CRÍTICA | JOGOS VORAZES: A CANTIGA DOS PÁSSAROS E DAS SERPENTES
"Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" nos leva de volta ao universo distópico de Panem, antes da revolução liderada por Katniss Everdeen. O filme, dirigido por Francis Lawrence, mergulha nas origens do ditador Coriolanus Snow, interpretado de maneira magistral por Tom Blyth. Embora o retorno seja bem-vindo, o filme, que segue fielmente a obra de Suzanne Collins, por vezes peca ao explorar as complexas relações entre os personagens principais.
Desde os primeiros minutos, somos imersos em um mundo pós-guerra, testemunhando os horrores que deram origem aos Jogos Vorazes. A ascensão de Coriolanus Snow estabelece um tom sombrio para a narrativa, destacando a dominação opressiva da Capital sobre os distritos. A iminência dos 10º Jogos anuais adverte sobre a crueldade transformada em espetáculo televisivo.
A trama se desenrola com Coriolanus enfrentando o dilema de ganhar os Jogos para salvar sua família da pobreza. A competição, diferente das anteriores, exige mais espetáculo e emoção, pressionando os mentores a criarem um show memorável. Tom Blyth e Rachel Zegler, que interpreta Lucy Gray Baird, entregam performances incríveis. A química entre eles é palpável, principalmente quando Coriolanus encontra em Lucy Gray uma esperança para conquistar a audiência.
No entanto, a trama se torna complexa com o surgimento de conflitos, especialmente na amizade de Coriolanus com Sejanus Plinth, que expõe as fissuras sociais entre os distritos e a Capital. O romance entre Coriolanus e Lucy Gray adiciona camadas emocionais, mas a narrativa, rica em possibilidades, parece comprometida em determinados momentos.
A dualidade dos personagens e as intrincadas relações deveriam ser o núcleo da trama, mas em alguns pontos, a execução deixa a desejar. Lucy Gray, interpretada por Rachel Zegler, desafia e encanta o público, enquanto Coriolanus oscila entre lealdade e interesse próprio. Infelizmente, a trama não explora totalmente essa dinâmica, deixando-a subdesenvolvida em alguns momentos.
A fotografia do filme é impecável, transportando o público para paisagens deslumbrantes. A divisão em três atos permite uma construção narrativa que cobre a extensa história do livro. O destaque vai para o primeiro ato, que apresenta a história de Snow e estabelece o tom sombrio da Capital. O segundo ato expõe as raízes dos Jogos, enquanto o terceiro foca no romance entre Snow e Gray, proporcionando a revelação dos motivos que moldaram Snow como uma peça central nesse jogo de vida ou morte.
É claro que precisamos falar do desempenho de Viola Davis como Volumnia Gaul, que aqui é cativante e perigoso. Sua parceria com Tom Blyth, destaca-se como um dos pontos altos do filme. A dinâmica entre os dois personagens é envolvente, proporcionando momentos intensos e intrigantes. No entanto, a saída de Viola Davis no ato três deixa um vácuo na trama que poderia ter sido mais profundamente explorado, especialmente considerando a complexidade que a atriz trouxe ao papel.
A trilha sonora desempenha um papel crucial, destacando a importância da música no universo de Jogos Vorazes. Rachel Zegler entrega belas performances musicais, revelando a história por trás da icônica canção "The Hanging Tree". A música é fundamental para transmitir a esperança aos distritos e o entretenimento à Capital, destacando o papel crucial do tordo e das serpentes no poder da Capital.
Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" é um retorno bem-sucedido ao universo distópico, mas não está isento de falhas. A trama e as boas atuações do elenco mantêm os fãs envolvidos, mas a execução em alguns momentos deixa a desejar. A fotografia deslumbrante e a trilha sonora envolvente contribuem para uma experiência marcante. O filme esclarece pontos soltos da franquia, encantando os fãs e, possivelmente, atraindo uma nova geração para esse universo que deixou um legado significativo.
Nota: 4.0/5.0
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