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Crítica | C.I.C - CENTRAL DE INTELIGÊNCIA CEARENSE


Wanderlei, codinome Karkará, é um agente secreto brasileiro encarregado de enfrentar alguns dos criminosos mais perigosos do planeta. Sua nova missão envolve recuperar a fórmula de um projeto ultrassecreto desenvolvido em parceria por Brasil, Paraguai e Argentina. A premissa, digna de um thriller de espionagem internacional, aqui é deliberadamente virada do avesso para dar lugar a uma comédia escrachada, carregada de exageros e piadas de quinta série. 

O longa mergulha de cabeça no estilo de ação absurda popularizado pelo cinema indiano, onde cenas impossíveis e reviravoltas mirabolantes servem muito mais para arrancar risos do que para criar tensão. Mas ao contrário de produções que caem no exagero por acidente, C.I.C deixa claro desde o início que o exagero é o seu combustível e a galhofa, o seu destino final.

O maior trunfo do filme está na forma como a cultura cearense permeia cada diálogo, cada piada e cada expressão. Edmilson Filho é o centro gravitacional da produção, carregando o humor com seu carisma, seu sotaque inconfundível e um timing cômico que transforma até as falas mais simples em momentos engraçados. Entre o elenco de apoio, vale destacar Alana Ferri, que interpreta uma agente argentina de postura séria, mas com um portunhol afiado e um senso de humor que aparece nos momentos certos, funcionando como um contraponto curioso à explosão de exageros ao redor.


Apesar do título e da forte identidade regional, a ambientação vai além do Ceará. O filme se desloca para locações em Ciudad del Este e outros pontos da América do Sul, explorando de forma bem-humorada a rivalidade entre países vizinhos. Essa mistura de ambientação regional e narrativa internacional cria um pano de fundo caricato que combina perfeitamente com o tom do longa.

Com 90 minutos de duração, C.I.C poderia ser ágil do início ao fim, mas acaba tropeçando em alguns momentos arrastados. Mudanças bruscas de rumo no enredo criam uma barriga narrativa que quebra o ritmo. Ainda assim, é difícil culpar a direção por “se perder” nos exageros, já que esse parece ser justamente o objetivo: levar o absurdo até o limite e abraçá-lo sem vergonha. Os efeitos especiais são toscos, e o filme sabe disso. Ao invés de disfarçar, a produção os transforma em parte do charme, algo que reforça a estética de galhofa.

A trilha sonora cumpre seu papel, ainda que sem grandes momentos memoráveis, mas funciona como apoio ao clima leve e debochado. Já os cenários, que alternam entre o regional e o internacional, ajudam a sustentar a atmosfera de paródia de espionagem.


C.I.C – Central de Inteligência Cearense não é um filme de ação convencional e nem tenta ser. É uma comédia nacional caricata, feita para quem gosta de humor escrachado, piadas bobas e exageros propositais. Para esse público, o longa entrega exatamente o que promete: um passeio divertido pela cultura Cearense e pela América do Sul, conduzido por um protagonista carismático e enraizado na cultura local. 

Quem entrar esperando um Missão: Impossível vai se decepcionar. Mas quem der espaço para a sátira vai encontrar um filme que se assume por completo e é justamente essa sinceridade debochada que o torna bom.

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