30/10/2024

CRÍTICA | Pássaro Branco - Uma História de Extraordinário


Pássaro Branco – Uma História de Extraordinário, dirigido por Marc Forster, é um drama sensível que funciona como uma expansão de “Extraordinário”, explorando a importância da gentileza em meio a um cenário de guerra. Baseado na graphic novel de R.J. Palacio, o filme alterna entre o presente e a França ocupada durante a Segunda Guerra Mundial, onde Sara (Ariella Glaser), uma jovem judia, é escondida por uma família cristã enquanto tenta escapar dos nazistas.

A história é contada através da perspectiva de Grandmère Sara (Helen Mirren), que relembra seu passado para ensinar ao neto, Julian Albans (Bryce Gheisar), uma lição de empatia e coragem. Julian, que já foi um valentão em “Extraordinário”, é apresentado como alguém que ainda luta com as consequências de suas ações e busca redenção. A conexão com “Extraordinário” é interessante, pois o filme assume a mesma mensagem de gentileza, mas a coloca em um contexto de vida ou morte.

O elenco jovem, especialmente Ariella Glaser e Orlando Schwerdt, que interpreta Julien Beaumier, entrega atuações emocionantes. Schwerdt destaca-se como o garoto com poliomielite que, apesar de sua condição física e da exclusão social, se torna um herói ao proteger Sara. Gillian Anderson e Jo Stone-Fewings, como os pais de Julien, acrescentam profundidade e realismo à história, mesmo que seus papéis sejam limitados.

A direção de Forster enfatiza o aspecto visual, criando uma atmosfera com toques de conto de fadas que às vezes suaviza o impacto do tema sombrio do Holocausto. A fotografia de Matthias Koenigswieser e o design de produção de Jennifer Williams evocam uma estética limpa e organizada, que em alguns momentos pode parecer muito idealizada para um filme sobre tempos tão brutais. O filme exibe cenários impecavelmente compostos e figurinos que parecem novos demais, o que pode distanciar o público da brutalidade da realidade histórica.


A narrativa é eficaz em introduzir o tema do antissemitismo e do totalitarismo para um público mais jovem, embora a abordagem cuidadosa e simplista possa não trazer o mesmo peso emocional para espectadores adultos. A inclusão de elementos românticos entre Sara e Julien, além de cenas de fantasia, como a aparição de um pássaro branco representando liberdade e paz, adiciona uma camada de inocência à história, mas também corre o risco de tornar o tema do Holocausto mais superficial e menos impactante.

O roteiro de Mark Bomback é direto, evitando complexidades que poderiam enriquecer a trama. A história enfatiza a gentileza como uma virtude transformadora, mas há momentos em que a mensagem soa superficial, como se estivesse tentando amaciar o tema difícil para que ele seja mais fácil de consumir. Em especial, o uso de um lobo em uma cena de vingança contra um traidor pode parecer um exagero, destoando da realidade do cenário que o filme tenta retratar.

Embora "Pássaro Branco – Uma História de Extraordinário" talvez falhe em sua ambição de tornar o Holocausto acessível de maneira genuína para todos os públicos, ele cumpre seu papel como uma introdução a este tema para jovens espectadores. Forster consegue equilibrar emoção e suavidade, permitindo que o filme seja um veículo educativo e emocionalmente palatável para uma geração que pode não estar familiarizada com esses eventos históricos.

O filme oferece uma mensagem inspiradora e atual sobre a importância da gentileza e a resistência contra a opressão. "Pássaro Branco" é uma obra que, embora simplificada e idealizada, serve como um ponto de partida sensível para aqueles que querem entender o impacto do Holocausto, com uma maneira compreensível para jovens audiências.

CRÍTICA | NÃO SOLTE


Não Solte, dirigido por Alexandre Aja, é um thriller psicológico que explora a linha tênue entre o amor protetor e a paranoia, ambientado em um mundo pós-apocalíptico. O filme segue uma mãe (interpretada por Halle Berry) e seus dois filhos, Nolan e Samuel, que vivem em uma cabana isolada e são obrigados a seguir regras rígidas, como nunca sair sem estarem amarrados a uma corda que os conecta de volta ao lar. Esse sistema de segurança, que serve para mantê-los longe de um mal que a mãe acredita existir na floresta, se transforma em um estudo sobre os limites da proteção materna e as fronteiras entre realidade e delírio.

A performance de Halle Berry é um dos pontos altos do filme. Sua interpretação consegue transmitir o pavor da mãe, uma mulher assombrada por traumas do passado e visões assustadoras de seus familiares mortos. A atuação de Berry é intensa, especialmente em momentos em que luta para proteger os filhos enquanto tenta manter sua própria sanidade. Contudo, embora sua performance seja muito boa, a construção da personagem se perde devido ao roteiro inconsistente, que oferece pouco espaço para que o público compreenda plenamente as motivações ou complexidades de sua psique.

