ANTES TARDE DO QUE NUNCA | NEON GENESIS EVANGELION
Com a chegada no Netflix de “Neon Genesis Evangelion”, o anime de 1995 criado por Hideaki Anno está de volta nas rodas de conversas geeks, e para quem apenas “conhecia de vista” a obra, mas que não assistiu na época do lançamento como eu, tem agora a oportunidade de ver a série e analisá-la de maneira mais crítica e aprofundada.
Minha ligação com Evangelion começa a uns bons dezessete anos atrás. Leitor assíduo de revistas como “Ultra Jovem” e “Herói”, eu era bombardeado com produções que não estavam ao meu alcance, e passando o olho pelas páginas que falavam sobre o desenho em questão (eu trato “anime” apenas como mais um termo do que no resultado final é um desenho, lide com isso), não tive meu interesse despertado de uma boa maneira.
Nunca gostei do gênero ‘Mecha’ (lê-se “méca”; robôs gigantes pilotados por humanos), e a minha ignorância tratava os resumos genéricos das páginas da magazine como desinteressantes. Nos traços eu não compreendia a androginia do personagem principal, eu sempre vi em seu macacão desenhos de seios femininos e em seu cabelo, “arquinhos” … Só eu achava que o Shinji (protagonista da série) era uma menina? E era essa básicamente minha ideia sobre o que poderia ser Neon Genesis Evangelion.
Agora eu concluo como foi bom eu não ter me interessado mais e assistido naquela época. Com toda certeza eu teria odiado, largado pela metade, e não compreendido nem uma fração da complexidade da história contada. E olha... Como o “olhar crítico” da gente muda, hoje eu tenho vergonha do meu eu do passado que falou mal de qualquer traço da animação… Ultrajante, blasfematório.
O mecha EVA-01 |
Pois eis que agora, em 2019, maratonei os 26 episódios e os 2 filmes disponíveis na Netflix, e experimentei da sensação que o pessoal viciado em séries tem ao praticar tal ato. Corpo destruído, mente em chamas e uma dor de cabeça… Me pergunto se é sempre assim ou foi efeito da história de Evangelion? Eu acho que ambos, mas vou dar os créditos da “mente em chamas” e da dor de cabeça para a obra referida.
Em resumo, Neon Genesis Evangelion conta a história de um mundo pós-apocalíptico, onde uma organização chamada NERV, combate monstros chamados de Anjos, utilizando de suas próprias monstruosidades, os robôs gigantes chamadas de EVAs ou Unidades Evangelion, controlados por adolescentes treinados e compatíveis com o mecanismo. Nós somos introduzidos a história, quando o filho do diretor dessa organização, Shinji Ikari, chega a cidade de Tokyo 3, com a missão de pilotar um desses EVAs na tentativa de impedir que os Anjos causem o que chamam de “Terceiro Impacto”, a destruição final da humanidade.
Os pilotos dos Evangelion: Rei Ayanami, Shinji Ikari e Asuka Langley Soryu |
Escrever sobre Evangelion não é tarefa fácil, por isso não quis aqui dissecar enredos, analisar cada personagem individualmente ou responder perguntas de uma história que precisa primeiramente ser assistida, absorvida, digerida e depois sair em busca de respostas e confirmações com base em quem entende melhor do assunto. Precisava comentar a experiência, e pensei muito na minha abordagem, chegando a conclusão de que então isso seria uma indicação.
Neon Genesis Evangelion é uma obra que precisa ser assistida por conta própria, no momento certo, e principalmente com a cabeça aberta.
Da mesma maneira que a animação passou despercebida por mim a tantos anos atrás, talvez ela passe por outros agora, caso não se interessem por histórias de robôs gigantes enfrentando aberrações extraterrestres, como antes eu não me interessava.
Sim, você verá batalhas insanas de monstros gigantes; Gore (representações gráficas de violência de modo teatral, ou seja ainda mais visceral e exagerado) e até insinuações sexuais são mostradas aqui, mas isso somado não chega em sua essência.
É a ciência, religião e a psique, que realmente te fazem entrar em uma viagem “desagradável” do que é “ser humano”. Os conflitos internos e externos de cada personagem são desesperadores, como espectador você vai travando embates ideológicos com cada um deles para no final sair com a mente cheia e a boca calada. Mesmo os coadjuvantes menos participativos, se dado a devida atenção, tem algo a contar. Ao meu ver ninguém está ali à toa, coisa rara em qualquer obra. A densidade da trama vai sendo construída a cada episódio, você sabe que há mais do que está vendo e anseia para que as respostas cheguem. Mas talvez elas não venham assim tão fáceis.
De maneira técnica, a animação e trilha sonora são de uma qualidade tão absurdas que fica fácil entender os problemas com orçamento e tempo que tiveram na época de sua produção. As faixas criadas por Shiro Sagisu vão de temas descontraídos, comuns em animações japoneses (é bossa-nova que estou ouvindo?), até acordes mais frenéticos ou calmos que transpassam a tensão necessária; a faixa "Making Time, Waiting for Death" me causa calafrios toda vez que é apresentada, a gente sabe que coisa boa não vem...
Os conflitos em "ser humano" em Neon Genesis Evangelion |
Em suma, Ou você relaxa e curte a “trip” para absorver o que verá, ou a transforma em uma experiência sem relevância (não indico).
A indicação: Assista a série de 26 episódios, “Neon Genesis Evangelion” e depois o filme “The End of Evangelion” (O outro filme adicionado no Netflix “Death (True)²” é um compilado que hoje em dia é dispensável).
Se você se interessa por esse tipo de história, e saiu correndo para ver o anime e o filme, mas ficou com a cabeça fritando atrás de respostas, APÓS e SÓ APÓS ISSO (guarde a vontade de lamber o pote antes de comer o doce); eu indico que veja os vídeos do canal “Video Quest”, listados abaixo. Provavelmente as respostas de dúvidas sobre a história serão respondidas, e o interesse na franquia que também posuí mangás, jogos e uma continuação de filmes ainda em lançamento chamada “Rebuild of Evangelion” será maior ainda.
Neon Genesis Evangelion e The End of Evangelion se encontram disponíveis na NETFLIX.
Nem sou de comentar nada, quando adolescente (14-15 anos) a Conrad lançou o mangá e pude ler devido ao meu colega de escola comprar e morar próximo; posteriormente até cheguei a ver parte do anime, mas devido à dificuldade de se conseguir essas coisas meio que desinteresse. Esses dias comecei a assistir devido a postagens curtas que vi no instagram. Cara, foi único, há tempos não sentia nada assim por série alguma, nem tenho paciência para isso, mas confesso que quem fez e produziu soube captar tudo de uma maneira que você vê evangelion até onde aparentemente nem teria tanta ligaçao...ao olhar para um edificio proximo a um lugar montanhoso, e ao se auto examinar. Realmente o final acho bastante trágico, da uma sensação de perda, você vê personagens tão bem construídos de repente deixarem de existir. Realmente a sensação é bem pesada após assistir, mas ao mesmo tempo é algo que vale a pena ver e com muita atenção.
ResponderExcluirMagnífico esse anime, e a trilha sonora ó 👌
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