CRÍTICA | ELEMENTOS
Elementos é um encantador filme de animação que nos transporta para a sociedade extraordinária da cidade Elementos, onde os quatro elementos da natureza vivem em "perfeita" harmonia: ar, terra, fogo e água. A história gira em torno de Faísca, uma mulher espirituosa com um grande senso de humor, e Gota, um jovem empático e extrovertido. Apesar de suas diferenças, eles se apaixonam e embarcam em um romance complicado. O filme aborda temas como seguir o próprio caminho e estar ao lado daqueles que nos fazem bem, mesmo que a combinação seja improvável, como água e fogo.
A animação de Elementos é de tirar o fôlego. A Pixar mais uma vez demonstra sua habilidade em criar mundos vibrantes e visualmente deslumbrantes. A Cidade Elemento é ricamente detalhada, com cada elemento tendo sua própria estética e atmosfera única. Os efeitos visuais são impressionantes, especialmente nas cenas que envolvem o fogo e a água interagindo, criando belos contrastes e momentos visualmente impactantes.
No entanto, apesar da qualidade técnica da animação, o roteiro de Elementos não se arrisca muito. Ele segue uma fórmula familiar e acaba mantendo a Pixar em sua zona de conforto. Embora seja agradável e bem-executado, o filme não entrega nada verdadeiramente surpreendente, como produções anteriores, como "Divertidamente" e "Soul". Para aqueles que estão familiarizados com o a Pixar, pode haver uma sensação de déjà vu ao assistir Elementos.
O ponto forte do filme são os personagens. Faísca e Gota são carismáticos e cativantes, tornando sua jornada muito envolvente ao longo das uma hora e quarenta minutos de duração. Suas personalidades contrastantes e o romance complicado entre eles fornecem momentos de humor, mas também exploram questões mais profundas relacionadas às diferenças e ao amor incondicional. As famílias peculiares dos personagens também são bem desenvolvidas, representando culturas diferentes que raramente se misturam. Essa mistura destaca a conexão entre o mundo criativo do filme e o mundo real, onde diferentes culturas e origens se encontram.
As piadas e momentos emocionais de Elementos funcionam muito bem. O filme consegue equilibrar momentos engraçados, que garantem risadas, com momentos mais delicados e emocionais que ressoam com o espectador. A capacidade da Pixar de criar animações que agradam a públicos de diferentes idades e evocar uma variedade de sentimentos é evidente mais uma vez.
Outro destaque é a dublagem impecável, que traz um toque local ao adaptar as falas dos personagens com gírias e piadas que funcionam especificamente no Brasil. A inclusão de referências culturais, como o jogador de basquete chamado Oscar, vestindo verde e amarelo, fazendo uma homenagem ao lendário jogador brasileiro Oscar Schmidt, é um acerto do filme. Fica a dúvida se essas referências serão presentes em todas as versões do filme ou se serão adaptadas para cada país, proporcionando uma experiência mais autêntica para o público local.
Em um ano repleto de grandes animações, Elementos se destaca, mas não consegue atingir o patamar elevado das obras mais marcantes da Pixar. Embora seja um filme encantador, que certamente irá entreter e emocionar os espectadores, falta uma surpresa e originalidade para colocá-lo no mesmo nível de clássicos do estúdio. No entanto, a animação ainda é agradável e prova que o estúdio continua a criar histórias cativantes e visualmente impressionantes.
Elementos é uma animação excepcionalmente bem-feita, repleta de mensagens inspiradoras sobre seguir o seu próprio caminho e ser verdadeiramente você ao lado daqueles que te fazem bem, mesmo quando a combinação parece improvável, como água e fogo.
Nota: 4.5/5.0
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