Crítica | O Mal que nos habita
"O Mal Que Nos Habita" desbrava o terror com uma narrativa que se inicia de forma misteriosa, envolvendo os protagonistas em uma trama sinistra. Os sons noturnos e tiros à distância sinalizam o mal iminente, dando o tom de suspense que permeia todo o filme. A descoberta aterrorizante dos irmãos Pedro e Jimi, no início, cria um cenário intrigante e macabro.
A introdução do conceito de um "purificador" que tenta expulsar uma entidade hostil do hospedeiro adiciona uma camada complexa ao enredo. A jornada dos personagens principais até a cabana de Maria Elena, com Uriel em estado lastimável, eleva o horror a um nível perturbador. A persistência do mal por um ano, ignorado pelas autoridades, acrescenta um elemento de impotência diante do sobrenatural.
A inclusão do vizinho Ruiz, preocupado principalmente com a desvalorização de sua propriedade, adiciona um toque de realismo à trama, destacando as diferentes prioridades em face do desconhecido. A solução proposta por Ruiz, que inicialmente parece lógica, intensifica a propagação do mal e leva os protagonistas a uma fuga desesperada.
A narrativa, embora por vezes instável, destaca-se como uma obra original, abrindo espaço para uma potencial franquia. A história por trás da ameaça sobrenatural permanece enigmática, contribuindo para a atmosfera de terror. O filme mantém seu impacto, apesar de momentos chocantes que, em certa medida, diminuem a urgência da narrativa.
O elenco lida com personagens grotescos de forma séria, aprimorando a aceitação da invasão demoníaca. A produção técnica brilha, com um trabalho de câmera envolvente, uma trilha sonora arrepiante, edição precisa e efeitos visuais impressionantes. A originalidade do filme reside em sua capacidade de ser imprevisível, deixando pontas soltas para uma possível continuação.
A caracterização de "O Mal Que Nos Habita" como bizarro e visceral é completamente justificada diante da intensidade da narrativa. A trama, que se desenrola com eventos macabros desde os primeiros momentos, mergulha os espectadores em um estado de loucura perturbadora. A atmosfera repugnante e nojenta, cuidadosamente construída, ultrapassa os limites convencionais dos filmes de possessão, oferecendo uma experiência visceral que desafia as expectativas do público. A agressividade da narrativa, marcada por cenas impactantes e grotescas, contribui para a singularidade do filme, consolidando sua reputação como uma obra que ousa explorar os recantos mais sombrios do horror de maneira verdadeiramente excepcional.
"O Mal Que Nos Habita" é, apesar de sua ocasionalidade grotesca e arbitrária, um triunfo técnico no cenário do horror contemporâneo. Sua promessa como uma obra impactante e a possibilidade de expansão do universo criado certamente o colocam como um filme que deve ser visto por quem gosta do gênero.
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