31/07/2025

Crítica | Os Caras Malvados 2


A sequência do aclamado filme "Os Caras Malvados" chega às telas com a difícil missão de manter a energia, a irreverência e a carga moral de seu antecessor. Dirigido por Pierre Perifel e JP Sans, "Os Caras Malvados 2" mergulha novamente na vida da peculiar gangue formada por animais antropomórficos que, após uma jornada de redenção, busca firmar-se como exemplo de mudança para a sociedade. O novo longa propõe uma expansão da história, introduzindo novos personagens e uma ameaça global, mas não sem tropeçar em alguns aspectos de sua construção narrativa e tonalidade.

Logo de início, o filme se distancia da estrutura clássica dos filmes de assalto ao adotar um tom mais próximo de paródias de espionagem, evocando o dinamismo de franquias como "Missão: Impossível" e "007". Ainda assim, mantém o núcleo emocional centrado nos dilemas morais dos protagonistas, especialmente o Sr. Lobo, que continua a liderar o grupo com charme e astúcia. A tensão interna da narrativa se constrói a partir da dificuldade de provar que os personagens mudaram, mesmo diante de uma sociedade que os julga exclusivamente por seus passados.

O enredo ganha fôlego com a introdução de um novo grupo de antagonistas: as Bad Girls, lideradas pela implacável Kitty Kat, uma leoparda da neve. O plano maléfico da nova gangue envolve o roubo de todo o ouro do mundo com a ajuda de um ímã gigante feito do fictício Mcguffinite, elemento extraído do espaço, que serve como típico artifício narrativo para movimentar a trama. A escolha de um recurso tão fantasioso contrasta com a tentativa do roteiro de discutir temas sérios como arrependimento, redenção e a necessidade de transformação pessoal. Nesse ponto, o filme encontra uma tensão entre seu desejo de entreter com ação desenfreada e sua ambição de refletir sobre mudança e aceitação. 


A estrutura do filme, embora eficiente em seu ritmo e recheada de sequências de ação bem animadas, sofre com a ausência do frescor da apresentação original. O encanto de conhecer pela primeira vez a gangue do Sr. Lobo, composta ainda por Sr. Cobra, Sr. Tubarão, Sra. Tarântula e Sr. Piranha, agora dá lugar a repetições de arquétipos e piadas que nem sempre atingem o mesmo nível de acerto. Ainda assim, as dublagens continuam marcantes, com destaque para a performance do Sr. Cobra, que ganha um arco narrativo surpreendente ao se envolver romanticamente com uma das vilãs, Doom.

A diretora de moralidade do filme é novamente Diane Foxington, a governadora com um passado criminal como a lendária Pata Escarlate. Sua relação com o Sr. Lobo continua ambígua, transitando entre a atração romântica e o respeito mútuo. No entanto, o roteiro a trata de forma secundária, quase como uma memória viva do primeiro longa. A chantagem sofrida por ela serve mais como motor narrativo para a ação do que como um elemento dramático realmente explorado. 

Narrativamente, "Os Caras Malvados 2" propõe uma nova abordagem da questão do perdão social. Se o primeiro filme tratava da possibilidade de mudança individual, esta sequência pergunta se a sociedade está disposta a aceitar essa transformação. É uma questão pertinente, especialmente em tempos de cancelamento e julgamento moral instantâneo. O personagem de Lobo se vê constantemente frustrado por tentar seguir o caminho certo e, ainda assim, ser tratado como um criminoso. Em contraponto, a vilã Kitty Kat defende a ideia de que o medo é mais eficaz que o respeito, levantando uma discussão moral válida, ainda que o filme opte por resolvê-la de forma previsível. 


Visualmente, a animação mantém o estilo inovador que mistura elementos de 2D e 3D, lembrando graphic novels e animações japonesas. A movimentação é fluida, as sequências de ação são bem coreografadas e há um cuidado estético com os detalhes dos cenários, que variam de cidades agitadas a estações espaciais futuristas. Essa ambição visual é uma das grandes forças do longa, principalmente quando o roteiro hesita ou se dispersa entre tantas referências e sub-tramas.

Do ponto de vista temático, o filme aborda com humor e leveza as dificuldades de se romper com estigmas sociais e recomeçar. Ainda que a moral seja entregue com menos sutileza do que no primeiro filme, há um esforço genuíno em mostrar que ser bom é mais difícil do que ser mau, mas muito mais gratificante. A conclusão oferece uma mensagem esperançosa, reforçando o valor do esforço, da empatia e da solidariedade. A afirmação de que o medo não inspira respeito, apenas temor, é uma lição importante, embora não nova, e se conecta com a trajetória de crescimento de Lobo e sua equipe.