Aja, conhecido por sua habilidade em criar tensão em espaços confinados, emprega novamente suas técnicas para manter o suspense, utilizando bem a casa isolada e os cenários tenebrosos da floresta. A direção de Aja cria uma atmosfera claustrofóbica e visualmente sombria, com o diretor de fotografia Maxime Alexandre adicionando uma estética suja e gótica que aumenta a sensação de perigo iminente. A trilha sonora de Robin Coudert complementa esse tom sombrio, trazendo à narrativa um sentimento de ansiedade constante.


Por outro lado, "Não Solte" falha em organizar suas várias ideias temáticas. O roteiro de KC Coughlin e Ryan Grassby parece confuso, misturando conceitos como trauma, doença mental, superproteção e alegorias à pandemia, sem uma linha clara que conecte esses temas de forma eficaz. A corda, que poderia simbolizar a dependência e a segurança, torna-se uma metáfora não totalmente explorada, e o suposto mal da floresta nunca é devidamente explicado, deixando o público se perguntando se tudo não passa de uma ilusão da mãe. Essa ambiguidade pode funcionar em filmes de terror psicológico, mas aqui se traduz em uma confusão narrativa que compromete o impacto da história.

A trama também é marcada por referências a outras produções do gênero, como “Um lugar silencioso”, mas sem a originalidade e a coesão necessárias para se destacar. A tensão inicial é bem construída, com uma série de cenas que exploram o medo crescente dos filhos em relação à mãe. O filme sugere que a mãe pode estar projetando seus próprios medos e traumas neles, mas essa ideia é tratada de maneira superficial, resultando em um final que parece abrupto e deixa pontas soltas.

Apesar dos problemas narrativos, algumas cenas específicas, como uma sequência com o cachorro da família, conseguem criar um suspense genuíno. Esses momentos, embora eficazes, são diluídos em meio a outras cenas que se arrastam e não contribuem para o avanço da trama. O terceiro ato é especialmente problemático, pois deixa de lado as questões mais intrigantes da história e opta por um clímax confuso e sem sentido, esvaziando o que poderia ter sido um final potente.

Não Solte, tenta ser uma parábola sobre a proteção materna, mas sua execução apressada e sua falta de clareza temática prejudicam a experiência. Halle Berry oferece uma performance dedicada, e Aja demonstra habilidade técnica na construção de tensão, mas o roteiro não apoia essas qualidades com uma narrativa coerente e impactante. Para os fãs de Aja, o filme pode decepcionar pela ausência da intensidade e do foco que caracterizam suas obras mais bem sucedidas. "Não Solte" é uma experiência visualmente interessante, mas narrativamente dispersa, que provavelmente deixará o público pronto para “deixar ir” quando os créditos finais rolarem.

27/10/2024

CRÍTICA | Terrefier 3


Terrifier 3, dirigido por Damien Leone, traz de volta o assassino sádico Art the Clown em uma sequência que mistura brutalidade extrema, comédia macabra e um tema natalino inesperado. Continuando a fórmula estabelecida pelos filmes anteriores, o terceiro capítulo não só mantém o nível chocante de violência, mas o eleva a novas alturas, transformando a temporada de festas em um pesadelo sangrento.

Dessa vez, Leone amplia a mitologia por trás de Art e seus antagonistas, incluindo Sienna Shaw (Lauren LaVera), a sortuda que sobreviveu aos horrores de “Terrifier 2”. O filme começa após os eventos do último capítulo, com Sienna ainda assombrada pelo trauma do massacre anterior, enquanto Art ressurge, dessa vez disfarçado de Papai Noel, pronto para transformar o Natal em uma carnificina. Juntando-se a ele está Victoria (Samantha Scaffidi), uma sobrevivente dos primeiros filmes, cujo arco perturbador inclui dar à luz a cabeça decepada de Art no final de “Terrifier 2”.

Terrifier 3 é, sem dúvida, um filme feito para os fãs mais hardcore do gênero slasher, aqueles que anseiam por uma dose massiva de sangue, mutilações e bizarrices grotescas. A atuação de David Howard Thornton como Art the Clown continua sendo o ponto alto da franquia. Sua interpretação física, repleta de expressões faciais exageradas e gestos silenciosos, lembra o estilo vaudevilliano de grandes comediantes como Charlie Chaplin, mas com uma pitada de sadismo à la Jack, o Estripador. Thornton equilibra o horror com momentos de humor sombrio, tornando Art uma figura ao mesmo tempo aterrorizante e absurdamente cômica.


Leone aproveita a ambientação natalina para criar cenas visualmente impactantes, como Art decorando uma árvore de Natal com intestinos e esmagando corpos congelados com pingentes de gelo. A violência em "Terrifier 3" é exagerada, grotesca e frequentemente beira o insuportável, o que certamente agradará aos fãs que assistem a esses filmes pela pura catarse do gore. Leone domina o uso de efeitos práticos, criando momentos que, embora repulsivos, são tecnicamente impressionantes. Cada morte é meticulosamente coreografada, com detalhes perturbadores que ultrapassam os limites do bom gosto.

