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CRÍTICA | O CRIME É MEU


"O Crime é Meu", o mais novo filme do diretor François Ozon, chega aos cinemas no dia 06 de julho trazendo uma mistura cativante de mistério, humor e a luta das mulheres por respeito e igualdade. Tudo isso ainda é envolto no charme e estilo característicos dos filmes franceses que agrada a todos os fãs de cinema.

Em O Crime é Meu, Madeleine (Nadia Tereszkiewicz) é uma atriz jovem, pobre e sem talento, acusada em 1930 de assassinar um famoso produtor. Sua melhor amiga, Pauline (Rebecca Marder), uma advogada desempregada, a defende, e a jovem é absolvida por legítima defesa. Então uma nova vida de fama e sucesso começa para Madeleine, mas os dias de glória rapidamente chegam ao fim. Quando a verdade por trás do crime é finalmente revelada, Madeleine pode perder toda a notoriedade que alcançou. O filme é uma adaptação livre da peça francesa de 1934, Mon crime, de Georges Berr e Louis Verneuil. 


O Crime é Meu é um filme envolvente e cativante que transporta os espectadores de volta ao ano de 1930, com uma ambientação imersiva que vai desde o figurino detalhado aos cenários parisienses. A fotografia é especialmente notável, combinando elementos do cinema moderno com o clássico, incluindo referências ao cinema mudo, falado e preto e branco. Essa fusão de estilos contribui para a criação de uma atmosfera diferenciada, que evoca tanto a nostalgia do passado quanto a energia vibrante do presente. O aspecto visual realmente faz a diferença no filme e o deixa ainda mais interessante de se ver.

Logo no início somos apresentados a um mistério, e o roteiro mantém um ritmo excelente, capturando a curiosidade do espectador e mantendo-a até o desfecho. A trama é habilmente desvendada aos poucos, no momento certo, sem entregar tudo de bandeja, mas também sem prolongar demais o mistério. A maneira como a verdade por trás do crime é revelada é satisfatória e mantém o público preso na trama durante toda a narrativa, fazendo com que as quase 2 horas de filme passe sem ser percebida.

Além do ritmo excelente outra característica marcantes do roteiro são as falas memoráveis, que agregam um significado adicional à história. Como uma adaptação de uma peça teatral, o filme se concentra em diálogos longos e profundos, que cativam e até mesmo divertem o público sem se tornarem maçantes ou monótonos. As falas são bem escritas e repletas de nuances, permitindo que os personagens se desenvolvam de maneira convincente e se tornem verdadeiramente envolventes.


E para fazer com que o roteiro bem escrito ganhe toda a dinâmica necessária, temos o elenco e as atuações impecáveis. Os atores retratam com maestria seus respectivos personagens, explorando expressões faciais marcantes para dar vida às suas interpretações. A ênfase nas expressões faciais é particularmente eficaz, considerando a ambientação na década de 30, onde a comunicação não verbal era um pré requisito para o cinema mudo. Nadia Tereszkiewicz e Rebecca Marder mandam super bem em tela e conseguem transmitir emoções e nuances de maneira vívida, criando uma conexão autêntica entre o público e os personagens.

Mesmo que o filme se baseie em uma adaptação livre de uma peça francesa de 1934, ele consegue encontrar sua própria identidade e se destacar como um filme CULT. A direção habilidosa e a escolha acertada do elenco contribuem para a qualidade geral do filme, resultando em uma experiência que com certeza estará na minha lista de filmes franceses que precisam ser vistos.

Em meio à trama principal, o filme aborda a luta das mulheres por igualdade, fazendo isso de uma forma bem descontraída e sutil. Nas entrelinhas da história, somos convidados a refletir sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na sociedade desde 1930, por meio de diálogos perspicazes e situações cotidianas. Através de personagens fortes e empoderadas, o filme retrata as questões de desigualdade de gênero, enquanto envolve o público no mistério.

O Crime é Meu  é uma grata surpresa, se destaca como uma pérola do cinema contemporâneo. François Ozon mais uma vez nos presenteia com uma obra que mescla charme francês, entretenimento e importantes reflexões, proporcionando uma experiência engraçada, rica e memorável.

Nota 5.0/5.0

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