Por outro lado, o filme também permite deslizes. O humor escatológico e algumas insinuações românticas entre espécies diferentes, embora supostamente engraçados para o público infantil, podem soar exagerados ou inadequados para algumas famílias. O uso ocasional de linguagem mais forte e referências espirituais superficiais, como o uso da saudação "Namastê" em tom jocoso ou cenas em que personagens rezam em meio à ação, também exigem certa cautela na recepção do filme entre os mais jovens.


Ao final, "Os Caras Malvados 2" se mantém como um entretenimento eficaz, com ritmo acelerado, personagens ainda cativantes e uma estética marcante. Contudo, perde parte do brilho original ao insistir em ampliar a escala da aventura sem aprofundar emocionalmente seus protagonistas. A moral da história continua relevante e o humor continua funcional, mas a sensação é de que a sequência joga seguro, preferindo repetir fórmulas do que arriscar novos caminhos narrativos.

Ainda assim, o filme deixa espaço para uma possível terceira parte, especialmente após a virada final que recoloca o Professor Marmalade, como um possível vilão musculoso e reformulado, pronto para retomar o posto de antagonista. Se isso se confirmar, resta torcer para que os roteiristas recuperem o equilíbrio entre ação, humor e emoção que tornou o primeiro filme tão surpreendente. "Os Caras Malvados 2" pode não ser tão afiado quanto seu antecessor, mas ainda é um lembrete divertido de que ser bom nunca foi tão difícil ou tão necessário

Crítica | Amores Materialistas


Novo longa-metragem da diretora e roteirista Celine Song, é uma comédia romântica moderna que, embora revestida com o brilho dos romances tradicionais, se revela muito mais incisiva, sóbria e provocadora. Após o sucesso melancólico e delicado de "Vidas Passadas", Song volta ao universo das relações humanas, agora com um olhar aguçado sobre os dilemas contemporâneos do amor e do dinheiro. Ambientado na glamourosa Nova York do século XXI, o filme se apropria da estética dos romances leves de Jane Austen e das comédias românticas dos anos 2000 para subvertê-los, propondo uma análise desconfortavelmente realista sobre o casamento, os relacionamentos e os valores que nos norteiam.

A protagonista Lucy, interpretada por Dakota Johnson, é uma casamenteira profissional em uma agência de elite que promete aos clientes encontrar o amor da sua vida. A promessa, no entanto, vem envolta em um verniz corporativo: a compatibilidade amorosa é tratada como um algoritmo offline, as emoções se tornam transações e os relacionamentos são desenhados com base em métricas e filtros. A atuação de Dakota Johnson verbera uma sutileza afiada, conseguindo expressar tanto o cansaço emocional de sua personagem quanto a ironia de alguém que vive de vender sonhos românticos que já não acredita. Seu figurino elegante e despretensioso reforça essa persona blasé, sofisticada e incrivelmente ciente das regras do jogo social em que atua. 

É nesse cenário que surge o conflito principal do filme, um triângulo amoroso entre Lucy, Harry (Pedro Pascal) e John (Chris Evans). Harry é um milionário encantador, calmo e elegante, enquanto John é o ex-namorado pobre, mas carismático, artista falido e garçom de buffet. A dicotomia entre amor e dinheiro, antigo dilema do romance clássico, aqui ganha contornos atualizados e mais sombrios. Lucy admite abertamente que pretende se casar por dinheiro, não por cinismo, mas por convicção prática. Isso é dito com tanta naturalidade e frieza que o espectador se vê desafiado a julgá-la. Song não transforma Lucy em vilã nem heroína, apenas em alguém tentando sobreviver em um sistema que premia quem calcula bem as apostas do coração.


A escolha de Song de retratar os pretendentes como homens íntegros, afetuosos e respeitosos, impede que a resolução da história seja óbvia ou fácil. Não há antagonistas caricatos, apenas pessoas reais em situações emocionalmente complexas. Evans entrega aqui um dos melhores trabalhos de sua carreira, despindo-se da perfeição heróica para se apresentar vulnerável, apaixonado e ligeiramente desesperançoso. Sua química com Johnson é evidente, não só pelas trocas calorosas, mas pela dor silenciosa que compartilham em cenas mais introspectivas. Pedro Pascal, embora mal aproveitado em termos de química romântica, convence como um ideal inalcançável, um homem aparentemente perfeito que encarna o fetiche do provedor sem mácula.

O roteiro de Song brilha justamente na tensão entre esses opostos. O texto, recheado de diálogos cortantes e dolorosamente verdadeiros, capta o espírito de um tempo em que o romantismo é filtrado por mapas mentais, planos de carreira e projeções de estabilidade financeira. A diretora transforma observações desconfortáveis em frases memoráveis, fazendo ecoar as melhores tradições de roteiristas como Nora Ephron e Billy Wilder. A questão nunca é apenas quem Lucy ama, mas o que ela pode perder ou ganhar ao seguir seu coração em um mundo onde amor e pragmatismo raramente coexistem. 

