Star Wars: The Last Jedi - Passagem de geração...
Quando o capítulo VII O Despertar da Força saiu, as comparações imediatas com o episódio IV Uma Nova Esperança, foram inevitáveis, afinal o filme usa uma estrutura quase que igual ao filme que deu origem a gigante saga que todos amamos. Mas em Despertar da Força foram deixadas perguntas, que o episódio VIII teria que responder, e foi deixado também algumas preocupações, tais como: Seria esta nova trilogia apenas uma releitura da que deu certo? Veremos tudo acontecer exatamente da maneira que já vimos nos episódios originais? Não teremos nada de novo? Será a mesma fórmula?
O novo capítulo tinha não só a obrigação de responder as perguntas levantadas no episódio anterior, mas também o grande fardo de apontar o caminho que esta nova trilogia trilharia. Muitas teorias foram levantadas, algumas plausíveis, outras nem tanto. Com uma legião de fãs tão apaixonados, o risco de gerar uma decepção enorme era alto. Então o episódio VIII chegou, e o que ele nos reserva? O que Rian Johnson traz para a série? Ele acerta? Erra? É o pior filme ou o melhor capítulo já feito? Confira agora na nossa review sem spoilers do filme.
The Last Jedi começa imediatamente após o final de Despertar da Força, a Nova Ordem está atrás do que restou dos Rebeldes e Rey está na ilha com Luke, onde tenta convencê-lo a treiná-la e busca entender melhor a força. A Nova Ordem fecha o cerco dos rebeldes e consegue enclausurá-los em uma situação de vida e morte que gera o estado de emergência que decorre o filme. Este é o plot do episódio VIII.
Sem entrar em spoilers, a palavra que mais define o sentimento do filme é URGÊNCIA, Ao decorrer do filme, como ele se inicia diretamente após o final do Despertar da Força, a sensação de estar acompanhando aquela ação há algum tempo é transpassada para o telespectador, e ajuda a montar o sentimento de que tudo tem que acontecer rápido.
A história é muito boa, pela primeira vez na saga, Rian Johnson tem a coragem de quebrar alguns paradigmas estabelecidos há décadas e desafia o fã a contemplar algo novo, mas sem necessariamente desaparecer com o antigo. As cenas de ação são impressionantes e o diretor tem um olhar para a fotografia impressionante. Estamos diante do Star Wars mais belo tecnicamente falando, fotografia e direção de arte andam lado a lado, compondo todo aquele sentimento de fantasia que um bom filme de Star Wars pede. Efeitos práticos alternam com os efeitos digitais e casam muito bem, gerando uma enorme veracidade para o universo do filme. Tudo é muito bem composto, detalhes são empregados não só para enfeitar visualmente o filme, mas para ajudar na imersão do telespectador e aproximá-lo da obra.
Temos no episódio VIII a história mais pé no chão de toda a saga, e aqui entra o ponto controverso do filme, Rian Johnson aponta para um futuro onde algumas coisas do passado têm que ser esquecidas, e coisas novas têm que nascer. Se antes os personagens sempre tinham planos mirabolantes que davam certo no fim, aqui aprendemos que nem sempre dará, vemos que nossos heróis erram e planos falham. Finalmente temos uma história corajosa que ousa a confrontar alicerces estabelecidos no passado e que pareciam ser intocáveis.
Mas e os personagens, como voltam? Se resolvem? Perguntas foram respondidas? Bem, Rey e Kylo Ren se afirmam aqui como os protagonistas da história, mas dividem o palco com Luke Skywalker, que faz o papel de mestre frustrado no filme, vale ressaltar que a atuação do Mark Hamill está impecável, ele transmite toda frustração que ele obteve através destes anos num Luke amargo, azedo e até mesmo chato, e não se preocupe se isso não parece combinar com ele, no filme você entenderá o porquê dele ter ficado assim. Leia também está excelente e é uma peça fundamental para ajudar o segundo núcleo de personagens, compostos por Finn, Poe e a estreante Rose, que finalmente assumem seus papéis de estrelas do filme, e desenvolvem seus próprios plots e desfechos.
O Episódio VIII aprofunda tudo que era neutro demais no VII, e os personagens novos que deveriam ser as caras novas da trilogia finalmente ganham o destaque merecido. Os alívios cômicos são pontuais e muito bem encaixados, quebrando a tensão no momento certo pra não deixar o filme cair na tentação de se tornar algo "dark" demais, uma vez que o roteiro é o mais maduro da saga, e não se preocupe, o sentimento pipoca de se ver um filme Star Wars ainda está aqui e é muito bem representado. Ainda é o nosso filme de fantasia espacial que aprendemos a amar.
No fim, temos em The Last Jedi finalmente o filme que muitos queriam ver, caminhos são tomados, os vilões são separados dos mocinhos, mesmo que exista um caminho cinza no filme, que aliás é muito bem debatido, aqui vemos os heróis assumirem seus postos, os vilões idem. Acho que o que mais pude perceber neste episódio foi coragem, o filme transmite uma mensagem linda de passagem de bastão onde algumas coisas antigas têm de ir, e novas têm que tomar o seu posto, e isso é muito bem feito no filme. Com o devido respeito, Rian Johnson mostra que quer agradar os antigos fãs, mas mostra principalmente que para que a saga continua existindo e conquistando novos fãs, ela precisa se arriscar, fazer o novo, estabelecer novas bases e novos paradigmas, e Johnson faz isso, ele ousa, cria, aponta novos caminhos e quebra leis que muitos achavam ser o básico de um filme Star Wars, e ao mesmo tempo honra e entrega o melhor terceiro ato de toda saga para quem é fã da trilogia original.
Resumindo, Star Wars: The Last Jedi é um filme sensacional. Ação, comédia e drama casam bem, e apesar de alguns erros de plot como personagens sem background e algumas perguntas ainda permanecerem sem respostas, o filme entrega o episódio mais ousado de toda saga, e brilha muito em todos os aspectos técnicos. Este talvez não seja o Episódio VIII que todos imaginavam ou teorizavam, mas não julgue o filme pelas expectativas erradas que você criou ou teorias que você tanto debateu na internet, julgue pelo que o diretor te entrega através da visão dele, e entenda que ser diferente não é ser errado, e as vezes se faz necessário para manter algo tão grande como a série Star Wars, viva e empolgante.
A mensagem do filme é clara, Star Wars é grande demais para se prender ao passado e precisa de novas ideias para demonstrar a diversidade de uma galáxia enorme de oportunidades e novas historias que podem ser contadas. The Last Jedi terá a honra de andar ao lado de Empire Strikes Back como os melhores filmes da saga.
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