CRÍTICA | ELA DISSE
Necessário, talvez essa seja a melhor definição para Ela Disse, filme que adapta o livro de mesmo nome e que traz a história real das jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey que juntas investigaram e iniciaram um efeito cascata em casos de assédio envolvendo grandes figuras de Hollywood.
Inspirado em eventos reais, a história de duas jornalistas do New York Times que mudou Hollywood. Megan Twohey e Jodi Kantor escrevem uma das histórias mais importantes de uma geração, que ajudou a lançar o movimento #MeToo e quebrou décadas de silêncio em torno do assunto de agressão sexual em Hollywood. Em 2017, a repórter do New York Times Jodi Kantor recebe uma denúncia de que a atriz Rose McGowan foi abusada sexualmente pelo produtor de Indiewood, Harvey Weinstein. McGowan inicialmente se recusa a comentar, mas depois liga de volta para Kantor e descreve um encontro em que Weinstein a estuprou quando ela tinha 23 anos. Kantor também fala com as atrizes Ashley Judd e Gwyneth Paltrow, que descrevem seus próprios encontros sexuais com Weinstein, mas ambos pedem para não ser citado no artigo por medo de um golpe na carreira. Frustrada com a falta de progresso em sua investigação, Kantor recruta Megan Twohey para ajudar com a peça.
Uma história que precisava virar filme
Livros sempre são adaptados para o cinema, alguns são bem adaptados e outros nem tanto, mas em alguns casos chegamos em uma linha tênue onde o que importa é que a história contada chegue ao maior número de pessoas possível, esse é o caso de "Ela Disse', os acontecimentos contados no livro e que agora chegam aos cinemas trazem as investigações, ameaças, perseguições e os ataques sofridos pelas jornalistas na tentativa de colocar o produtor de cinema Harvey Weinstein atrás das grades por abuso sexual a várias atrizes de Hollywood.
A coragem e a química
Demonstrar em um filme a coragem das jornalistas e os perrengues passados por elas não seria tão fácil se o elenco do filme não contasse com a talentosa Carey Mulligan que tira de letra o desafio de expressar os sentimentos de medo, angustia e coragem necessários ao papel, ao seu lado temos a não tão famosa Zoe Kazan que aqui tem a química perfeita com Mulligan, por se tratar de um filme investigativo e que conta com diálogos longos era de se esperar um ritmo mais lento e o desafio de não tornar algumas cenas chatas e demoradas é superado justamente pela atuação das duas protagonistas, ponto positivo para o elenco.
O Ritmo
Ao falarmos de filmes investigativos e que envolvem jornalistas logo lembramos de "Spotlight: Segredos Revelados" mas vamos com calma... se por um lado temos em Spotlight o ritmo perfeito onde a montagem e o roteiro se casam perfeitamente para um excelente desfecho por outro temos Ela Disse, que ao longo de 129 minutos não tem altos e baixos e que não bebe da fonte de Spotlight, mantendo sempre um ritmo mais calmo, não deixando de ser envolvente e dinâmico.
Problema Resolvido? Só que não!
Mesmo depois de acompanhar todo o sofrimento das jornalistas e das vítimas de abusos por figurões de Hollywood a sensação de impunidade e de que nada mudou toma conta do espectador no fim do filme, principalmente ao analisarmos as notícias de abuso que ainda continuam vindo à tona, por fim, essa história é apenas uma pontinha de um iceberg que ainda precisa ser revelado por completo.
Ela Disse tem uma história pesada, tensa e necessária com uma narrativa contada de uma forma dinâmica e envolvente é sem dúvidas a melhor forma de entender e se revoltar ainda mais com os casos de assédio que envolveram o Harvey Weinstein.
Nota 4.0/5.0
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