Apesar da destreza técnica, o filme sofre com problemas narrativos. A trama de "Terrifier 3" é desorganizada e parece apenas um pretexto para emendar uma série de mortes criativas. Leone insere diversos elementos simbólicos e religiosos, como referências à Virgem Maria e estigmas, mas essas camadas de profundidade parecem forçadas e desconectadas do restante da narrativa. Além disso, o filme se estende por duas horas, o que torna a experiência cansativa, especialmente com uma história que pouco avança ou desenvolve seus personagens de maneira significativa.

O retorno de Sienna como a “Escolhida” para derrotar Art traz novamente Lauren LaVera em uma performance competente, mas seu arco de heroína messiânica é mal explorado. O filme tenta abordar seu trauma e os efeitos psicológicos dos eventos anteriores, mas a falta de foco e a dispersão da narrativa acabam por diluir o impacto emocional que poderia ter sido mais significativo.

Além disso, a introdução de Victoria, que agora tem uma ligação sobrenatural com Art, cria mais confusão do que clareza. Suas cenas são, por vezes, excessivamente dramáticas e violentas, sem o equilíbrio de humor que caracteriza as ações de Art. A tentativa de integrar dois arcos principais, o de Sienna e o de Victoria, resulta em uma sensação de desconexão, tornando o enredo difícil de seguir e, em última instância, menos eficaz do que poderia ser.

Ainda assim, "Terrifier 3" cumpre o que promete: um festival de sangue desenfreado, que não economiza em brutalidade nem em cenas chocantes. A franquia continua a se destacar como uma das mais viscerais do terror moderno, agradando principalmente aqueles que apreciam o terror cru, sem compromissos. Para o público mais casual ou para aqueles que preferem tramas coesas e personagens bem desenvolvidos, o filme pode parecer um exercício excessivo em violência gratuita, sem o equilíbrio necessário para sustentá-lo como uma experiência cinematográfica completa.

24/10/2024

Crítica | Som da Esperança - A História de Possum Trot

Som da Esperança: A História de Possum Trot, dirigido por Terry Weigel, é um drama emocionante baseado em uma história real de amor e fé, centrado na pequena comunidade de Possum Trot, no Texas. O filme acompanha a jornada inspiradora de WC Martin (Demetrius Grosse) e sua esposa Donna (Nika King), que lideram uma transformação em sua igreja batista ao adotarem várias crianças em situação de risco e motivarem outros membros da comunidade a fazer o mesmo.

O filme começa de forma modesta, apresentando Possum Trot como uma cidade humilde e devota, onde a fé desempenha um papel central nas vidas dos moradores. A história de adoção começa quando Donna, após um momento de luto pela perda de sua mãe, sente o chamado de Deus para adotar crianças. Apesar das dificuldades financeiras e dos desafios emocionais, Donna e WC se dedicam a transformar vidas, inspirando mais 22 famílias da igreja a adotarem um total de 77 crianças.

O diretor Terry Weigel aborda essa história com uma seriedade que respeita o tema, mas às vezes peca pela falta de dinamismo narrativo. Embora o filme seja uma celebração do poder da caridade e da força de uma comunidade, ele segue um ritmo previsível, com uma sucessão de desafios e vitórias que se repetem ao longo da trama, o que pode tornar o filme cansativo em certos momentos. No entanto, a força emocional da narrativa, baseada em fatos reais, compensa em grande parte essa previsibilidade.

O elenco é incrível, com destaque para Nika King como Donna, que traz uma performance cheia de emoção e vulnerabilidade, e Demetrius Grosse, que interpreta WC com uma mistura de ceticismo e determinação. O relacionamento entre os dois protagonistas é o ponto central do filme, e suas interações refletem os desafios e as recompensas de se dedicar ao bem-estar de crianças traumatizadas. O papel de Terri, uma adolescente que chega à casa dos Martins com graves traumas e comportamentos problemáticos, é um dos maiores desafios emocionais do filme, e a jovem atriz Diana Babnicova transmite bem as complexidades do personagem.

Apesar de ser um filme cristão, "Som da Esperança" evita cair em clichês religiosos excessivos. A fé é um componente integral da história, mas é tratada de forma sincera e sem manipulações exageradas, o que torna a narrativa mais acessível a um público amplo. O filme aborda de maneira sensível as dificuldades de adoção, desde os traumas das crianças até o impacto emocional e financeiro nas famílias, o que traz um senso de realismo e autenticidade à trama.

