25/09/2024

CRÍTICA | Placa-Mãe


"Placa-Mãe," dirigido por Igor Bastos, é uma animação brasileira que se passa em um futuro próximo, mas com raízes firmemente plantadas na tradição e cultura do interior de Minas Gerais. O filme, embora tecnicamente modesto em comparação com as grandes produções de ficção científica, brilha em sua capacidade de misturar o avanço tecnológico com a essência humana e, principalmente, brasileira.

A trama segue Nadi, uma androide com cidadania brasileira, em sua jornada para adotar e proteger duas crianças, David e Lina. O filme explora a questão das novas formações familiares em um cenário que, embora futurista, se revela cheio de traços de um Brasil contemporâneo. O conflito surge quando Asafe, um influente digital sensacionalista, começa a questionar a legitimidade da adoção, criando um antagonismo que reflete o conservadorismo crescente da sociedade.


O grande mérito de "Placa-Mãe" está em como utiliza a figura de Nadi para questionar o que constitui uma família e como a política e o preconceito moldam essas definições. Ao mesmo tempo, o filme insere elementos de ficção científica como carros voadores e robôs, mas não perde de vista a realidade social brasileira. É curioso e ao mesmo tempo reconfortante ver como o futuro retratado ainda mantém as paisagens típicas do interior mineiro, como trens em trilhos e paisagens naturais, o que reforça a sensação de que, mesmo com o avanço tecnológico, alguns valores e tradições permanecem imutáveis.

A animação é notável por sua simplicidade e pela forma lúdica como aborda temas complexos. Embora os vilões sejam apresentados de forma maniqueísta, como o político representado pela cor laranja e seus valores tradicionalistas, a narrativa busca mais do que confrontar o bem contra o mal. O filme deseja provocar uma reflexão sobre aceitação, cidadania e família, mas sem perder a ternura e o humor característico que, por vezes, torna o discurso mais palatável.

Os momentos de emoção entre Nadi e seus filhos adotivos são tocantes e, embora o filme não se aprofunde tanto em debates filosóficos sobre a natureza da androide, a relação entre eles é o coração da história. Há uma beleza na forma como Nadi, com toda sua tecnologia avançada, valoriza as pequenas coisas, como mostrar às crianças a maria fumaça ou compartilhar lendas e tradições brasileiras. Essa dualidade entre o novo e o antigo é o que torna "Placa-Mãe" um filme tão único.


A dublagem em "mineirês" é um espetáculo à parte. Ana Paula Schneider, no papel de Nadi, oferece uma performance cativante, e o restante do elenco se destaca ao trazer um charme regional que dá ainda mais autenticidade à história. Mesmo com um orçamento limitado, o filme se mantém visualmente competente, embora em alguns momentos o visual pareça menos refinado.

"Placa-Mãe" é emocionante e oferece uma crítica social sutil, mas efetiva, sobre o conservadorismo e a exclusão. Com uma narrativa envolvente, personagens bem desenvolvidos e um pano de fundo brasileiro bem representado, o filme consegue ser um ponto de reflexão e ao mesmo tempo um entretenimento leve e divertido. O longa de Igor Bastos é um lembrete de que a ficção científica não precisa de grandes orçamentos ou de cenários extravagantes para ser impactante, basta uma boa história e personagens com os quais possamos nos conectar.

24/09/2024

Crítica | A Forja - O Poder da Transformação


A Forja - O Poder da Transformação, dirigido pelos irmãos Kendrick, é mais um filme da dupla conhecido por suas obras baseadas na fé cristã. O filme foca na história de Isaiah, um jovem recém formado no ensino médio que luta para encontrar propósito em sua vida. Situado em uma comunidade negra na Carolina do Norte, a narrativa apresenta temas como a ausência paterna, redenção, e a importância do discipulado, mesclando questões espirituais com dramas da juventude contemporânea.

Isaiah (Interpretado por Aspen Kennedy) é um adolescente viciado em videogames e basquete, que enfrenta vários conflitos com sua mãe solteira, Cynthia (Interpretada por Priscilla Shirer), e está desorientado quanto ao seu futuro. A vida de Isaiah começa a mudar quando ele consegue um emprego com Joshua Moore (Interpretado por Cameron Arnett), um empresário bem-sucedido que lidera um grupo de oração chamado "The Forge" Joshua se torna um mentor para Isaiah, apresentando-lhe valores cristãos e ajudando-o a redescobrir um caminho para sua vida.

