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CRÍTICA | COMO VENDER A LUA


"Como Vender a Lua" é uma comédia romântica que tenta capturar a essência das comédias clássicas, ambientada no contexto da corrida espacial entre Rússia e Estados Unidos dos anos 60. Dirigido por Greg Berlanti e estrelado por Scarlett Johansson e Channing Tatum, o filme busca equilibrar humor e drama enquanto navega por um tema controverso: a veracidade do pouso na Lua. 

Desde o início, o filme se situa no mundo real da corrida espacial dos anos 60, utilizando imagens de arquivo para contextualizar a competição entre os EUA e a União Soviética. A trama gira em torno de Kelly Jones, uma talentosa marqueteira, e Cole Davis, um piloto frustrado que trabalha nos bastidores da NASA. O encontro dos dois em Cocoa Beach, Flórida, estabelece uma dinâmica de "gato e rato" que impulsiona a narrativa.


Scarlett Johansson entrega uma performance espetacular como Kelly, uma mulher inteligente e astuta, determinada a vender a missão da Apollo 11 para o público americano, recriando a imagem da NASA e fazendo parcerias de mercado para arrecadar recursos. A química dela com Channing Tatum é evidente e consegue "laçar" o público, especialmente nas cenas de flerte e confronto, que lembram uma dinâmica de amor e ódio constante.

No entanto, o roteiro de Rose Gilroy, apesar de interessante, às vezes se perde em sua tentativa de misturar fatos históricos com ficção, resultando em momentos desconfortáveis de teorias da conspiração que não são tratadas com o devido tato, escancarando ainda mais a "ferida americana" sobre a veracidade da ida à Lua.

Woody Harrelson faz uma participação especial como Moe Berkus, um fantasma que orienta Kelly em sua missão. Sua presença excêntrica adiciona um toque de humor ao filme, mas também contribui para a sensação de que o filme está tentando fazer muitas coisas ao mesmo tempo. A introdução de Moe Berkus e a subsequente trama envolvendo a filmagem de um pouso falso na Lua acabam sendo exemplos de como o filme luta para equilibrar seu tom cômico com a seriedade de seus temas.

O filme tenta abordar questões de integridade, ideologia e a manipulação da opinião pública, temas relevantes tanto na década de 60 quanto hoje, mostrando o desenvolvimento do marketing e seu poder de persuasão. No entanto, a execução desses temas nem sempre é eficaz, com algumas cenas parecendo forçadas e outras simplesmente desnecessárias, com muito foco em vendas que na realidade não era bem o caso.


A recriação da época é bem feita, com figurinos, cenários e uma sonoplastia que capturam a essência dos anos 60. No entanto, a falta de profundidade nos papéis de peças importantes do elenco e a dependência excessiva na química entre os protagonistas deixam o filme um pouco desequilibrado.

Apesar de suas longas duas horas de duração, "Como Vender a Lua" não se torna um filme cansativo. Analisando sua semiótica, ele escancara problemas da década de 60 que persistem até os dias atuais, como a dificuldade das mulheres em conseguir respeito por funções de gestão estando em mesmo nível empresarial de um homem e sobre toda a manipulação feita através do marketing em um mercado, independente do seu produto ou serviço oferecido. É um filme super interessante e com uma temática importante. Um diferencial desse longa é que a produtora é a Apple Studios e que ele foi pensado primeiramente para o streaming, acabando por ganhar dimensões para o cinema.

"Como Vender a Lua" é uma tentativa audaciosa de mesclar comédia romântica com um tema histórico controverso. Com performances cativantes de Scarlett Johansson e Channing Tatum, uma recriação de época impecável e uma abordagem intrigante sobre marketing e persuasão, o filme oferece uma experiência única e leve.

Nota: 4.5/5.0

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