CRÍTICA | MERGULHO NOTURNO
"Mergulho Noturno" mergulha nas águas turbulentas do terror, apresentando uma narrativa que, apesar de original em alguns aspectos, acaba caindo em alguns clichês do gênero. Sob a direção de Bryce McGuire, o filme nos coloca na vida dos Wallers, uma típica família americana cuja mudança para uma casa com uma piscina aparentemente perfeita revela um passado sinistro e malévolo.
O enredo inicia com um gancho impactante, mas ao longo do filme, a trama segue uma estrutura que se assemelha notavelmente à de outros filmes do gênero, como "Smile" de 2022. A introdução da família Waller é bem executada, com destaque para a atuação de Kerry Condon como a mãe, Eve, e Amélie Hoeferle como a rebelde filha Izzy. No entanto, a profundidade dos personagens é limitada, especialmente quando se trata do protagonista Ray, interpretado por Wyatt Russell, cujo diagnóstico de esclerose múltipla não é totalmente explorado em sua complexidade.
A trama se desenrola ao redor de uma piscina que esconde um segredo sombrio, mas a abordagem do filme em relação a essa força malévola é frequentemente reduzida a uma comédia involuntária. A referência constante à ameaça como "a piscina" em vez de "a água" pode parecer intrinsecamente cômica, minando o potencial do filme em criar um terror genuíno.
O filme se esforça para explorar os medos primordiais relacionados à água, mas muitas vezes deixa de aproveitar todo o potencial da fotografia subaquática criativa. A oportunidade de aprofundar a moralidade, apresentada pela capacidade da água de realizar desejos a um custo, não é totalmente explorada, resultando em uma narrativa que poderia ter sido mais rica.
Um outro ponto que chama atenção é o abuso do artifício do jumpscare, que acaba tornando o filme dependente desse recurso para criar tensão e sustos. O diretor opta por utilizar repetidamente a fórmula previsível de construir silêncio seguido por um som estridente e uma imagem chocante, muitas vezes desviando a atenção do desenvolvimento da trama. Essa técnica, embora inicialmente eficaz para provocar reações imediatas, acaba diluindo seu impacto ao longo do tempo, resultando em um cansaço do público em relação a esses momentos abruptos e prejudicando a capacidade do filme de construir uma atmosfera genuinamente assustadora.
A mistura de elementos de comédia e terror parece desequilibrada, deixando o público em um estado de suspensão entre o riso e o medo. Embora alguns momentos consigam explorar efetivamente os medos aquáticos, o filme se perde em seu próprio mar de clichês. A falta de originalidade na abordagem e a dependência de elementos familiares de outros filmes de terror, como "It: Capítulo Um" e "Horror em Amityville", impedem "Mergulho Noturno" de se destacar como uma experiência verdadeiramente única.
"Mergulho Noturno" é para quem curte muitos jumpscares e clichês de filme de terror. O filme vai fundo nesse estilo, proporcionando uma montanha-russa de sustos e cenas previsíveis que muitos fãs desse tipo de filme adoram. No entanto, quem busca de algo mais original e que fuja um pouco dos lugares comuns do gênero, pode se decepcionar. De qualquer forma os pulos na cadeira estão garantidos.
Nota: 3.0/5.0
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