CRÍTICA | Terrefier 3
Terrifier 3, dirigido por Damien Leone, traz de volta o assassino sádico Art the Clown em uma sequência que mistura brutalidade extrema, comédia macabra e um tema natalino inesperado. Continuando a fórmula estabelecida pelos filmes anteriores, o terceiro capítulo não só mantém o nível chocante de violência, mas o eleva a novas alturas, transformando a temporada de festas em um pesadelo sangrento.
Dessa vez, Leone amplia a mitologia por trás de Art e seus antagonistas, incluindo Sienna Shaw (Lauren LaVera), a sortuda que sobreviveu aos horrores de “Terrifier 2”. O filme começa após os eventos do último capítulo, com Sienna ainda assombrada pelo trauma do massacre anterior, enquanto Art ressurge, dessa vez disfarçado de Papai Noel, pronto para transformar o Natal em uma carnificina. Juntando-se a ele está Victoria (Samantha Scaffidi), uma sobrevivente dos primeiros filmes, cujo arco perturbador inclui dar à luz a cabeça decepada de Art no final de “Terrifier 2”.
Terrifier 3 é, sem dúvida, um filme feito para os fãs mais hardcore do gênero slasher, aqueles que anseiam por uma dose massiva de sangue, mutilações e bizarrices grotescas. A atuação de David Howard Thornton como Art the Clown continua sendo o ponto alto da franquia. Sua interpretação física, repleta de expressões faciais exageradas e gestos silenciosos, lembra o estilo vaudevilliano de grandes comediantes como Charlie Chaplin, mas com uma pitada de sadismo à la Jack, o Estripador. Thornton equilibra o horror com momentos de humor sombrio, tornando Art uma figura ao mesmo tempo aterrorizante e absurdamente cômica.
Leone aproveita a ambientação natalina para criar cenas visualmente impactantes, como Art decorando uma árvore de Natal com intestinos e esmagando corpos congelados com pingentes de gelo. A violência em "Terrifier 3" é exagerada, grotesca e frequentemente beira o insuportável, o que certamente agradará aos fãs que assistem a esses filmes pela pura catarse do gore. Leone domina o uso de efeitos práticos, criando momentos que, embora repulsivos, são tecnicamente impressionantes. Cada morte é meticulosamente coreografada, com detalhes perturbadores que ultrapassam os limites do bom gosto.
Apesar da destreza técnica, o filme sofre com problemas narrativos. A trama de "Terrifier 3" é desorganizada e parece apenas um pretexto para emendar uma série de mortes criativas. Leone insere diversos elementos simbólicos e religiosos, como referências à Virgem Maria e estigmas, mas essas camadas de profundidade parecem forçadas e desconectadas do restante da narrativa. Além disso, o filme se estende por duas horas, o que torna a experiência cansativa, especialmente com uma história que pouco avança ou desenvolve seus personagens de maneira significativa.
O retorno de Sienna como a “Escolhida” para derrotar Art traz novamente Lauren LaVera em uma performance competente, mas seu arco de heroína messiânica é mal explorado. O filme tenta abordar seu trauma e os efeitos psicológicos dos eventos anteriores, mas a falta de foco e a dispersão da narrativa acabam por diluir o impacto emocional que poderia ter sido mais significativo.
Além disso, a introdução de Victoria, que agora tem uma ligação sobrenatural com Art, cria mais confusão do que clareza. Suas cenas são, por vezes, excessivamente dramáticas e violentas, sem o equilíbrio de humor que caracteriza as ações de Art. A tentativa de integrar dois arcos principais, o de Sienna e o de Victoria, resulta em uma sensação de desconexão, tornando o enredo difícil de seguir e, em última instância, menos eficaz do que poderia ser.
Ainda assim, "Terrifier 3" cumpre o que promete: um festival de sangue desenfreado, que não economiza em brutalidade nem em cenas chocantes. A franquia continua a se destacar como uma das mais viscerais do terror moderno, agradando principalmente aqueles que apreciam o terror cru, sem compromissos. Para o público mais casual ou para aqueles que preferem tramas coesas e personagens bem desenvolvidos, o filme pode parecer um exercício excessivo em violência gratuita, sem o equilíbrio necessário para sustentá-lo como uma experiência cinematográfica completa.
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