações são meticulosamente exploradas, adicionando camadas de profundidade à trama.

Claramente a direção de Scorsese chama atenção e é um espetáculo em si. Sua habilidade de criar uma atmosfera densa e carregada desde os primeiros minutos é notável. A trama se desenrola com elementos de suspense e investigação que mantêm a audiência grudada na cadeira, enquanto os assassinatos são revelados de forma brutal e implacável. A fotografia impecável e a trilha sonora envolvente acentuam a experiência, elevando o filme a um patamar de autenticidade raramente alcançado.

A crítica social latente é inescapável. O filme não se detém em mostrar a terrível realidade de um povo que testemunha seus entes queridos sendo mortos impiedosamente, sua cultura apagada e suas raízes destruídas. A força motriz por trás dessa tragédia é a voracidade insaciável por lucro e poder, que resulta na pilhagem desenfreada das terras dos Osage, sem que lhes seja permitido qualquer tipo de defesa.


Não podemos deixar de falar sobre o tempo do filme, e a extensão de Assassinos da Lua das Flores, com suas três horas e trinta minutos de duração, é um testemunho da meticulosidade com que Martin Scorsese aborda esta narrativa complexa e densamente entrelaçada. Cada minuto se justifica pela riqueza de detalhes e pela profundidade na qual o diretor escolhe explorar os personagens e os eventos que moldaram essa história. A durabilidade do filme permite que os espectadores mergulhem profundamente na trama, absorvendo cada nuance e revelação de forma gradual, resultando em uma experiência imersiva que se desdobra organicamente. O tempo investido é recompensado com uma compreensão mais completa e uma apreciação mais profunda da complexidade desta trama sombria.

Um dos destaques incontestáveis é a atuação arrebatadora de Lily Gladstone. Sua presença magnética na tela é simplesmente hipnotizante, e sua habilidade de transcender as palavras e transmitir emoções profundas é nada menos que notável. É difícil não prever uma indicação ao Oscar para essa jovem estrela em ascensão, que não apenas brilha ao lado de gigantes como DiCaprio e De Niro, mas muitas vezes rouba a cena com sua atuação magnífica.

"Assassinos da Lua das Flores" é uma obra-prima que reafirma o indiscutível talento de Martin Scorsese. Sua história envolvente e relevante promete render ao filme não apenas indicações, mas também possíveis vitórias em premiações importantes. É um testemunho do poder transcendental do cinema em trazer à tona histórias obscuras e injustiças profundas que merecem ser conhecidas e, acima de tudo, combatidas.

Nota: 5.0/5.0