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CRÍTICA | Shadow Force - Sentença de Morte


Há uma diferença gritante entre um filme de ação genérico que sabe rir de si mesmo e um filme de ação genérico que se leva a sério demais. “Shadow Force - Sentença de Morte” está dolorosamente no segundo grupo. Joe Carnahan, que outrora dirigiu thrillers importantes como “Narc” e o subestimado “A Perseguição”, entrega aqui um projeto tão previsível e sem energia que nem a química de Kerry Washington e Omar Sy consegue salvar.

A história é a fórmula mais batida do cinema de ação moderno: casal de assassinos de elite, apaixonados, fogem da organização secreta que os treinou e agora são caçados para amarrar pontas soltas. Washington é Kyrah, Sy é Isaac, ambos ex-integrantes da temida Shadow Force, liderada pelo vilanesco Jack Cinder, interpretado por Mark Strong, que parece estar em piloto automático. Eles querem criar seu filho pequeno em paz, mas claro, são puxados de volta para esse submundo. Se você assistiu à Sr. e Sra. Smith, Red, Atômica, Extraction ou qualquer outra franquia derivada de ação com ex-agentes especiais em fuga, você já viu este filme e com diálogos melhores, direção mais inventiva e ação mais consistente.

O roteiro parece construído com prompts de IA para filmes de ação, frases de efeito baratas, reviravoltas previsíveis e lacaios descartáveis. Não há profundidade na relação central entre Isaac e Kyrah; sua separação prévia é explicada superficialmente, e as tentativas de criar momentos de ternura familiar são tão mecânicas que qualquer empatia morre antes de nascer. O filho, interpretado por Jahleel Kamara, é aquele típico garotinho fofo e precoce inserido para gerar identificação e piadas fáceis que aqui surgem como artifícios baratos, de palavrões infantis a dancinhas constrangedoras com Lionel Richie como trilha sonora. Cada aparição dele força o espectador a lembrar que é sobre família, no pior sentido domínico-torettiano da frase.

Carnahan até tenta trazer alguma energia às cenas de ação, mas tudo soa artificial. A perseguição de carros nas montanhas colombianas, seguida por lanchas, tinha potencial, mas a edição é confusa e a fotografia não aproveita as locações exuberantes. As coreografias de luta, que poderiam ao menos garantir entretenimento, carecem de clareza e impacto, algo imperdoável em um filme cujo apelo depende justamente disso. Os elementos da Shadow Force têm designs visuais distintos, mas quase nenhum tempo de tela ou desenvolvimento para serem lembrados. Da'Vine Joy Randolph e Method Man, como Tia e Tio, trazem breves fagulhas de humor natural em suas interações, mas são largados pelo roteiro antes de se tornarem relevantes.

Kerry Washington tem presença de tela e poderia ser uma heroína de ação imponente, mas aqui está presa em um papel que oscila entre mãe guerreira sofredora e assassina fria, sem nunca encontrar o tom certo. Omar Sy faz o que pode, trazendo calor e humor discretos ao personagem, mas seu carisma não é suficiente para sustentar cenas tão mal escritas. Mark Strong, por sua vez, entrega a mesma performance de vilão genérico de outros dez filmes, sem nuances, sem ameaça real, apenas funcional.

“Shadow Force - Sentença de Morte” falha como filme de ação por não ter cenas memoráveis, falha como thriller por não criar tensão ou surpresa e falha como drama familiar por não construir nenhuma relação crível. O resultado é um filme que nem diverte como pipocão nem emociona com suas tentativas de profundidade. A direção sem inspiração de Carnahan o torna tão descartável quanto o nome genérico sugere.

Este é o tipo de projeto que parece feito sob encomenda para plataformas de streaming, onde o público assiste, esquece em minutos e parte para outra. Se havia intenção de criar uma franquia ou um novo casal icônico de ação, ela morre antes mesmo de nascer. Shadow Force - Sentença de Morte não tem força, não tem sombra e, pior, não tem alma.

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