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Crítica | O Exorcista o devoto


"O Exorcista: O Devoto" chega como uma homenagem ao icônico filme de 1973, trazendo elementos clássicos do terror, mas também ousando ao abordar temáticas contemporâneas pouco exploradas no gênero. Dirigido por David Gordon Green, o filme nos apresenta a Victor Fielding (Leslie Odom Jr.), um pai solitário que, após perder a esposa em um trágico terremoto no Haiti, se vê enfrentando o desconhecido quando sua filha Angela (Lidya Jewett) e sua amiga Katherine desaparecem misteriosamente na floresta. 

A premissa inicial é promissora, ao estabelecer o laço afetivo entre pai e filha após a tragédia. A performance de Leslie Odom Jr. é o ponto alto do filme, transmitindo a angústia e determinação de um pai desesperado em salvar sua filha da entidade demoníaca que a ameaça. Ann Dowd também se destaca, como de costume, oferecendo uma interpretação memorável.

No entanto, a narrativa começa a perder sua consistência com a introdução de personagens secundários como Katherine, Miranda e Tony, que se mostram subdesenvolvidos e genéricos em comparação com Ângela e Victor. Isso cria uma sensação de desequilíbrio no impacto emocional das cenas.


Uma das grandes inovações do filme é a abordagem do sincretismo religioso, que vai além da influência católica presente no original. Outras crenças são apresentadas e desempenham papéis importantes na luta contra a possessão das garotas, adicionando uma camada de complexidade e enriquecimento ao enredo.

O ponto crucial de um filme que leva no título  o nome "O Exorcista" é a cena de exorcismo. Infelizmente, nesse aspecto, "O Devoto" deixa a desejar. Comparada às memoráveis cenas dos filmes anteriores da franquia, esta abordagem não consegue oferecer a mesma intensidade e suspense. Os truques utilizados pelos demônios são simplistas e pouco impactantes.

Além disso, o filme deixa claro desde o início seu desejo de preparar o terreno para futuras sequências, o que acaba prejudicando a narrativa principal. Diferentemente dos filmes anteriores que contavam histórias independentes e completas, "O Devoto" parece mais interessado em estabelecer caminhos para capítulos futuros.


Uma discussão importante levantada pelo filme é a questão do aborto, que é abordada de forma controversa. Isso adiciona uma camada de ambiguidade à mensagem do filme, explorando um tema delicado e polêmico.

"O Exorcista: O Devoto" oferece uma homenagem atualizada ao clássico do terror. Apesar das atuações primordiais do elenco principal e da coragem em abordar temas contemporâneos, o filme peca na falta de desenvolvimento dos personagens secundários, na narrativa incompleta e na cena de exorcismo decepcionante. Deixa-nos ansiosos por futuras continuações, mas com a esperança de uma narrativa mais sólida e um cuidadoso desenvolvimento dos personagens.

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