Visualmente, o filme é requintado. A fotografia de Shabier Kirchner valoriza tanto os ambientes sofisticados quanto os momentos de intimidade, oferecendo uma estética polida sem cair no artificial. A trilha sonora de Daniel Pemberton é outro destaque, transicionando com fluidez do glamour superficial para a melancolia delicada à medida que a trama avança. Pequenos detalhes visuais, como as lâmpadas em um quintal durante uma conversa entre Lucy e John, carregam simbolismos de nostalgia e desejo por algo perdido. 



"Amores Materialistas" poderia facilmente seguir o caminho previsível das comédias românticas convencionais. Poderia encerrar com uma declaração de amor grandiosa, um beijo sob a chuva e uma música pop no fundo. Mas Celine Song rejeita essa via confortável. Ao invés disso, opta por uma conclusão que é ao mesmo tempo ambígua e honesta. O final não resolve todos os dilemas, nem oferece certezas. Ele apenas reafirma o que o filme sempre sustentou: que amar, escolher, ceder e resistir são atos tão imprevisíveis quanto profundamente humanos.

Nesse sentido, o filme se aproxima mais de uma etnografia urbana existencial do que de uma fantasia escapista. Há ecos de Eric Rohmer na maneira como Song filtra o glamour por uma lente realista, quase sociológica. O luxo dos cenários e o apelo dos protagonistas não escondem o cinismo estrutural do universo que habitam. O casamento, como Lucy afirma a certo momento, sempre foi uma transação. O que muda são os termos, os contratos e os disfarces. 

Apesar de algumas inconsistências de ritmo e de uma química irregular entre os triângulos amorosos, "Amores Materialistas" é uma obra sofisticada e corajosa. Em uma época de narrativas fáceis e emoções plastificadas, Song aposta na complexidade, na incerteza e na vulnerabilidade como ferramentas para contar uma história que nos obriga a encarar o espelho. Talvez o filme não ofereça a catarse esperada por muitos espectadores acostumados ao romantismo doce e inofensivo, mas, em troca, entrega algo mais valioso: uma reflexão sincera, incômoda e profundamente relevante sobre o que significa amar em tempos de transações emocionais. 

Celine Song reafirma, com este segundo longa, seu lugar como uma das vozes mais interessantes do cinema contemporâneo. Ela entende que os grandes dilemas do coração não mudaram tanto assim, apenas ganharam novas camadas, aplicativos e cifras. "Amores Materialistas" é, antes de tudo, um retrato sensível e sagaz de como tentamos desesperadamente equilibrar sentimento e sobrevivência em um mundo cada vez mais voltado para o desempenho, o sucesso e a imagem. Imperfeito, mas necessário, o filme é um lembrete de que, mesmo em tempos cínicos, ainda é possível fazer cinema romântico com alma e inteligência.

Crítica | Drácula: Uma História de Amor Eterno


Drácula – Uma História de Amor Eterno, dirigido por Luc Besson, propõe mais uma releitura da célebre obra de Bram Stoker, desta vez centrada na faceta romântica do personagem título. Embora se trate de um universo frequentemente revisitado pelo cinema, Luc Besson procura trazer frescor à trama ao investir no sentimentalismo, na estética gótica estilizada e em um elenco internacionalmente diverso. O resultado, contudo, é um filme visualmente ambicioso, mas dramaticamente inconsistente, que flutua entre o encanto e o artificial.

A narrativa acompanha a trajetória trágica do Príncipe Vladimir, que, após perder sua amada Elisabeta em meio a uma emboscada, renega a fé e é condenado à imortalidade como o vampiro Drácula. Séculos depois, já na Paris do século XIX, ele reencontra sua amada reencarnada como Mina, reacendendo um amor que transcende o tempo. A premissa é clássica e, em mãos mais contidas, poderia render uma poderosa fusão de terror e romance. Contudo, Besson opta por enfatizar a fantasia amorosa, muitas vezes em detrimento da complexidade emocional e narrativa da história original.

Caleb Landry Jones assume com intensidade o papel do Conde Drácula, entregando uma performance melancólica. Sua presença gótica, seus gestos contidos e a entrega corporal à figura atormentada que interpreta são o ponto alto do filme. Ao seu lado, Zoë Bleu, como Elisabeta e Mina, oferece delicadeza e fragilidade, ainda que sua personagem seja reduzida a um arquétipo passivo de musa romântica, sem voz própria ou força narrativa autônoma. Christoph Waltz, como um padre dedicado a entender e combater o mal encarnado nos vampiros, brilha com sua habitual sobriedade e intensidade, oferecendo equilíbrio a um elenco por vezes entregue ao exagero dramático. 