A proposta é clara: promover uma mensagem de fé, redenção e a importância do discipulado cristão. A abordagem narrativa, porém, revela algumas das características mais criticadas do cinema dos irmãos Kendrick. A história se desenvolve mais como um sermão religioso do que como um filme propriamente dito, dando prioridade à mensagem em detrimento do desenvolvimento de personagens e da complexidade narrativa. O enredo é previsível e se desenrola de maneira simplista, culminando em uma transformação moral de Isaiah que parece servir mais ao propósito do filme do que a uma jornada genuína de autodescoberta.

O filme não esconde sua intenção de servir como um veículo para transmitir valores cristãos. Os diálogos, muitas vezes, soam como discursos premeditados, tornando os personagens mais parecidos com porta-vozes de uma mensagem do que com pessoas reais. Em muitos momentos, a história é interrompida para transmitir lições de vida, a procura pela humanidade que está cada vez mais escassa nas pessoas, cenas de oração (inclusive para robôs), referências e passagens bíblicas, e a tradicional "conversão cristã". Isso resulta em alguns momentos uma narrativa forçada, em que os elementos cinematográficos, como a construção de tensão e o desenvolvimento de conflitos, são secundários à mensagem.

A teologia apresentada em "A Forja" também não está livre de controvérsias. O filme promove uma ideia de redenção através de mudanças comportamentais superficiais, como o abandono de passatempos "frívolos" e a entrada em um grupo de elite de homens cristãos. Essa abordagem pode ser interpretada como uma forma de "deísmo terapêutico moral" sugerindo que a fé cristã é um meio para alcançar sucesso pessoal e uma vida mais ordenada. O protagonista, Isaiah, é transformado em um exemplo de "bom homem" após abraçar os valores cristãos ensinados por Joshua. No entanto, essa mensagem pode ser problemática ao implicar que se tornar um "bom cristão" é abandonar certos aspectos culturais em favor de um padrão de comportamento mais aceitável para a sociedade.


Em termos cinematográficos, o filme é visualmente e tecnicamente mediano. A cinematografia é simplificada e não se esforça para criar uma estética visualmente interessante. As cenas são filmadas de forma limpa, mais parecendo um retrato de família do que um drama. A trilha sonora, apesar de oferecer momentos divertidos, como nas cenas do salão de cabeleireiro, muitas vezes reforça os clichês de tensão e emoção do filme, sem adicionar uma camada mais profunda à narrativa.

As performances dos atores são um ponto misto. Cameron Arnett se destaca como Joshua, trazendo um ar de sabedoria e autoridade à tela. No entanto, as atuações de Aspen Kennedy e Priscilla Shirer carecem de naturalidade, sendo visivelmente forçadas em cenas de drama e conflito. O filme tenta envolver o público com momentos emocionais, mas a falta de profundidade dos personagens faz com que essas cenas pareçam artificiais e previsíveis.

O maior problema de "A Forja" reside na sua estrutura narrativa. O filme é praticamente um folheto evangélico em forma de longa metragem, com diálogos e cenas construídos para transmitir uma mensagem específica, em vez de deixar a história se desenrolar de forma orgânica. A trama carece de verdadeira tensão, e os conflitos são introduzidos de forma abrupta, sem uma preparação adequada para que o público se envolva emocionalmente. A ausência de humor e de tomadas de câmera criativas resulta em um filme excessivamente sério e estático, tornando a experiência cinematográfica monótona.

Por outro lado, é inegável que "A Forja" tem seu público alvo bem definido e consegue entregar exatamente o que ele procura: uma narrativa que afirma valores cristãos de forma inequívoca e sem rodeios. Para aqueles que buscam um filme com mensagens claras de fé e moralidade, ele pode ser uma experiência satisfatória. No entanto, para espectadores que esperam uma narrativa cinematográfica mais elaborada e personagens complexos, o filme deixa a desejar.

A Forja - O Poder da Transformação é mais uma mensagem do que um filme. Sua intenção de inspirar e ensinar é evidente, mas essa abordagem acaba por transformar o longa em uma espécie de sermão filmado, em vez de um drama para um público geral. A mensagem é positiva e importante, especialmente para o público cristão, mas a falta de nuances e a natureza formulaica do filme limitam seu alcance e impacto.

17/09/2024

Crítica | Golpe de Sorte em Paris


"Golpe de Sorte em Paris", o mais recente trabalho de Woody Allen, marca um retorno às suas raízes com uma trama intrigante que mistura infidelidade, assassinato e dilemas morais na encantadora Cidade Luz. Este é o 50º filme de Allen e, embora especule-se que possa ser o último, o cineasta continua a explorar temas familiares com um frescor inesperado, aproveitando o charme parisiense para criar uma narrativa que é ao mesmo tempo clássica e moderna.