No entanto, algumas escolhas narrativas, como a constante narração de Donna, às vezes subestimam a capacidade do público de interpretar os eventos por si mesmos. A trilha sonora melosa também pode parecer intrusiva em certos momentos, forçando as emoções ao invés de permitir que elas surjam naturalmente da história. Essas escolhas acabam tornando o filme mais didático do que atraente, algo que pode frustrar espectadores que preferem uma abordagem mais sutil.

Mesmo assim, o filme encontra seu ponto alto ao mostrar o impacto positivo que a comunidade de Possum Trot teve nas vidas dessas crianças. A mensagem de que o amor e o apoio de uma comunidade podem transformar vidas é poderosa, e "Som da Esperança" é eficaz em transmitir esse ideal de maneira sincera e sem cinismo.

Som da Esperança: A História de Possum Trot é uma história de resiliência e fé que, embora não traga inovações ao gênero, entrega uma narrativa emocionante. Para aqueles que procuram um filme sobre o poder da compaixão e da ação comunitária, ele é uma escolha gratificante.

Crítica | Venom: A Última Rodada


Venom: A Última Rodada entrega um desfecho eletrizante para a trilogia de Eddie Brock e seu simbionte mortal, mantendo o caos e a adrenalina que os fãs da franquia esperam. Dirigido por Kelly Marcel, o filme eleva a insanidade característica da série a novos patamares, trazendo cenas de ação exageradas e um humor peculiar que têm sido marcas registradas desde o primeiro filme.

A trama coloca a dupla em uma situação de alta pressão: caçados por forças alienígenas e terráqueas, Eddie e Venom enfrentam ameaças de todos os lados enquanto sua conexão é posta à prova como nunca antes.

Tom Hardy, mais uma vez, incorpora Eddie Brock e Venom com uma química única, e essa dinâmica segue sendo o ponto forte do filme. A relação entre os dois está mais afiada do que nunca, com momentos hilários e emocionantes, principalmente quando são forçados a enfrentar uma escolha devastadora que pode separá-los para sempre. A conexão entre os personagens é o que dá coração a esse capítulo final, tornando-o muito melhor que seus antecessores.


Em termos de ação, Venom: A Última Rodada é um espetáculo visual. As batalhas são insanas  o filme se aproveita ao máximo de sua classificação indicativa, com cenas de violência que chegam ao limite permitido. Venom devora inimigos sem piedade, e há uma verdadeira sensação de urgência enquanto são caçados tanto por forças alienígenas quanto humanas. A introdução de novos alienígenas do planeta de Venom traz uma ameaça ainda maior, colocando o protagonista em uma posição de vulnerabilidade nunca antes vista.

No entanto, apesar de todas as suas qualidades o roteiro apresenta alguns buracos e uma trama que poderia ser mais bem desenvolvida. Há momentos em que a narrativa parece se perder em sua própria loucura, tornando algumas situações confusas ou sem sentido. Além disso, o filme é carregado por suas cenas de ação e efeitos especiais, mas falta profundidade em certos aspectos da história.

Os fãs da franquia certamente não ficarão desapontados, pois o filme entrega tudo o que se espera de uma aventura de Venom: cenas eletrizantes, humor ácido e uma dupla protagonista carismática. Embora não seja o melhor exemplo de cinema de quadrinhos em termos de enredo, o longa cumpre seu papel de entreter e finalizar a história de Eddie e Venom de maneira explosiva.

Venom: A Última Rodada é um filme divertido e frenético, que, apesar de suas imperfeições, oferece uma conclusão satisfatória para a saga de Eddie Brock e Venom. Tom Hardy brilha no papel, e a química com seu simbionte continua sendo o grande destaque. Para os fãs de ação exagerada e caos, o filme cumpre o que promete, deixando a porta aberta para futuras aventuras no universo de Venom.

21/10/2024

CRÍTICA | O QUARTO AO LADO


Pedro Almodóvar, em "O Quarto ao Lado", entrega um drama sensível e intenso que, apesar de sua simplicidade narrativa, aborda a morte de forma profunda e poética. O filme é centrado na relação entre duas mulheres, Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton), que se reúnem após anos de afastamento em meio ao dilema existencial que a doença de Martha impõe, um câncer cervical em estágio avançado.

A força do filme reside em seu diálogo honesto e profundo. A conversa entre as duas protagonistas é, em sua essência, um verdadeiro ensaio sobre a vida e a morte. Almodóvar, ao adaptar o romance "What Are You Going Through", de Sigrid Nunez, tece uma tapeçaria de memórias, arrependimentos e redescobertas, levando o espectador a refletir sobre a fragilidade da existência e a complexidade das relações humanas.

A cinematografia de Eduard Grau é um ponto alto, captando não apenas a beleza dos cenários de Woodstock, mas também a carga emocional das interações entre Ingrid e Martha. As transições entre os momentos de leveza e as profundas reflexões filosóficas são habilmente realizadas, criando um espaço seguro para que os personagens explorem suas vulnerabilidades.

