Crítica | Assassino por Acaso
"Assassino Por Acaso" é um filme que se propõe a ser uma mistura intrigante de noir, humor e metalinguagem, mas que infelizmente não consegue alcançar plenamente seu potencial. Dirigido por Richard Linklater e estrelado por Glen Powell, o longa segue a história de Gary Johnson, um professor de psicologia e filosofia que vive uma vida dupla como um assassino profissional trabalhando secretamente para a polícia. A premissa promete, mas a execução deixa a desejar.
A trama central gira em torno de Gary, que sob a identidade de Ron, mergulha no submundo do crime em Nova Orleans. Sua missão é investigar aqueles que o contratam para eliminar outras pessoas, mantendo uma fachada de assassino de aluguel. No entanto, a narrativa toma um rumo inesperado quando Gary se vê ajudando uma mulher desesperada a fugir de seu marido abusivo, levando-o a questionar sua própria moralidade e a possibilidade de se tornar um verdadeiro criminoso.
Glen Powell entrega uma performance surpreendente, conseguindo transitar entre o intelectual Gary e o perigoso Ron com habilidade. A química entre seu personagem e Madison, a mulher que ele ajuda, é um dos pontos altos do filme, trazendo à memória clássicos do gênero como "Irresistível Paixão" de 1998. Esta dinâmica adiciona camadas interessantes à trama, mas não é suficiente para sustentar o filme por completo.
O diretor Richard Linklater tenta equilibrar os elementos do noir com toques de humor e uma abordagem metalinguística, sem cair no exagero. No entanto, o roteiro falha em proporcionar uma narrativa coesa e envolvente. As reviravoltas finais, em vez de serem surpreendentes e inteligentes, acabam parecendo mais piadas do que desfechos bem pensados, o que diminui o impacto do clímax e deixa o público desinteressado nos destinos dos protagonistas.
Além disso, o filme sofre de personagens pouco desenvolvidos, que não conseguem cativar o espectador. A história se concentra excessivamente nas piadas e em uma narrativa inconsistente, perdendo a oportunidade de explorar mais profundamente a jornada do protagonista e as complexidades morais de sua situação. Isso resulta em uma experiência que, embora tenha momentos promissores, tropeça em suas próprias ambições.
Outro ponto que merece destaque é a subutilização do talento de Austin Amelio, que interpreta um personagem secundário sem grande importância para a trama. Sua atuação é sólida, mas o roteiro não lhe dá material suficiente para brilhar, desperdiçando assim um recurso valioso.
"Assassino Por Acaso" tenta reinventar o gênero noir com uma abordagem inteligente e contemporânea, mas falha em sua execução. O filme possui elementos promissores, como a performance de Glen Powell e a química entre os personagens principais, mas é prejudicado por um roteiro confuso e personagens rasos. Richard Linklater, conhecido por sua habilidade em equilibrar diferentes tons, não consegue encontrar o equilíbrio necessário aqui, resultando em um filme que deixa os espectadores desejando mais profundidade e coerência.
Nota 3.0/5.0
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