Visualmente, o filme é um espetáculo. O orçamento de 45 milhões de euros é evidente em cada detalhe cenográfico, no luxo dos figurinos e no esmero da ambientação, especialmente nas cenas ambientadas na Paris do século XIX. A fotografia de Juan Miguel Azpiroz busca recriar a atmosfera sombria e sedutora da literatura gótica, enquanto a trilha sonora assinada por Danny Elfman evoca um clima grandioso que remete aos grandes épicos românticos e de horror. Entretanto, o uso de efeitos visuais compromete parte desse impacto. Há momentos em que a computação gráfica parece mal acabada, com estátuas animadas de aspecto cômico e fundos de tela verde mal integrados, elementos que prejudicam a imersão e conferem ao filme uma aura de artificialidade.

O roteiro, co-escrito por Besson, aposta fortemente na estilização do romance eterno entre Drácula e sua amada, mas peca pela superficialidade. A história de amor que deveria ser o cerne do enredo se revela previsível, baseada em clichês e reforçada por cenas excessivamente sexualizadas e simbolismos repetitivos. A abertura do filme, com uma cena de sexo quase caricata, já antecipa a abordagem exagerada que marcará toda a narrativa. O relacionamento do casal é retratado mais como um fetiche trágico do que como uma conexão verdadeira e emocionalmente elaborada. A ausência de diálogos significativos e o foco quase exclusivo na idealização do amor masculino sobre a figura feminina deixam pouco espaço para o espectador se conectar genuinamente com o casal. 

Elisabeta, reencarnada como Mina, é tratada quase como uma entidade etérea, moldada apenas pelo olhar apaixonado e obcecado de Drácula. Essa ausência de protagonismo feminino compromete o equilíbrio narrativo e relega a personagem ao papel de mártir, condenada a viver à sombra do sofrimento de seu amante imortal. Apesar disso, a atuação de Zoë Bleu tenta, com sensibilidade, humanizar sua personagem, emprestando-lhe gestos contidos e olhares que sugerem profundidade mesmo quando o roteiro não colabora. 


O filme também falha ao tentar equilibrar diferentes tons e gêneros. Há momentos em que o horror é esvaziado pela estética exagerada, enquanto a fantasia romântica é atrapalhada pela superficialidade do texto. Em meio a esses extremos, o tom dramático se perde, deixando o filme oscilando entre o kitsch e o melodrama. A tentativa de Besson de entregar uma obra acessível a novos públicos, sem se apoiar excessivamente em cenas sangrentas ou violência gratuita, é louvável. No entanto, a leveza excessiva e a pressa com que se resolvem os conflitos mais importantes do enredo resultam em um desfecho emocionalmente raso.

Há ainda uma camada extratextual que pesa sobre a recepção do filme. O retorno de Luc Besson à direção ocorre sob a sombra de múltiplas acusações de violência sexual, o que não pode ser ignorado ao se analisar sua nova obra. Quando se observa que a personagem feminina central é reduzida a objeto de desejo e sofrimento, sem agenciamento próprio, é impossível não traçar paralelos com essa problemática. O olhar masculino predomina em todo o projeto, o que compromete qualquer tentativa de oferecer uma perspectiva realmente sensível ou inovadora sobre a história. 

Drácula – Uma História de Amor Eterno é uma adaptação que brilha mais por sua ambição estética do que por sua substância narrativa. É um filme que busca impressionar com visuais, performances e uma trilha sonora poderosa, mas que se perde em sua tentativa de modernizar a história sem compreender completamente suas camadas mais profundas. Faltam-lhe densidade emocional, inovação dramática e equilíbrio no uso dos símbolos clássicos do mito. Para os fãs do personagem, pode ser uma experiência curiosa. Para os que esperam uma obra que honre o legado de Stoker com profundidade, complexidade e autenticidade, a obra de Besson deixa muito a desejar.

25/07/2025

Belo Horizonte recebe pela primeira vez o Korean Film Festival – KOFF com sessões gratuitas

 


O KOFF – Festival de Cinema Coreano acontece de 16 a 21 de setembro no Sesc Palladium, em Belo Horizonte, trazendo uma seleção de curtas e longas-metragens inéditos no Brasil, todos com exibição gratuita.

O Festival de Cinema Coreano – KOFF chega pela primeira vez a Belo Horizonte com uma programação intensa e gratuita dedicada ao melhor do cinema sul-coreano contemporâneo. A capital mineira recebe o evento entre os dias 16 e 21 de setembro de 2025, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro), oferecendo ao público mineiro uma imersão cinematográfica que inclui nove sessões de curtas e longas inéditos no Brasildebates internacionaisoficinas em escolas públicas e muito mais.

