Header Ads

CRÍTICA | Pássaro Branco - Uma História de Extraordinário


Pássaro Branco – Uma História de Extraordinário, dirigido por Marc Forster, é um drama sensível que funciona como uma expansão de “Extraordinário”, explorando a importância da gentileza em meio a um cenário de guerra. Baseado na graphic novel de R.J. Palacio, o filme alterna entre o presente e a França ocupada durante a Segunda Guerra Mundial, onde Sara (Ariella Glaser), uma jovem judia, é escondida por uma família cristã enquanto tenta escapar dos nazistas.

A história é contada através da perspectiva de Grandmère Sara (Helen Mirren), que relembra seu passado para ensinar ao neto, Julian Albans (Bryce Gheisar), uma lição de empatia e coragem. Julian, que já foi um valentão em “Extraordinário”, é apresentado como alguém que ainda luta com as consequências de suas ações e busca redenção. A conexão com “Extraordinário” é interessante, pois o filme assume a mesma mensagem de gentileza, mas a coloca em um contexto de vida ou morte.

O elenco jovem, especialmente Ariella Glaser e Orlando Schwerdt, que interpreta Julien Beaumier, entrega atuações emocionantes. Schwerdt destaca-se como o garoto com poliomielite que, apesar de sua condição física e da exclusão social, se torna um herói ao proteger Sara. Gillian Anderson e Jo Stone-Fewings, como os pais de Julien, acrescentam profundidade e realismo à história, mesmo que seus papéis sejam limitados.

A direção de Forster enfatiza o aspecto visual, criando uma atmosfera com toques de conto de fadas que às vezes suaviza o impacto do tema sombrio do Holocausto. A fotografia de Matthias Koenigswieser e o design de produção de Jennifer Williams evocam uma estética limpa e organizada, que em alguns momentos pode parecer muito idealizada para um filme sobre tempos tão brutais. O filme exibe cenários impecavelmente compostos e figurinos que parecem novos demais, o que pode distanciar o público da brutalidade da realidade histórica.


A narrativa é eficaz em introduzir o tema do antissemitismo e do totalitarismo para um público mais jovem, embora a abordagem cuidadosa e simplista possa não trazer o mesmo peso emocional para espectadores adultos. A inclusão de elementos românticos entre Sara e Julien, além de cenas de fantasia, como a aparição de um pássaro branco representando liberdade e paz, adiciona uma camada de inocência à história, mas também corre o risco de tornar o tema do Holocausto mais superficial e menos impactante.

O roteiro de Mark Bomback é direto, evitando complexidades que poderiam enriquecer a trama. A história enfatiza a gentileza como uma virtude transformadora, mas há momentos em que a mensagem soa superficial, como se estivesse tentando amaciar o tema difícil para que ele seja mais fácil de consumir. Em especial, o uso de um lobo em uma cena de vingança contra um traidor pode parecer um exagero, destoando da realidade do cenário que o filme tenta retratar.

Embora "Pássaro Branco – Uma História de Extraordinário" talvez falhe em sua ambição de tornar o Holocausto acessível de maneira genuína para todos os públicos, ele cumpre seu papel como uma introdução a este tema para jovens espectadores. Forster consegue equilibrar emoção e suavidade, permitindo que o filme seja um veículo educativo e emocionalmente palatável para uma geração que pode não estar familiarizada com esses eventos históricos.

O filme oferece uma mensagem inspiradora e atual sobre a importância da gentileza e a resistência contra a opressão. "Pássaro Branco" é uma obra que, embora simplificada e idealizada, serve como um ponto de partida sensível para aqueles que querem entender o impacto do Holocausto, com uma maneira compreensível para jovens audiências.

Nenhum comentário