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CRÍTICA | Não fale o mal

"Não Fale o Mal", dirigido por James Watkins, é uma adaptação americana do thriller psicológico dinamarquês Speak No Evil, de Christian Tafdrup. A trama segue Ben (Scoot McNairy) e Louise Dalton (Mackenzie Davis), um casal americano que, após se aproximar de uma família britânica durante as férias na Europa, aceita um convite para passar um final de semana na casa de campo dos novos amigos, Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi). O que deveria ser uma viagem relaxante se transforma em um pesadelo, à medida que os anfitriões começam a mostrar comportamentos estranhos e cada vez mais perturbadores.

James Watkins consegue criar um ambiente inicialmente acolhedor, mas que logo se torna sufocante, jogando com a desconfiança do espectador em relação às intenções dos anfitriões. O ritmo do filme, principalmente no primeiro ato, é lento, mas proposital. Ele utiliza o tempo para construir tensão e criar uma falsa sensação de segurança, permitindo que as interações cotidianas e descontraídas entre as duas famílias preparem o terreno para o horror psicológico que está por vir. A mudança gradual de tom é um dos maiores acertos de Watkins.


As atuações são um dos pontos altos do filme. James McAvoy entrega uma performance magnética como Paddy, conseguindo equilibrar seu charme inicial com uma sensação crescente de perigo. Ele se transforma, aos poucos, em um personagem sinistro, que desperta desconforto em cada gesto e palavra. Aisling Franciosi, como Ciara, complementa perfeitamente a atuação de McAvoy, com uma presença inquietante e enigmática, que aumenta a sensação de que algo muito errado está por acontecer.

O roteiro, escrito por Watkins, aproveita-se da premissa simples, mas poderosa, de Speak No Evil, mantendo o foco no terror psicológico, mas adicionando nuances e algumas camadas sobrenaturais que não estavam presentes no original. Essa adição, embora interessante, pode dividir opiniões. Para alguns, os elementos sobrenaturais ajudam a intensificar o horror e criar uma atmosfera mais densa, enquanto outros podem achar que a simplicidade do original, focada na maldade humana, funcionava melhor sem essas adições.


Se por um lado o filme constrói tensão de forma eficaz, ele também apresenta alguns problemas de ritmo, especialmente no segundo ato, onde a narrativa parece estagnar em certos momentos. No entanto, o clímax brutal e impactante compensa essa desaceleração. A direção de Watkins mantém o espectador na ponta da cadeira, especialmente quando a violência, tanto física quanto psicológica, atinge seu auge nos momentos finais do filme.

"Não Fale o Mal" é emocionante e perturbador, conseguindo capturar o espírito do filme original, ao mesmo tempo em que adiciona novos elementos para se diferenciar. A combinação de atuações fortes, especialmente de McAvoy, com a direção tensa de Watkins, transformam o filme em uma experiência sufocante e marcante. Para os fãs de terror psicológico, o filme oferece uma narrativa que explora de forma eficaz os limites do desconforto e da violência, questionando até onde a confiança e a gentileza podem ser levadas antes de se transformarem em algo monstruoso.

Nota: 3.5/5.0

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