O festival é parte de um circuito que percorre sete cidades brasileiras, celebrando a diversidade e a modernidade do audiovisual coreano. Em sua terceira edição, o KOFF presta homenagens, promove debates híbridos com especialistas da Coreia do Sul e do Brasil e celebra os 50 anos da KOFA – Korean Film Archive, com sessões especiais de filmes restaurados dos anos 1950 em resolução 4K.

Filmes em destaque da Mostra Não-Competitiva

O público de Belo Horizonte terá a oportunidade de assistir a produções que foram destaque em festivais internacionais e que abordam temas variados como amor, trauma, juventude, tecnologia e empatia.

Pôster: Lost (2025), de Kang Dong-in |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

Lost (2025), de Kang Dong-in
Durante a espera por um transplante de pulmão, o atirador Yoon Tae-hwa descobre que seu pai, doador do órgão, causou um acidente grave. Tentando se redimir, ele se aproxima de Kwon Mi-ji, filha da vítima, e a surpreende cometendo um roubo. Um acordo entre eles desencadeia uma jornada emocional de reconciliação e busca por respostas. Um drama profundo sobre redenção, segredos familiares e perdão.


Pôster: Dream Palace (2022), de Ka Sungmoon |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

Dream Palace (2022), de Ka Sungmoon
Hye-jung tenta recomeçar a vida após perder o marido em um incêndio. Ao se mudar para um novo conjunto habitacional com o filho, enfrenta abandono estrutural e isolamento social. Uma história tocante sobre luto, injustiça e resistência feminina.


Pôster: Summer’s Camera (2025), de Divine Sung |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

Summer’s Camera (2025), de Divine Sung
Depois da morte do pai, Summer deixa a fotografia de lado — até se apaixonar por Yeonwoo, astro do futebol. As fotos que tira acabam revelando segredos do passado do pai, e ela embarca em uma jornada emocional sobre perdas e descobertas.



Pôster: Boy in the Pool (2024), de Ryu Yeon-su |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

Boy in the Pool (2024), de Ryu Yeon-su
Seok-young conhece Woo-ju, um nadador misterioso com pés palmados. Quando ele parte para seguir seus sonhos, ela lida com a insegurança e o fim de um relacionamento intenso. Um drama juvenil sobre amor, autoimagem e destino.



Pôster: Sister Yujeong (2024), de Chung Hae-il |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

Sister Yujeong (2024), de Chung Hae-il
Com a irmã mais nova presa por abandono de incapaz, Yoojeong tenta reverter a situação. A busca por respostas a leva por caminhos inesperados, em uma trama de tensão familiar e determinação.



Pôster: Secret-Untold Melody (2023) de Seo You-min|KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

Secret: Untold Melody (2023), de Seo You-min
Um retrato nostálgico do primeiro amor entre Jinwoo e Seon-ah, colegas de ensino médio que descobrem sentimentos profundos durante um período de crescimento e mudança. Leve e emocional.



Pôster: The Beetle Project (2025), de Jin Kwang-kyo | KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

The Beetle Project (2025), de Jin Kwang-kyo
Após enchentes separarem um besouro de seu dono norte-coreano, o inseto é encontrado por crianças sul-coreanas. Uma fábula comovente sobre empatia, fronteiras e amizade entre povos.



Pôster: You Are the Apple of My Eye (2025), de Cho Young-Myoung |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

You Are the Apple of My Eye (2025), de Cho Young-Myoung
Outra abordagem do romance entre Jinwoo e Seon-ah, destacando o impacto das primeiras paixões adolescentes e como elas marcam profundamente a memória.



Pôster: Crypto Man (2025), de Harry Hyun |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025
Pôster: Crypto Man (2025), de Harry Hyun |KOFF – Festival de Cinema Coreano 2025

Crypto Man (2025), de Harry Hyun
Baseado em fatos reais, o longa acompanha Do-hyun, que falsifica documentos para entrar em uma escola de elite e, mais tarde, cria uma criptomoeda fraudulenta com Ji-woo. Uma crítica afiada ao sistema educacional e ao culto ao sucesso na sociedade sul-coreana.



