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CRÍTICA | A PRIMEIRA COMUNHÃO



Confesso que, quando se trata de cinema espanhol, a primeira e, talvez, única referência que me vem à mente é Pedro Almodóvar. Infelizmente, não é muito comum que filmes espanhóis cheguem aos cinemas brasileiros, a menos que tenham o nome do famoso cineasta espanhol anexado a eles. Entretanto, para a nossa felicidade, a Paris Filmes está trazendo para as telonas brasileiras, no dia 30 de abril, um filme de terror espanhol que promete explorar uma vertente nova do gênero, misturando elementos aterrorizantes com a cultura espanhola: "A Primeira Comunhão".

Em A Primeira Comunhão, são os anos oitenta numa cidade da Espanha, mais precisamente 1987 no povoado de Tarragona. Sara (Carla Campra) teve que se mudar para este lugar e simplesmente não se sente confortável na cidade. Lá ela tem uma melhor amiga chamada Rebe (Aina Quiñones) que também vive no lugar. Um dia, elas se divertem em uma boate, bebem, se drogam e vivem uma noite inesquecível. Na volta para casa, elas encontram uma estranha boneca vestida com um vestido de primeira comunhão. Mal elas sabem que essa descoberta mudará completamente suas vidas e as transformará em um pesadelo.




Um olhar espanhol sobre o terror
Com tantos filmes de terror saturando o mercado cinematográfico atual, é importante que as novas produções consigam se destacar de alguma forma, e é justamente isso que "A Primeira Comunhão" faz ao mostrar a tradição católica da primeira comunhão sob a vertente cultural espanhola, o filme traz uma abordagem única ao gênero do terror, fugindo dos clichês e oferecendo algo novo e diferente. Com isso, consegue chamar a atenção do público e se diferenciar dos outros filmes de terror que estamos vendo por ai, trazendo um frescor muito bem-vindo para o gênero.


O Clima de suspense
"A Primeira Comunhão" é um filme habilidoso em criar uma atmosfera de tensão e suspense imersivos enquanto desenrola sua história misteriosa, mantendo o público curioso e ansioso para desvendar o que está acontecendo com as amigas protagonistas. O filme não abusa dos sustos, focando completamente no desenvolvimento envolvente da trama, mérito do roteiro que consegue segurar a curiosidade do espectador durante quase todo o filme sem entregar tudo de mão beijada. Ao permitir e até mesmo obrigar o uso da criatividade de quem assiste para encaixar as peças e desenvolver teorias, o filme se torna ainda mais intrigante e desafiador.


E o terror?
Já entendemos que o suspense e o mistério que rondam o filme são os pontos mais fortes do longa, mas e o terror? bem, o filme acaba deixando o terror um pouco de lado, deixando claro que o foco é a história e não o susto, mas o terror está presente em cenas de objetos se movendo sem explicação tais como “Atividade Paranormal” e em vários momentos as personagens são levadas a um estado de separação da mente de seus corpos, em uma espécie de “paralisia do sono”, onde experiências sobrenaturais acontecem. Esse conceito é trabalhado de uma forma intrigante, criando momentos de tensão e desconforto para o espectador, e ainda fazendo sentido no contexto apresentado no fim do filme.


Jovens sendo jovens
Por mais que não estamos acostumados com filmes e atores espanhóis, esse é um outro ponto que vale ser ressaltado, o elenco é muito bem escolhido e se encaixa perfeitamente com a ideia do filme, especialmente considerando que grande parte do elenco é formado por jovens atores. Carla Campra e Aina Quiñones, que interpretam as amigas Sara e Rebe, entregam performances convincentes e emotivas, transmitindo muito bem o misto de curiosidade e medo que suas personagens experimentam ao longo da trama. Além disso, o entusiasmo dos jovens adultos em resolver os mistérios que envolvem a boneca de comunhão é contagiante, mantendo o público engajado e investido na história.




Nem tudo é terror e suspense
Com uma premissa interessante, o clima certo e um mistério instaurado o filme falha somente no último ato o que pode deixar muitos espectadores desapontados. O plot-twist apresentado pode não agradar a todos, e pode parecer forçado e até mesmo desnecessário para alguns. Isso é uma pena, pois o restante do filme mantém um ritmo satisfatório e consegue manter o espectador interessado até o desfecho. No entanto, é importante lembrar que o gosto é subjetivo e o que pode não funcionar para alguns pode ser apreciado por outros, portanto, vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões.
 


“A Primeira Comunhão" é um filme interessante que consegue criar uma atmosfera enigmática e perturbadora, gerando um clima de tensão e suspense bem imersivos. Embora o terror fique um pouco de lado em detrimento do suspense, o filme apresenta boas atuações e mantém o público curioso e ansioso para desvendar os mistérios que envolvem as amigas protagonistas. O enredo acaba tomando uma decisão arriscada no último ato, com um plot-twist que pode não agradar a todos. No geral, "A Primeira Comunhão" é um filme recomendado para aqueles que gostam de filmes de suspense com toques sobrenaturais e uma pitada de mistério.


Nota 3.5/5.0

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