Tilda Swinton brilha como Martha, trazendo uma intensidade emocional que reverbera na tela. Sua performance é uma jornada de aceitação e luta contra o medo, um retrato honesto de alguém que, apesar de saber que o fim se aproxima, não está disposta a abrir mão do desejo de viver. Julianne Moore, por sua vez, apresenta uma Ingrid calorosa e empática, que se vê diante da difícil tarefa de apoiar uma amiga em sua decisão de buscar o controle sobre sua própria morte.


A relação entre as duas mulheres é o coração pulsante do filme. Enquanto se revezam entre momentos de alegria e tristeza, o espectador é levado a questionar o que significa realmente estar presente para alguém em seus momentos mais sombrios. O código da porta fechada, que sinaliza a decisão de Martha, é uma metáfora poderosa para o encerramento de ciclos e a inevitabilidade da morte.

Almodóvar, aos 74 anos, não se apresenta como um pessimista, mas sim como um artista que desafia a plateia a encarar a morte de frente, colocando-a em uma perspectiva de vida. "O Quarto ao Lado" é uma obra que, embora trate de um tema sombrio, também é uma celebração da amizade, da vulnerabilidade e da beleza encontrada nas interações humanas. O filme não só nos confronta com a realidade da mortalidade, mas também nos lembra da importância de viver intensamente enquanto há tempo.

O Quarto ao Lado traz uma experiência cinematográfica que evoca reflexão e emoção, solidificando Pedro Almodóvar como um dos grandes mestres contemporâneos do cinema. Através de uma narrativa delicada e performances impecáveis, o filme se torna uma reflexão poderosa sobre a vida, a morte e a força dos laços que nos unem quanto espécie.

14/10/2024

CRÍTICA | Super/Man: A História de Christopher Reeve


"Super/Man: A História de Christopher Reeve" dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, é um documentário profundamente comovente que vai além do retrato de uma celebridade, explorando a vida de Christopher Reeve, mundialmente conhecido como o icônico Superman. No entanto, é sua verdadeira força, revelada após o trágico acidente que o deixou tetraplégico, que ocupa o centro desta narrativa. O filme se afasta do glamour da fama e mergulha em temas de superação, determinação e heroísmo da vida real.

O documentário foca no ponto de virada da vida de Reeve: o acidente de 1995, quando ele caiu de um cavalo e quebrou duas vértebras do pescoço. Ao iniciar a narrativa a partir desse evento, os diretores estabelecem o tom da produção, que não é sobre o auge de sua carreira como Superman, mas sobre sua impressionante jornada de resiliência e ativismo após o acidente. Esse enfoque humaniza Reeve, mostrando-o como um homem que enfrentou desafios extraordinários com coragem, sem esconder sua vulnerabilidade.

A estrutura não linear do documentário é uma escolha acertada, alternando momentos da vida pré e pós-acidente de Reeve. Isso permite ao público vê-lo tanto como o carismático astro de Hollywood quanto como um homem que lutava para reconstruir sua autonomia. O equilíbrio entre celebrar seu sucesso e abordar sua transformação em um ativista para pessoas com deficiência é tratado com sutileza, evitando a glorificação exagerada de sua figura.


O Doc também não se esquiva de abordar aspectos complexos da vida pessoal de Reeve. Ele é retratado como um pai distante de seus dois primeiros filhos e como um defensor dos direitos das pessoas com deficiência que, inicialmente, focava na busca por uma "cura" para sua condição, antes de aceitar plenamente sua realidade. Esses detalhes tornam o retrato de Reeve mais honesto e tridimensional, destacando a humanidade por trás do símbolo de Superman.

A relação de Reeve com sua segunda esposa, Dana, é um dos pontos mais emocionantes do filme. Embora Dana tenha falecido em 2006, sua presença permeia o documentário, com depoimentos de amigos e familiares que destacam seu papel fundamental no cuidado e apoio a Reeve. A história de amor entre os dois é apresentada com sensibilidade, adicionando camadas de empatia e admiração ao longa.

Tecnicamente, "Super/Man" é bem executado, com um uso eficaz de imagens de arquivo e entrevistas com pessoas próximas a Reeve, incluindo seus filhos Matthew, Alexandra e Will. Os momentos em que Will, ainda criança, interage com seu pai após o acidente são particularmente tocantes e evidenciam o impacto profundo que essa tragédia teve na família.

O documentário oferece uma visão poderosa sobre o que significa ser um herói. "Super/Man: A História de Christopher Reeve" redefine o conceito de heroísmo, mostrando que a verdadeira força não reside apenas na capacidade de voar, mas na resiliência diante das adversidades. Reeve, mesmo imobilizado, encontrou forças para transformar sua dor em um movimento de conscientização e mudança.