Confira a programação completa do festival:

Todas as sessões ocorrem no Sesc Palladium, com entrada gratuita:

-16 de setembro (terça-feira)

  • 19h – Mostra de Curtas: A Revelation At The Table
  • 19h20 – Longa: Lost

-17 de setembro (quarta-feira)

  • 19h – Mostra de Curtas: Mom and Me
  • 19h15 – Longa: Dream Palace

-18 de setembro (quinta-feira)

  • 19h – Mostra de Curtas: Okshushu
  • 19h25 – Longa: Summer’s Camera

-19 de setembro (sexta-feira)

  • 16h – Mostra de Curtas: Night Fishing
  • 16h25 – Longa: Boy in the Pool
  • 19h – Mostra de Curtas: The Third Direction
  • 19h15 – Longa: Sister Yujeong

-20 de setembro (sábado)

  • 14h – Mostra de Curtas: Solace
  • 14h10 – Longa: Secret: Untold Melody
  • 19h – Mostra de Curtas: Floating
  • 19h15 – Longa: The Beetle Project

-21 de setembro (domingo)

  • 15h – Mostra de Curtas: My Winter
  • 15h10 – Longa: You Are the Apple of My Eye
  • 18h – Mostra de Curtas: Tangled
  • 18h25 – Longa: Crypto Man

(Obs: lista sujeita a alterações pela organização do festival.)

Sobre o festival

O KOFF é realizado pela Trein Produção Cultural com patrocínio de empresas como CJ do Brasil, Hyundai Motor Brasil, Glovis Brasil Logística e Atomy do Brasil. A edição mineira tem curadoria de Prof. Dr. Rubens Rewald, com co-curadoria de Marcia Kling e Prof. Dr. Josmar Reyes, e coordenação local de Renata Dutra (MBYÁ) e Dinah Kim (Made in Korea Minas).

A proposta curatorial deste ano gira em torno do tema “Diversidade e Modernidade”, promovendo um diálogo entre Brasil e Coreia do Sul através da linguagem cinematográfica.

Onde assistir

📍 Festival de Cinema Coreano – KOFF
🗓 16 a 21 de setembro de 2025
📌 Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro – Belo Horizonte/MG
🎟 Entrada gratuita
🌐 Mais informações: www.koffko.com.br
📲 Instagram: @koffko_
📘 Facebook: facebook.com/koffkofestival
📺 YouTube: @koffkosp



16/07/2025

Portal GeekPop News celebra 9 anos com live especial e convidados de peso


O Portal GeekPop News está completando 9 anos de história! Para comemorar essa trajetória dedicada à cultura geek e pop com identidade, personalidade e opinião própria, vem aí uma live imperdível, recheada de atrações e convidados especiais.

A transmissão ao vivo acontece no dia 19 de julho, sábado, a partir das 16h, no canal oficial do GeekPop News no YouTube (https://www.youtube.com/@GeekPopNews). A apresentação será comandada por Levi Gois e Giovanna Affonso, trazendo muita energia, humor e, claro, conteúdos exclusivos.

Entre os destaques da programação, o escritor Felipe Fagundes marca presença. Autor dos romances "Gay de Família" e "Os Dois Amores de Hugo Flores" (Editora Paralela), Felipe traz à conversa um olhar sensível e atual sobre representatividade na literatura contemporânea.

Outra grande convidada é Graça Cunha, cantora, compositora, atriz e dubladora, conhecida por dar voz à leoa Sarabi no live-action de O Rei Leão, e por interpretar temas de animes como Shurato. Sua versatilidade artística promete um bate-papo emocionante.

Também participa da celebração a atriz, dubladora, professora e cosplayer Melanya Silva Fiaux Berling, a Melanya Fiaux. Natural de Belo Horizonte, Mel se destaca na dublagem nacional desde 2018, tendo emprestado sua voz a filmes, animações, séries e games — incluindo o recém-lançado Ragnarok Origins (2024).

O universo cosplay também ganha espaço especial na live, com as presenças de Rach Asakawa, reconhecida por performances marcantes como Beidou (Genshin Impact) e Yennefer (The Witcher); e Rayara Eckhardt, com personagens autorais como Aeritch e Xilonen. Ambas são juradas e embaixadoras da Tek Geek e representam com talento o cenário cosplay nacional.

E não para por aí! A programação ainda inclui a Gincana GeekPop, um quizz ao vivo para testar os conhecimentos nerds do público. O vencedor leva pra casa um prêmio surpresa. Para participar, basta preencher o formulário de inscrição: [Formulário de inscrição]

Uma trajetória com voz própria

Há 9 anos no ar, o GeekPop News se tornou referência por falar de cultura pop e geek com olhar crítico, regional e apaixonado. Da cobertura de eventos às colunas de opinião, dos podcasts às lives, o Portal se firma como um coletivo de ideias e um espaço de representatividade. 

“Celebrar os 9 anos do Geekpop News é como revisitar cada passo que demos com paixão, coragem e muita criatividade. Esse projeto nasceu pequeno, mas cheio de vontade de ocupar um espaço que, até então, não existia: o da cultura pop vivida com identidade regional, com sotaque, com opinião, com verdade. O Geekpop não é só um site, uma página ou um perfil. Ele é um coletivo de ideias que acreditam na força da representatividade, na potência do jornalismo feito com alma e na beleza de transformar o que amamos em conteúdo que informa, conecta e inspira. São 9 anos resistindo, aprendendo, reinventando, e o mais bonito de tudo é saber que, mesmo depois de quase uma década, ainda temos tanto a dizer.” — Mário Guedes, Diretor de Jornalismo do GeekPop News.