A trama segue Fanny (Lou de Laâge), uma jovem executiva de leilões casada com Jean (Melvil Poupaud), um empresário de sucesso que aparenta ser o marido perfeito. A vida de Fanny começa a desmoronar quando ela reencontra Alain (Niels Schneider), um antigo colega de escola com quem inicia um breve romance. O charme boêmio de Alain e suas reflexões poéticas fazem Fanny questionar sua vida confortável, mas superficial, ao lado de Jean. Enquanto Fanny se envolve nesse romance, o espectador é levado por uma série de eventos que culminam em um crime envolvendo o trio.

O filme segue o estilo tradicional de Allen, com diálogos ágeis e uma trilha sonora jazzística que permeia toda a narrativa. No entanto, "Golpe de Sorte em Paris" se diferencia por seu elenco francês, oferecendo uma nova dimensão ao trabalho do diretor. Lou de Laâge traz uma combinação de vulnerabilidade e força ao seu papel, enquanto Melvil Poupaud entrega uma performance inquietante e perturbadora como Jean, o marido que, por trás de sua fachada amorosa, esconde ciúmes e frieza calculada. A atuação de Valérie Lemercier como Camille, a mãe de Fanny, também se destaca, proporcionando momentos leves e cômicos que equilibram o drama.


A direção de Allen continua habilidosa, e a cinematografia de Vittorio Storaro é um deleite visual. Paris é apresentada com uma beleza que é ao mesmo tempo encantadora e ameaçadora. Os tons quentes e a iluminação sutil de Storaro, especialmente nas cenas de Fanny e Alain caminhando pelos parques ou nos interiores luxuosos, criam uma atmosfera de crescente tensão mesmo nas cenas mais cotidianas.

No entanto, apesar de alguns momentos de brilho, "Golpe de Sorte em Paris" não escapa das críticas que têm marcado a obra de Allen na última década. A trama, embora interessante, pode parecer um tanto repetitiva em relação a seus trabalhos anteriores, como "Crimes e Pecados" e "Match Point". O roteiro às vezes parece apressado, com Allen mais interessado nas consequências do caso de Fanny do que em explorar profundamente as emoções dos personagens envolvidos. O relacionamento entre Fanny e Alain, por exemplo, carece de uma construção emocional mais profunda, e o caso é resolvido rapidamente, sem o impacto emocional que poderia torná-lo mais memorável.

A transição da primeira metade do filme, focada no romance e na tensão entre Fanny e Jean, para a segunda metade, que assume um tom mais sombrio com o envolvimento de detetives e um crime planejado, ocorre de forma um pouco abrupta. No entanto, as performances e a habilidade técnica de Allen em construir suspense mantêm o filme coeso até o fim.


Um aspecto interessante de "Golpe de Sorte em Paris" é a reflexão sobre moralidade, um tema recorrente na filmografia de Allen. O filme levanta questões sobre sorte, destino e até onde os personagens estão dispostos a ir para preservar ou destruir suas vidas. Jean, em particular, é retratado como um homem cuja fachada respeitável esconde uma disposição para a violência fria quando suas suspeitas sobre o caso de Fanny são confirmadas. Embora essas questões morais não sejam exploradas com a mesma profundidade de "Match Point" ou "Crimes e Pecados", ainda oferecem material suficiente para manter o público intrigado.

Além disso, a ambientação parisiense serve quase como um personagem próprio. As ruas elegantes, cafés aconchegantes e parques outonais refletem o estado emocional dos personagens e contrastam com o clima de traição e intriga que permeia o filme.

Golpe de Sorte em Paris" é agradável e em alguns momentos, bastante comovente. Não é um dos filmes mais ousados de Allen, mas é um exemplo sólido de sua habilidade em contar histórias de maneira elegante e envolvente. Se este for realmente o último filme de sua carreira, ele encerra sua jornada com uma nota graciosa, trazendo uma leveza nostálgica que muitos fãs provavelmente apreciarão.

Nota: 4.0/5.5

12/09/2024

CRÍTICA | Não fale o mal

"Não Fale o Mal", dirigido por James Watkins, é uma adaptação americana do thriller psicológico dinamarquês Speak No Evil, de Christian Tafdrup. A trama segue Ben (Scoot McNairy) e Louise Dalton (Mackenzie Davis), um casal americano que, após se aproximar de uma família britânica durante as férias na Europa, aceita um convite para passar um final de semana na casa de campo dos novos amigos, Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi). O que deveria ser uma viagem relaxante se transforma em um pesadelo, à medida que os anfitriões começam a mostrar comportamentos estranhos e cada vez mais perturbadores.