Com um retrato fiel e inspirador, o documentário é uma homenagem emocionante à trajetória de Reeve, não apenas como o Superman das telas, mas como um símbolo de esperança e superação na vida real. Uma obra tocante e imprescindível tanto para os fãs do ator quanto para aqueles que admiram histórias de luta e resistência.

09/10/2024

CRÍTICA | INFESTAÇÃO


Infestação é um filme de terror dirigido por Sébastien Vanicek, que combina aracnofobia com uma leve crítica social, ambientado em um conjunto habitacional na periferia de Paris. A trama acompanha Kaleb (Théo Christine), um jovem colecionador de animais exóticos que, ao adquirir uma aranha venenosa em um bazar, vê sua vida e a de seus vizinhos se transformar em um pesadelo quando o animal escapa e começa a se reproduzir rapidamente. A partir daí, o prédio em ruínas onde vive se torna uma armadilha mortal, forçando os moradores a lutar por suas vidas enquanto a polícia isola a área.

A premissa é simples, mas eficaz: uma infestação de aranhas transforma o local em um cenário de horror. O filme utiliza o medo primitivo que muitos têm de aranhas para criar tensão crescente, e a direção de Vanicek consegue intensificar esse sentimento de pavor ao longo da narrativa. O uso de aranhas monstruosas e a referência a clássicos como Aracnofobia (1990) e Eight Legged Freaks (2002) são evidentes, mas Infestação busca adicionar um toque de realismo urbano, ao situar seus personagens em um contexto de marginalização social.


No entanto, um dos pontos fracos do filme é a superficialidade com que trata o desenvolvimento dos personagens e a crítica social que tenta abordar. Kaleb, por exemplo, está em conflito com sua irmã Manon (Lisa Nykaro) por questões de herança, mas essa trama não é explorada com profundidade. As tensões entre os moradores e as autoridades, representadas pela personagem Lila (Sofia Lesaffre), uma ex-amiga de Kaleb que agora trabalha como policial, são apenas insinuadas, sem se aprofundar nas críticas sociais sobre a desconfiança em relação às instituições públicas.

O roteiro, escrito por Vanicek e Florent Bernard, peca por não equilibrar adequadamente o desenvolvimento dos personagens e a ação de sobrevivência. As interações entre os personagens muitas vezes parecem forçadas e sem impacto emocional. Isso enfraquece o envolvimento do público com suas lutas para sobreviver à infestação de aranhas. Além disso, o filme parece hesitar entre se entregar completamente ao terror ou abordar mais diretamente as críticas sociais que esboça, o que resulta em uma narrativa inconsistente.

Visualmente, o filme é bem executado. A direção de fotografia de Alexandre Jamin cria uma atmosfera claustrofóbica e de pavor crescente, utilizando ângulos dinâmicos que capturam bem o horror da situação. As aranhas, em sua maioria criadas por CGI, são assustadoras o suficiente para incomodar até os mais aracnofóbicos, mas o uso irregular de efeitos digitais em algumas cenas pode quebrar a imersão do espectador.


Apesar dessas falhas, Infestação consegue entregar momentos de tensão e ação bem coreografados. As sequências de sobrevivência são intensas, e o sentimento de claustrofobia e impotência é palpável. No entanto, o filme perde força em sua segunda metade, quando a narrativa se torna uma simples corrida para sobreviver, deixando de lado os elementos mais promissores apresentados no início.

O final, ambíguo e sem respostas claras, pode deixar o público com uma sensação de frustração, sugerindo que o filme estava mais preocupado em abrir portas para uma possível continuação do que em fechar sua própria narrativa de maneira satisfatória.

Infestação é um filme que entrega o básico em termos de terror de monstros e aracnofobia, mas falha em se destacar como algo mais profundo. Enquanto oferece momentos de tensão genuína e algumas cenas de ação bem construídas, sua falta de desenvolvimento de personagens e a tentativa frustrada de balancear o terror com críticas sociais resultam em um filme que diverte, mas dificilmente será lembrado no gênero.

CRÍTICA | Robô selvagem


"Robô Selvagem" é uma aventura animada que transcende a tela e toca o coração, trazendo à vida a história de Roz, uma robô náufraga em uma ilha desabitada que precisa aprender a sobreviver em um ambiente completamente novo. Baseado no livro homônimo de Peter Brown, o filme é uma viagem emocionante sobre adaptação, natureza e conexões improváveis. A animação, dirigida por um talentoso time de cineastas, entrega um dos filmes mais visuais e narrativamente encantadores do ano.

O ponto forte de "Robô Selvagem" é a relação gradual de Roz com os animais da ilha. Desde o início, a personagem é apresentada como uma máquina projetada para tarefas humanas, mas que se encontra descontextualizada ao cair em um ambiente selvagem. No entanto, é a sua sensibilidade crescente e o vínculo que ela desenvolve com um filhote de ganso, que torna a trama profundamente comovente. Essa relação serve como coração do filme, e é um reflexo claro de como seres de diferentes naturezas podem aprender a se entender e a colaborar para sobreviver.