Sobre o GeekPop News

Fundado em 2017 por Mário Guedes, o GeekPop News é um portal de notícias e entretenimento geek e pop que valoriza a produção de conteúdo com personalidade, ética e profundidade. De blog independente a plataforma multimídia, o portal integra hoje podcasts, vídeos, entrevistas, redes sociais e uma central de notícias 24h. 

O GeekPop News é parte do Grupo HNTEVENTOS, atuante no setor de entretenimento desde 2009, promovendo eventos e experiências culturais em todo o Brasil. Com colunistas e colaboradores especializados, o Portal cobre temas como cinema, séries, TV, literatura, games, cultura oriental, tecnologia e comportamento, sempre com olhar atento e apaixonado.

10/07/2025

CRÍTICA | SUPERMAN


James Gunn, conhecido por revitalizar personagens de segunda linha na Marvel com Guardiões da Galáxia, agora tenta reanimar aquele que deveria ser o mais incontestável dos super-heróis, o grande Superman. Com seu reboot, o primeiro filme do novo Universo DC sob sua supervisão criativa, Gunn acerta em algumas escolhas, mas tropeça justamente onde o personagem mais precisava de firmeza, propósito narrativo e clareza de identidade.

O novo Superman vive na incômoda intersecção entre o cansaço da fórmula dos blockbusters e a artificialidade de um roteiro que, apesar de bem-intencionado, frequentemente se esconde sob camadas de efeitos visuais, intertítulos explicativos e ambições maiores que seu escopo emocional permite sustentar. O filme abre com uma tentativa ousada de pular os aspectos mais conhecidos da mitologia do herói Krypton e o Planeta Diário, optando por um salto direto em uma crise geopolítica envolvendo dois países fictícios, Boravia e Jarhanpur, evidentemente análogos a Rússia e Ucrânia. No entanto, a superficialidade com que esses conflitos são tratados denuncia uma tentativa frustrada de comentar o mundo real sem a coragem de encará-lo de frente.

David Corenswet assume o papel do Homem de Aço com a entrega de quem carrega não só o peso do mundo, mas o de décadas de interpretações melhores. Sua atuação é básica, por vezes até tocante, especialmente em momentos de vulnerabilidade emocional, mas carece do carisma desarmante de Christopher Reeve ou da presença estoica de Henry Cavill. Sua química com Lois Lane (Rachel Brosnahan) é eficaz, embora Brosnahan frequentemente deslize para um registro cômico excessivamente referencial, como se Monica Geller tivesse conseguido um emprego no Planeta Diário.


Lex Luthor, interpretado com uma mistura de cinismo tecnológico e fascismo corporativo por Nicholas Hoult, emerge como um vilão contemporâneo, moldado à imagem de CEOs amorais e megalomaníacos. Embora suas motivações sejam pertinentes, sua execução narrativa se dispersa em subtramas e discursos que raramente encontram ressonância dramática. O mesmo pode ser dito da introdução da "Gangue da Justiça" um grupo de meta-humanos liderado por um Lanterna Verde cartunesco interpretado por Nathan Fillion, que injeta energia e humor, mas dilui a centralidade do Superman em seu próprio filme. 

Gunn tenta equilibrar reverência e reinvenção, buscando inspiração na Era de Prata dos quadrinhos e em blockbusters setentistas como o Superman de Richard Donner. E quando acerta, acerta bonito, há cenas que trazem o maravilhamento dos quadrinhos clássicos, como o confronto com um kaiju em Metrópolis ou a interação com o Supercão Krypto. Gunn tem o mérito de tentar resgatar o encantamento de um gênero saturado, tratando o Superman com a solenidade pop que o personagem merece, um ser superpoderoso com um coração fundamentalmente humano. 

No entanto, esse esforço é minado por uma estrutura narrativa inchada e expositiva, que avança aos trancos entre batalhas digitais repetitivas, dilemas éticos mal desenvolvidos e um emaranhado de personagens secundários que competem pelo tempo de tela. O CGI, como de praxe, reina soberano e muitas vezes sufoca qualquer autenticidade. O clímax se perde em mais um colapso de prédios e raios de energia coloridos, padrão que se tornou mais uma convenção preguiçosa do que uma exigência épica. 