James Watkins consegue criar um ambiente inicialmente acolhedor, mas que logo se torna sufocante, jogando com a desconfiança do espectador em relação às intenções dos anfitriões. O ritmo do filme, principalmente no primeiro ato, é lento, mas proposital. Ele utiliza o tempo para construir tensão e criar uma falsa sensação de segurança, permitindo que as interações cotidianas e descontraídas entre as duas famílias preparem o terreno para o horror psicológico que está por vir. A mudança gradual de tom é um dos maiores acertos de Watkins.


As atuações são um dos pontos altos do filme. James McAvoy entrega uma performance magnética como Paddy, conseguindo equilibrar seu charme inicial com uma sensação crescente de perigo. Ele se transforma, aos poucos, em um personagem sinistro, que desperta desconforto em cada gesto e palavra. Aisling Franciosi, como Ciara, complementa perfeitamente a atuação de McAvoy, com uma presença inquietante e enigmática, que aumenta a sensação de que algo muito errado está por acontecer.

O roteiro, escrito por Watkins, aproveita-se da premissa simples, mas poderosa, de Speak No Evil, mantendo o foco no terror psicológico, mas adicionando nuances e algumas camadas sobrenaturais que não estavam presentes no original. Essa adição, embora interessante, pode dividir opiniões. Para alguns, os elementos sobrenaturais ajudam a intensificar o horror e criar uma atmosfera mais densa, enquanto outros podem achar que a simplicidade do original, focada na maldade humana, funcionava melhor sem essas adições.


Se por um lado o filme constrói tensão de forma eficaz, ele também apresenta alguns problemas de ritmo, especialmente no segundo ato, onde a narrativa parece estagnar em certos momentos. No entanto, o clímax brutal e impactante compensa essa desaceleração. A direção de Watkins mantém o espectador na ponta da cadeira, especialmente quando a violência, tanto física quanto psicológica, atinge seu auge nos momentos finais do filme.

"Não Fale o Mal" é emocionante e perturbador, conseguindo capturar o espírito do filme original, ao mesmo tempo em que adiciona novos elementos para se diferenciar. A combinação de atuações fortes, especialmente de McAvoy, com a direção tensa de Watkins, transformam o filme em uma experiência sufocante e marcante. Para os fãs de terror psicológico, o filme oferece uma narrativa que explora de forma eficaz os limites do desconforto e da violência, questionando até onde a confiança e a gentileza podem ser levadas antes de se transformarem em algo monstruoso.

Nota: 3.5/5.0

04/09/2024

CRÍTICA | Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice

Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice, chega como uma sequência direta do clássico de 1988, trazendo de volta o inconfundível estilo de Tim Burton. A trama nos transporta novamente para a enigmática casa em Winter River, agora habitada por três gerações da família Deetz. Lydia Deetz (Winona Ryder), agora adulta, retorna como mãe de Astrid (Jenna Ortega), uma adolescente introvertida que, ao explorar ao explorar o mundo dos mortos, conhece o excêntrico e caótico Beetlejuice (Michael Keaton), que retorna para transformar a vida dos Deetz em um verdadeiro caos mais uma vez.

Esteticamente, o filme é a essência de Tim Burton. Os tons sombrios e a atmosfera gótica, marcas registradas do diretor, permeiam cada cena, criando uma ambientação que mescla o estranho e o belo, resultando em um visual fascinante. Complementando essa estética, há um design de produção impecável que enriquece ainda mais o mundo peculiar do pós-vida. Cada detalhe, dos cenários aos figurinos, reforça o universo único de Burton, onde o macabro e o encantador coexistem de maneira harmoniosa e visualmente peculiar.

O mundo dos mortos, visto através dos olhos de Tim Burton, é deslumbrante, cheio de bizarrices que só ele poderia conceber. A mistura de live-action, animação e stop-motion durante todo o filme é um deleite visual, oferecendo momentos que surpreendem e encantam.

Outro ponto de destaque é a trilha sonora, com Danny Elfman mais uma vez demonstrando seu talento ao complementar de forma brilhante os cenários sombrios do filme. É impossível não lembrar do clássico de 1988, marcado pela icônica cena musical com "Banana Boat (Day-O)". Burton tenta recriar essa magia em uma nova sequência musical, que, embora desperte sorrisos e memórias nostálgicas, não consegue alcançar o mesmo impacto memorável do primeiro filme.