Visualmente, o filme é um espetáculo à parte. A direção de arte consegue capturar a beleza selvagem da natureza, com cenários que variam entre o sereno e o ameaçador. A fauna e flora da ilha são retratadas com uma riqueza de detalhes que aproxima a animação de uma verdadeira pintura em movimento. As transições entre estações do ano e as paisagens selvagens oferecem um cenário perfeito para a jornada emocional de Roz, enquanto a paleta de cores utilizada é cuidadosamente escolhida para refletir os momentos de alegria, perigo e descoberta.


A dublagem brasileira mais uma vez se destaca, trazendo uma performance que enriquece ainda mais a narrativa de "Robô Selvagem". A voz da protagonista, Roz, ganha vida de maneira surpreendente, transmitindo uma profundidade e emoção que contrastam de forma brilhante com sua natureza robótica. Os dubladores dos personagens secundários, como os animais da ilha, adicionam camadas de personalidade que fazem com que essas criaturas se tornem essenciais para o desenrolar emocional da trama. O trabalho de dublagem é impecável, capturando com precisão as nuances entre o artificial e o humano que emergem ao longo da história.

Em termos de narrativa, o filme pode parecer simples em sua premissa, mas é em sua simplicidade que reside sua força. O roteiro explora temas profundos como o que significa pertencer, os limites da inteligência artificial e a relação do ser humano com a natureza. "Robô Selvagem" não tem medo de fazer perguntas difíceis, especialmente sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente, mas o faz de maneira sutil, sem sermões, permitindo que o público tire suas próprias conclusões.

"Robô Selvagem" é emocionante e visualmente deslumbrante, um dos grandes filmes de animação do ano. A história de Roz e suas relações com as criaturas da ilha é um lembrete poderoso de que, mesmo nos lugares mais improváveis, é possível encontrar comunidade, amizade e propósito. Com uma combinação perfeita de arte, narrativa e performances vocais, "Robô Selvagem" certamente vai se consolidar como um clássico contemporâneo.

08/10/2024

CRÍTICA | Força Bruta: Sem Saída


Em "Força Bruta: Sem Saída," dirigido por Lee Sang-yong, a fórmula de sucesso da franquia "The Roundup" é reiterada, apresentando o carismático e imponente policial Ma Seok-do (Ma Dong-seok) em mais uma eletrizante e brutal aventura. Sete anos após os eventos de uma captura no Vietnã, Ma Seok-do se une a um novo esquadrão policial, liderado pelo Detetive Ma (Kim Min-jae), para investigar um misterioso caso de assassinato que rapidamente se entrelaça com a fabricação e distribuição de uma droga sintética devastadora. O vilão da vez, Joo Sung-chul (Lee Jun-hyuk), juntamente com o gangster japonês Ricky (Aoki Munetaka), promete mergulhar a Coreia em um caos sem precedentes.

A trama, como já esperado, é relativamente simples: Ma Seok-do enfrenta uma rede de traficantes que envolve a Yakuza japonesa, o clã coreano White Shark e policiais corruptos, tudo isso enquanto tenta deter a nova droga "Hiper," que está devastando a cena noturna da Coreia. Este enredo básico, embora cativante para os fãs do gênero, acaba por revelar uma estrutura repetitiva que limita a profundidade narrativa do filme.

A ação é, sem dúvida, o ponto forte de "Força Bruta: Sem Saída." As cenas de luta são bem coreografadas e oferecem uma dose saudável de adrenalina. Ma Dong-seok, com sua presença física impressionante, domina as sequências de ação com um estilo que mistura brutalidade e humor seco. Ele não é um lutador ágil, mas sua força bruta e habilidade de nocautear oponentes com um único soco trazem uma dinâmica interessante, destacando-se em um gênero que muitas vezes valoriza a acrobacia.


A direção de Lee Sang-yong mantém a clareza nas cenas de combate, essencial em um filme de ação. A câmera coloca o público na posição dos adversários de Ma, criando uma experiência que é ao mesmo tempo assustadora e cômica. Contudo, o ritmo do filme sofre em alguns momentos, com uma narrativa que se arrasta entre as cenas de ação, diminuindo o impacto da trama.

Os vilões, como Ricky e Joo Sung-chul, são uma parte vital do filme. Munetaka Aoki, como Ricky, traz uma intensidade única, oferecendo algumas das cenas de ação mais impactantes, como uma luta sangrenta onde usa uma katana. Joo Sung-chul, por sua vez, representa uma frieza calculada que contrasta com a impulsividade de Ma, mas ambos acabam caindo em estereótipos, tornando-se figuras unidimensionais que carecem de desenvolvimento. 