A crítica mais contundente, porém, é temática, falta ao filme uma visão clara sobre o que o Superman representa hoje. Gunn tenta injetar debates contemporâneos como imigração, manipulação da verdade, vigilância, fascismo digital, mas sem costurá-los de forma orgânica à jornada do herói. No final, o Superman de David Corenswet não é um símbolo renovado, mas uma versão pastiche de ideias mais bem articuladas em filmes anteriores. 

Apesar de tudo, Superman de Gunn não é um ruim, apenas traz algumas falhas. Um sintoma de uma Hollywood que, mesmo com todos os recursos, ainda luta para justificar a existência de seus reboots além do branding. O filme é divertido, exuberante em sua estética e ambicioso em seus temas. Mas, assim como seu protagonista após mais uma luta intergaláctica, ele emerge combalido, com a capa rasgada e um olhar que pergunta: "Era isso que queriam de mim?


08/07/2025

CRÍTICA | Shadow Force - Sentença de Morte


Há uma diferença gritante entre um filme de ação genérico que sabe rir de si mesmo e um filme de ação genérico que se leva a sério demais. “Shadow Force - Sentença de Morte” está dolorosamente no segundo grupo. Joe Carnahan, que outrora dirigiu thrillers importantes como “Narc” e o subestimado “A Perseguição”, entrega aqui um projeto tão previsível e sem energia que nem a química de Kerry Washington e Omar Sy consegue salvar.

A história é a fórmula mais batida do cinema de ação moderno: casal de assassinos de elite, apaixonados, fogem da organização secreta que os treinou e agora são caçados para amarrar pontas soltas. Washington é Kyrah, Sy é Isaac, ambos ex-integrantes da temida Shadow Force, liderada pelo vilanesco Jack Cinder, interpretado por Mark Strong, que parece estar em piloto automático. Eles querem criar seu filho pequeno em paz, mas claro, são puxados de volta para esse submundo. Se você assistiu à Sr. e Sra. Smith, Red, Atômica, Extraction ou qualquer outra franquia derivada de ação com ex-agentes especiais em fuga, você já viu este filme e com diálogos melhores, direção mais inventiva e ação mais consistente.

O roteiro parece construído com prompts de IA para filmes de ação, frases de efeito baratas, reviravoltas previsíveis e lacaios descartáveis. Não há profundidade na relação central entre Isaac e Kyrah; sua separação prévia é explicada superficialmente, e as tentativas de criar momentos de ternura familiar são tão mecânicas que qualquer empatia morre antes de nascer. O filho, interpretado por Jahleel Kamara, é aquele típico garotinho fofo e precoce inserido para gerar identificação e piadas fáceis que aqui surgem como artifícios baratos, de palavrões infantis a dancinhas constrangedoras com Lionel Richie como trilha sonora. Cada aparição dele força o espectador a lembrar que é sobre família, no pior sentido domínico-torettiano da frase.

Carnahan até tenta trazer alguma energia às cenas de ação, mas tudo soa artificial. A perseguição de carros nas montanhas colombianas, seguida por lanchas, tinha potencial, mas a edição é confusa e a fotografia não aproveita as locações exuberantes. As coreografias de luta, que poderiam ao menos garantir entretenimento, carecem de clareza e impacto, algo imperdoável em um filme cujo apelo depende justamente disso. Os elementos da Shadow Force têm designs visuais distintos, mas quase nenhum tempo de tela ou desenvolvimento para serem lembrados. Da'Vine Joy Randolph e Method Man, como Tia e Tio, trazem breves fagulhas de humor natural em suas interações, mas são largados pelo roteiro antes de se tornarem relevantes.

Kerry Washington tem presença de tela e poderia ser uma heroína de ação imponente, mas aqui está presa em um papel que oscila entre mãe guerreira sofredora e assassina fria, sem nunca encontrar o tom certo. Omar Sy faz o que pode, trazendo calor e humor discretos ao personagem, mas seu carisma não é suficiente para sustentar cenas tão mal escritas. Mark Strong, por sua vez, entrega a mesma performance de vilão genérico de outros dez filmes, sem nuances, sem ameaça real, apenas funcional.

“Shadow Force - Sentença de Morte” falha como filme de ação por não ter cenas memoráveis, falha como thriller por não criar tensão ou surpresa e falha como drama familiar por não construir nenhuma relação crível. O resultado é um filme que nem diverte como pipocão nem emociona com suas tentativas de profundidade. A direção sem inspiração de Carnahan o torna tão descartável quanto o nome genérico sugere.

Este é o tipo de projeto que parece feito sob encomenda para plataformas de streaming, onde o público assiste, esquece em minutos e parte para outra. Se havia intenção de criar uma franquia ou um novo casal icônico de ação, ela morre antes mesmo de nascer. Shadow Force - Sentença de Morte não tem força, não tem sombra e, pior, não tem alma.