Header Ads

Crítica | A Forja - O Poder da Transformação


A Forja - O Poder da Transformação, dirigido pelos irmãos Kendrick, é mais um filme da dupla conhecido por suas obras baseadas na fé cristã. O filme foca na história de Isaiah, um jovem recém formado no ensino médio que luta para encontrar propósito em sua vida. Situado em uma comunidade negra na Carolina do Norte, a narrativa apresenta temas como a ausência paterna, redenção, e a importância do discipulado, mesclando questões espirituais com dramas da juventude contemporânea.

Isaiah (Interpretado por Aspen Kennedy) é um adolescente viciado em videogames e basquete, que enfrenta vários conflitos com sua mãe solteira, Cynthia (Interpretada por Priscilla Shirer), e está desorientado quanto ao seu futuro. A vida de Isaiah começa a mudar quando ele consegue um emprego com Joshua Moore (Interpretado por Cameron Arnett), um empresário bem-sucedido que lidera um grupo de oração chamado "The Forge" Joshua se torna um mentor para Isaiah, apresentando-lhe valores cristãos e ajudando-o a redescobrir um caminho para sua vida.

A proposta é clara: promover uma mensagem de fé, redenção e a importância do discipulado cristão. A abordagem narrativa, porém, revela algumas das características mais criticadas do cinema dos irmãos Kendrick. A história se desenvolve mais como um sermão religioso do que como um filme propriamente dito, dando prioridade à mensagem em detrimento do desenvolvimento de personagens e da complexidade narrativa. O enredo é previsível e se desenrola de maneira simplista, culminando em uma transformação moral de Isaiah que parece servir mais ao propósito do filme do que a uma jornada genuína de autodescoberta.

O filme não esconde sua intenção de servir como um veículo para transmitir valores cristãos. Os diálogos, muitas vezes, soam como discursos premeditados, tornando os personagens mais parecidos com porta-vozes de uma mensagem do que com pessoas reais. Em muitos momentos, a história é interrompida para transmitir lições de vida, a procura pela humanidade que está cada vez mais escassa nas pessoas, cenas de oração (inclusive para robôs), referências e passagens bíblicas, e a tradicional "conversão cristã". Isso resulta em alguns momentos uma narrativa forçada, em que os elementos cinematográficos, como a construção de tensão e o desenvolvimento de conflitos, são secundários à mensagem.

A teologia apresentada em "A Forja" também não está livre de controvérsias. O filme promove uma ideia de redenção através de mudanças comportamentais superficiais, como o abandono de passatempos "frívolos" e a entrada em um grupo de elite de homens cristãos. Essa abordagem pode ser interpretada como uma forma de "deísmo terapêutico moral" sugerindo que a fé cristã é um meio para alcançar sucesso pessoal e uma vida mais ordenada. O protagonista, Isaiah, é transformado em um exemplo de "bom homem" após abraçar os valores cristãos ensinados por Joshua. No entanto, essa mensagem pode ser problemática ao implicar que se tornar um "bom cristão" é abandonar certos aspectos culturais em favor de um padrão de comportamento mais aceitável para a sociedade.


Em termos cinematográficos, o filme é visualmente e tecnicamente mediano. A cinematografia é simplificada e não se esforça para criar uma estética visualmente interessante. As cenas são filmadas de forma limpa, mais parecendo um retrato de família do que um drama. A trilha sonora, apesar de oferecer momentos divertidos, como nas cenas do salão de cabeleireiro, muitas vezes reforça os clichês de tensão e emoção do filme, sem adicionar uma camada mais profunda à narrativa.

As performances dos atores são um ponto misto. Cameron Arnett se destaca como Joshua, trazendo um ar de sabedoria e autoridade à tela. No entanto, as atuações de Aspen Kennedy e Priscilla Shirer carecem de naturalidade, sendo visivelmente forçadas em cenas de drama e conflito. O filme tenta envolver o público com momentos emocionais, mas a falta de profundidade dos personagens faz com que essas cenas pareçam artificiais e previsíveis.

O maior problema de "A Forja" reside na sua estrutura narrativa. O filme é praticamente um folheto evangélico em forma de longa metragem, com diálogos e cenas construídos para transmitir uma mensagem específica, em vez de deixar a história se desenrolar de forma orgânica. A trama carece de verdadeira tensão, e os conflitos são introduzidos de forma abrupta, sem uma preparação adequada para que o público se envolva emocionalmente. A ausência de humor e de tomadas de câmera criativas resulta em um filme excessivamente sério e estático, tornando a experiência cinematográfica monótona.