Michael Keaton retorna como Beetlejuice, entregando uma versão mais cômica e menos assustadora do personagem, mas ainda capaz de roubar a cena sempre que aparece. No entanto, seu tempo de tela é notavelmente reduzido, já que o filme opta por focar na resolução de outros núcleos narrativos. Winona Ryder também retorna como Lydia Deetz, agora adulta e mãe, e é um prazer ver sua personagem dando continuidade ao legado do primeiro filme. 

Jenna Ortega entrega uma Astrid Deetz que, apesar de interessante, acaba caindo em estereótipos semelhantes aos que a atriz já interpretou em papéis anteriores, como em "Wandinha". A trama adolescente e o romance que a envolvem são previsíveis e não trazem nada de novo. Willem Dafoe e Monica Bellucci adicionam personagens intrigantes ao mundo pós-vida, mas seus papéis, embora visualmente fascinantes e cômicos, carecem de desenvolvimento e tempo de tela.

O maior problema do filme, contudo, reside no roteiro. A narrativa demora quase uma hora para realmente engatar, e até lá, o espectador é levado por varios núcleos de histórias que só se entrelaçam no fim, com resoluções simples e apressadas. A complexidade da trama parece ser sacrificada em prol de um final mais rápido, o que deixa a sensação de que o filme poderia ter explorado melhor seus elementos e personagens.

"Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" cumpre seu papel de entreter, arrancando sorrisos com um humor que oscila entre o bobo e o inteligente. O filme nos transporta de volta a um mundo que muitos acreditavam jamais revisitar, mas acaba ficando aquém ao não entregar uma trama tão memorável quanto a do original. No final, embora divertido e nostálgico, o filme deixa a sensação de que poderia ter sido muito mais, especialmente com um roteiro mais consistente e personagens mais desenvolvidos.

Nota: 3.5 /5.0


Critica | Kill - O Massacre no Trem


Kill - O Massacre no Trem é uma intensa jornada de ação que prende o espectador do início ao fim. Dirigido por Nikhil Nagesh Bhat, o filme transforma o cenário claustrofóbico de um trem em um campo de batalha visceral, onde a violência extrema e a adrenalina são os protagonistas. A trama segue Amrit (Lakshya), um comando do exército determinado a impedir o casamento arranjado de sua amada Tulika (Tanya Maniktala). O que começa como uma missão pessoal logo se transforma em um confronto mortal quando uma gangue de ladrões, liderada pelo implacável Fani (Raghav Juyal), invade o trem, ameaçando a vida de todos a bordo.

Visualmente deslumbrante, Kill se destaca pelas suas coreografias de luta, assinadas por Se-yeong Oh e Parvez Sheikh, que são de tirar o fôlego. Cada golpe é meticulosamente orquestrado, e a escolha de filmar cenas de ação de forma crua e realista, sem depender de efeitos especiais exagerados, diferencia o longa de outras produções contemporâneas do gênero. A violência é gráfica e intensa, refletindo o título do filme, que entrega exatamente o que promete: um massacre.


Assistir ao filme em uma sala de cinema, com som e imagem de qualidade, amplifica a experiência, fazendo com que cada impacto seja sentido. Embora o desenvolvimento dos personagens principais, como Amrit e Tulika, não seja o foco central, o carisma de Lakshya e a presença de Tanya Maniktala mantêm o interesse do público.

Com 105 minutos de duração, a narrativa é ágil e direta, evitando os excessos melodramáticos que muitas vezes caracterizam o cinema indiano. A produção, que envolve nomes de peso tanto de Bollywood quanto de Hollywood, oferece uma ação contínua que mantém o espectador na ponta da cadeira. No entanto, a história, escrita por Bhat e Ayesha Syed, serve principalmente como um pretexto para as sequências de ação, deixando a desejar em termos de profundidade dramática.


É interessante notar como o filme altera drasticamente sua direção a partir do momento em que seu título é revelado na tela, criando uma expectativa que é superada com maestria no decorrer da trama.

Mesmo com alguns momentos que poderiam ser mais concisos, Kill - O Massacre no Trem cumpre com eficiência sua proposta de entreter com ação brutal e implacável. A edição ágil e o design de som impecável criam uma tensão constante que não decepciona os fãs do gênero. Se você busca um filme de ação sem complicações, focado em entregar uma experiência intensa e violenta, Kill é uma escolha acertada.

Nota: 4.5/5.0