crítica | Anônimo 2
A sequência "Anônimo 2" segue a fórmula do primeiro filme, mas peca ao não conseguir capturar a mesma energia e surpresa que tornaram seu antecessor um sucesso inesperado. A trama, mais focada na vida doméstica de Hutch Mansell, protagonizado por Bob Odenkirk, expande a premissa de um homem comum que se revela um assassino imbatível. A ideia de um herói cômico, travado em uma vida suburbana e ao mesmo tempo imerso em um mar de violência, ainda rende bons momentos, mas a sequência acaba caindo em um ciclo de previsibilidade.
Hutch, mais uma vez, se vê no meio de um turbilhão de violência após tentar pagar uma dívida contraída com uma organização secreta, o que o leva a uma pequena cidade dominada por criminosos, onde ele tenta aproveitar um raro momento de férias com a família. Mas, como não poderia deixar de ser, a cidade está longe de ser o refúgio tranquilo que ele imagina. O problema dessa premissa é que, ao invés de explorar a luta interna de Hutch em conciliar sua vida de assassino com o papel de pai e marido, o filme acaba se repetindo, e o conflito perde o frescor.
A direção de Timo Tjahjanto aposta em uma violência ainda mais caricata e exagerada do que no primeiro filme. Se a brutalidade de "Anônimo" já se destacava por sua intensidade, a continuação leva isso a um nível mais absurdamente gráfico, em cenas que beiram o cartunesco. A violência desenfreada parece ter sido ampliada para chocar o espectador, mas, ao fazê-lo, perde o charme mais cru e impactante da obra original. A tentativa de alavancar a ação para um nível mais absurdo parece uma tentativa de se distanciar do tom mais realista do primeiro filme, mas o resultado é uma experiência que se sente forçada e um tanto insustentável.
Bob Odenkirk, por outro lado, ainda é a alma do filme. Sua habilidade em transitar entre o homem comum e o assassino impiedoso segue sendo seu maior trunfo. Há algo de genuíno em sua performance, principalmente em momentos em que Hutch tenta evitar a violência, mas acaba se vendo obrigado a recorrer à sua habilidade mortal. Odenkirk faz o possível para dar humanidade ao personagem, mas o filme não oferece mais camadas ou desafios interessantes para ele explorar. Mesmo em suas cenas de ação, ele parece cansado, como se estivesse apenas cumprindo um roteiro que já não oferece mais o mesmo entusiasmo.
A introdução de personagens como o de Sharon Stone, no papel da vilã Lendina, poderia ter trazido uma nova dinâmica ao enredo, mas sua atuação exagerada e forçada não consegue trazer a tensão necessária para equilibrar a comédia do filme. Stone parece querer criar uma personagem com o poder de um monstro, mas seu desempenho acaba se tornando um tanto deslocado. Já a inclusão de Colin Hanks como o xerife da cidade e o retorno de Christopher Lloyd e The RZA como figuras familiares de Hutch adicionam algum carisma à trama, mas sem impactar de fato a narrativa central.
Anônimo 2 não é uma continuação ruim, mas é um filme que falha em aproveitar o potencial que o primeiro abriu. A fórmula, que funcionava na sua simplicidade, se perde ao tentar ampliar a violência e os conflitos, mas sem trazer algo de realmente novo para a mesa. O filme acaba se tornando uma espécie de "nada demais", algo que se repete sem o frescor e a irreverência que marcaram a estreia de Hutch Mansell.
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