CRÍTICA | O Último Rodeio
O Último Rodeio é um drama emocional e inspirador que encontra força na simplicidade. Aprovado pela Angel Guild, o longa traz Neal McDonough em um de seus melhores papéis um cowboy veterano marcado pelo tempo, pela dor e por um passado repleto de arrependimentos. Aqui, ele interpreta Joe Wainwright, uma lenda do rodeio que decide sair da aposentadoria para salvar o neto, diagnosticado com um tumor cerebral agressivo e sem cobertura do plano de saúde.
Logo nos primeiros minutos, o filme conquista o público ao apresentar o drama familiar com intensidade. A dor e o desespero de Joe se tornam o motor da trama, que rapidamente ganha ritmo quando o velho montador decide retornar às arenas, mesmo mancando e sofrendo com dores na coluna. A cada passo, vemos não só o esforço físico, mas também o peso emocional de um homem tentando se redimir diante da vida e da filha com quem não era tão próximo.
Mykelti Williamson entrega uma performance carismática como o amigo e mentor que acompanha Joe nessa jornada. A relação entre os dois é natural e traz momentos de leveza e nostalgia, especialmente durante a pequena road trip até Tulsa, onde acontece o torneio das lendas. As conversas, os silêncios e as lembranças compartilhadas ajudam a construir a profundidade emocional do filme, que alterna bem entre momentos de reflexão e cenas mais intensas.
As cenas de montaria em touros são muito bem executadas e carregadas de tensão. A direção consegue transmitir o perigo e o impacto físico desse esporte, deixando o público aflito a cada segundo que Joe permanece sobre o animal. O realismo das tomadas e o bom uso da câmera lenta reforçam o peso de cada queda, transformando o rodeio em uma metáfora para a luta e a resistência.
A fotografia é outro ponto de destaque. Com belos enquadramentos do interior americano, o filme equilibra tons quentes e paisagens amplas que simbolizam tanto a solidão do protagonista quanto a imensidão de sua jornada pessoal. Cada cena parece cuidadosamente iluminada para reforçar o contraste entre o passado e o presente, a glória e a dor.
O roteiro é simples, mas eficiente. A narrativa se desenvolve de forma dinâmica e mantém o espectador envolvido até o fim, sem enrolações ou desvios desnecessários. A trilha sonora entra sempre no momento certo, pontuando as emoções e reforçando o clima de superação.
Mais do que um filme sobre rodeios, O Último Rodeio é uma história sobre fé, coragem e amor familiar. É sobre enfrentar as perdas e lutar pelo que realmente importa. Embora não traga grandes surpresas ou inovações, cumpre bem o papel de emocionar e inspirar.
O Último Rodeio é um filme sincero e comovente daqueles que tocam o coração sem precisar de artifícios. Emociona, mas não ousa. E talvez seja justamente essa honestidade que o torna tão cativante.
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