Por outro lado, é inegável que "A Forja" tem seu público alvo bem definido e consegue entregar exatamente o que ele procura: uma narrativa que afirma valores cristãos de forma inequívoca e sem rodeios. Para aqueles que buscam um filme com mensagens claras de fé e moralidade, ele pode ser uma experiência satisfatória. No entanto, para espectadores que esperam uma narrativa cinematográfica mais elaborada e personagens complexos, o filme deixa a desejar.

A Forja - O Poder da Transformação é mais uma mensagem do que um filme. Sua intenção de inspirar e ensinar é evidente, mas essa abordagem acaba por transformar o longa em uma espécie de sermão filmado, em vez de um drama para um público geral. A mensagem é positiva e importante, especialmente para o público cristão, mas a falta de nuances e a natureza formulaica do filme limitam seu alcance e impacto.

19 comentários:

  1. Para aqueles os que vivem a vida cristã e passaram por uma experiência real de conversão, a Forja é exatamente a vida real, com todas as suas nuances. Filme brilhante!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Apenas para público evangélico. Católicos não irão gostar do filme. Alias, esses filmes raramente gostam de passar mensagens para cristãos católicos.

      Excluir
    2. Deus é Deus de todos , católicos, Cristãos, Espíritas etc.. . Este filme retrata uma problemática que envolve a realidade de muitas pessoas, em especial os jovens, independente da escolha religiosa.

      Excluir
    3. Pensei que católicos também fossem Cristãos...O Filme não fala de religião....

      Excluir
  2. O filme reforça sobre os valores que devemos buscar, para ter uma vida em Cristo Jesus. Todos os dias lutamos contrar nós mesmo, em busca em agradar o mundo seja " ignorância no saber; amizade tóxica e comportamento imaturo nas tomadas de decisões", desse modo perdemos nossa verdadeira identidade. O filme orientar que nós precisamos confirmar plenamente em Deus, pois ele sabe o que é melhor para nós, pois Deus só pede que confiamos nele. Gostei muito do Filme.

    ResponderExcluir
  3. Melhor análise deste filme o li até agora. Imparcial, prezando pelos aspectos técnicos e contexto social. Parabéns.

    ResponderExcluir
  4. Boa análise. Não se prendeu apenas à emoção. Analisou não só a mensagem, mas um filme como um todo. Enfim, filme comum, diria que para cristão do segmento evangélico. O autor não procura falar para públicos diversos, diria que até para cristãos católicos não se aplicaria esse filme

    ResponderExcluir
  5. Sou cristã católica e gostei muito do filme principalmente por mostrar um problema atual como o vício em computador . Achei tbm a atuação do jovem Isaiah brilhante.

    ResponderExcluir
  6. O crítico ajudou bastante e valorizou mais o filme ao tentar desmerecê-lo por valorizar os costumes cristãos e sua importância na formação do homem.
    Estava até em dúvida, mas agora já tenho a certeza de que devo assistir e levar meus filhos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Faço minhas as suas palavras. Meu filho já assistiu e gostaria que ele assistisse novamente. Simplesmente um filme excepcional. E sim, trata-se de um filme para cristãos.

      Excluir
  7. Gostei do filme e da crítica.
    Causou-me curiosidade em um período tenebroso de inversão de valores termos um filme com a temática cristã. A oportunidade de mudança oferecida ao jovem só foi efetivada por ele próprio ao permitir e aceitar seguir valores cristãos. O lazer (game, basquete, bike)continuou, porém sua conduta e amadurecimento com trabalho proporcionaram discernimento e equilíbrio. Muitos jovens atualmente carecem de valores e princípios e Cristo certamente pode ajudar. Cristo é para todos, independente de religião.

    ResponderExcluir
  8. Filme panfletário, de nicho bem específico...vê quem quer

    ResponderExcluir
  9. O filme é especialmente para cristão, e destaca a mensagem bíblica " Ide e fazei discípulos", e expressa a importância do caminhar junto com aquele que precisa ter um encontro com a Palavra de Deus e se relacionar com ela de maneira Viva e prática! Não fala de uma religião, mas de um relacionamento que devemos cultivar com o Pai perfeito, buscando o posicionamento no propósito designado por Deus: influenciar Vidas! Edificá-las! O filme é enxuto, sem tanta técnica, mas é cheio de Vida! Emocionante!

    ResponderExcluir
  10. Sensação de que o crítico preocupou mais em desmerecer a riqueza da mensagem do filme, que certamente serve para pessoas de qualquer religião. Filme belíssimo e record de bilheteria no Brasil.

    ResponderExcluir
  11. O crítico desmereceu tanto o filme por ser cristão que só elevou a realidade de que estamos vivendo valores distorcidos. É a realidade atual!

    ResponderExcluir