CRÍTICA | A LINHA DA EXTINÇÃO
A Linha da Extinção, dirigido por George Nolfi, é um thriller de sobrevivência ambientado em um mundo devastado por monstros indestrutíveis conhecidos como "ceifadores". O filme segue Will (Anthony Mackie), um pai solteiro que vive nas Montanhas Rochosas com seu filho Hunter (Danny Boyd Jr.). Três anos após a aparição dessas criaturas, que mataram grande parte da população global, os poucos sobreviventes se refugiaram acima de 2.400 metros de altitude, onde os monstros não conseguem ir. No entanto, quando Hunter enfrenta uma emergência médica, Will é forçado a descer para buscar os recursos necessários, embarcando em uma jornada perigosa acompanhado por Nina (Morena Baccarin) e Katie (Maddie Hasson).
O grande mérito do filme está na cinematografia de Shelly Johnson, que explora as paisagens deslumbrantes do Colorado de forma a contrastar a beleza natural com a ameaça iminente dos ceifadores. As tomadas amplas e os movimentos de drones capturam o isolamento e a vulnerabilidade dos personagens diante da vastidão do mundo ao redor. Os efeitos visuais também merecem elogios; os ceifadores, inspirados em criaturas de filmes como “Alien” e “Jurassic Park”, são imponentes e intimidadores, mesmo que pouco originais. A trilha sonora de H. Scott Salinas ajuda a intensificar as cenas de ação e suspense, mantendo a tensão ao longo do filme.
Apesar do visual impressionante, o roteiro de John Glenn, Jacob Roman e Kenny Ryan é uma combinação de clichês do gênero. A trama, que mistura elementos de “Um Lugar Silencioso”, oferece poucas surpresas e segue um caminho previsível. A jornada do trio principal é marcada por desafios já esperados e revelações que tentam, sem sucesso, adicionar profundidade emocional aos personagens.
Anthony Mackie traz uma performance interessante como Will, equilibrando carisma e desespero em sua luta para proteger o filho. Morena Baccarin, como Nina, traz intensidade ao papel de uma cientista com um passado traumático e uma missão de salvar a humanidade. No entanto, Maddie Hasson, que interpreta Katie, se destaca ao dar ao filme um toque de rebeldia e otimismo com um lado cômico, mesmo sendo prejudicada por diálogos expositivos que tentam forçar empatia em momentos previsíveis.
A Linha da Extinção tenta explorar questões sobre o significado de sobrevivência e a importância da engenhosidade humana diante de crises. No entanto, esses temas são ofuscados por uma abordagem mais focada na ação e em soluções violentas. A narrativa levanta questões sobre a luta pela retomada da humanidade, mas as respostas dadas pelos personagens são mais agressivas do que reflexivas, o que limita o impacto filosófico do filme.
O filme também sofre com diálogos ocasionais que utilizam metáforas questionáveis, como o comentário de Katie sobre "retomar nosso lugar no topo da cadeia alimentar", que pode ser interpretado de maneira errônea, biologicamente falando, uma vez que os ceifadores não se alimentam de humanos. Essas escolhas enfraquecem a tentativa de humanizar a luta contra os ceifadores, reduzindo a história a apenas um espetáculo de ação.
Apesar de seus defeitos, A Linha da Extinção entrega o que promete, um thriller pós-apocalíptico com ação intensa e cenários impressionantes. Embora careça de originalidade e profundidade, ele é um entretenimento eficiente para quem busca escapismo. A direção de George Nolfi mantém o ritmo e aproveita bem os recursos visuais, mesmo que a história não se eleve acima dos filmes do gênero. Com duração de apenas 80 minutos, o filme é um passatempo razoável, mas não deixa uma marca duradoura.
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