Um tema que permeia a franquia é a xenofobia latente. Os vilões frequentemente são retratados como ameaças estrangeiras, enquanto Ma Seok-do representa a força bruta que mantém a ordem. Embora a introdução de Joo Sung-chul, um coreano corrupto, ofereça uma nuance, o filme não escapa de um certo maniqueísmo cultural.


Um dos aspectos que distingue "Força Bruta: Sem Saída" é o talento de Ma Dong-seok para equilibrar humor e brutalidade. Seu personagem é um herói que intimida, mas que nunca perde o toque cômico, especialmente quando confrontado com a ineficiência burocrática ou a tolice de seus inimigos. No entanto, apesar de sua carisma, a falta de profundidade emocional e narrativa impede que o filme se destaque em meio a outros títulos do gênero.

"Força Bruta: Sem Saída" entrega exatamente o que promete: ação desenfreada e cenas de luta brutais. Para os fãs da franquia e do trabalho de Ma Dong-seok, o filme será uma adição satisfatória à saga de Ma Seok-do. No entanto, aqueles que buscam uma narrativa mais elaborada ou um enredo inovador podem se sentir desapontados com a simplicidade da trama e a repetição da fórmula. O filme é divertido enquanto dura, mas dificilmente deixará uma impressão duradoura, exceto pela força irresistível de seu protagonista. Em suma, "Força Bruta: Sem Saída" é uma obra que, embora não inove, ainda consegue entreter, fazendo jus à tradição de ação que a franquia representa.

02/10/2024

Crítica | Coringa: Delírio a Dois


Coringa: Delírio a Dois, dirigido por Todd Phillips, é a ambiciosa sequência do aclamado filme de 2019, que agora busca misturar a psicologia densa de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) com os elementos estilísticos de um musical. No entanto, o que poderia ter sido uma combinação ousada e inovadora acaba sendo uma experiência frustrante e desarticulada, com momentos brilhantes em termos visuais, mas falhas em capturar o impacto emocional que o material exige.

A trama se passa após os eventos do primeiro filme, com Arthur Fleck (Phoenix) preso no hospital psiquiátrico de Arkham. Lá, ele conhece Harleen Quinzel, interpretada por Lady Gaga, cuja personagem acaba desenvolvendo uma relação obsessiva e doentia com Arthur. A promessa de uma dinâmica poderosa entre os dois personagens logo se dissolve, dando lugar a uma narrativa morosa, marcada por longas cenas de tribunal que parecem mais um obstáculo ao progresso do enredo do que uma adição significativa.


O grande diferencial desta sequência seria a inclusão de números musicais, que deveriam servir como expressões dos estados mentais dos protagonistas. No entanto, essas cenas não conseguem capturar a intensidade emocional que o filme tenta transmitir. As músicas, em vez de se integrarem organicamente à narrativa, soam deslocadas e, em muitos momentos, mais como distrações que diluem o impacto dramático. Lady Gaga, que deveria brilhar, é ofuscada por sua própria ausência em grande parte do filme. Quando aparece, sua performance é sólida, mas pouco memorável, comprometendo o que poderia ter sido uma relação mais cativante entre Arthur e Lee.

Visualmente, o filme é um espetáculo. Cada cena é cuidadosamente construída para refletir o caos mental dos personagens e a atmosfera opressiva de Gotham. A estética teatral presente em vários momentos reforça o tom de delírio que a narrativa busca transmitir. No entanto, a beleza visual não é suficiente para sustentar a falta de substância emocional. A violência crua que definiu o primeiro filme é praticamente inexistente aqui, o que faz com que o Coringa perca grande parte de sua identidade como vilão anárquico e imprevisível.


Outro ponto que enfraquece Coringa: Delírio a Dois é a falta de desenvolvimento do próprio Arthur Fleck. O filme parece repetir os mesmos temas do primeiro longa, sem acrescentar novas camadas ao personagem. O dilema sobre sua sanidade e a relação com a sociedade que o rejeitou são revisitados de forma superficial, resultando em uma narrativa que pouco avança em termos de originalidade.

O final é sólido e encerra a história de forma definitiva, sem deixar espaço para uma continuação, o que pode trazer alívio a quem buscava uma conclusão mais coesa. No entanto, fica a sensação de que o nome "Coringa" foi usado apenas para atrair um público que esperava ver o vilão em sua essência, algo bem distante do que o filme realmente oferece.

Coringa: Delírio a Dois tenta se reinventar, mas acaba sucumbindo ao peso de suas próprias ambições. Embora tenha momentos esteticamente belos e uma atuação digna de nota por parte de Phoenix, o filme falha em criar uma conexão emocional forte com o público. Para aqueles que esperavam uma continuação à altura do primeiro filme, Delírio a Dois é uma decepção, pois, apesar de todo o seu potencial, não consegue capturar a essência que tornou o Coringa um ícone tão perturbador e fascinante.

Nota: Dó!