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Crítica | Querido Evan Hansen


Com certeza você aprendeu em algum momento da vida que MENTIR é “feio”, e as coisas vão piorando quando a mentira contada é mantida por um longo período de tempo, gerando vantagens a quem esta contando. Querido Evan Hansen tem o mérito de escancarar a verdade sobre a mentira e nos mostrar o quão mal ela faz, e ele faz isso tão bem que chega a incomodar.

A história do filme gira ao redor de Evan Hansen (Ben Platt), um jovem ansioso e com dificuldades de se conectar com os outros, que acaba envolvido numa mentira sobre um colega de classe que cometeu suicídio, se aproximando da família do falecido. 

Com a missão de adaptar o musical homônimo vencedor dos prêmios Tony e Grammy cinematograficamente, o cineasta Stephen Chbosky chega maduro depois do aclamado As vantagens de ser invisível (2012) e do emocionante Extraordinário (2017). Toda a bagagem adquirida nos dois últimos filmes são bem usadas por Chbosky que entrega uma imersão real e afligente em temas sensíveis como saúde mental, suicídio, diversidade e fobia social.


Porém, uma boa bagagem e imersão em temas sensíveis não são o suficientes para definir se um filme é bom ou não. Pessoalmente eu considero como ponto importante a empatia e a conexão com o protagonista, e nesse ponto o filme falha absurdamente. A começar por Ben Platt. O ator de 28 anos interpreta um jovem de 18, e simplesmente não da pra aceitar o contexto vivido pelo personagem com a escolha do ator, não casa, durante todo o filme percebemos que Ben Platt está velho demais para fazer o que Evan Hansen esta fazendo.

Outro ponto que não ajuda na empatia e conexão com o protagonista é o roteiro escrito por Steven Levenson. Se por um lado tendemos a desenvolver um sentimento de preocupação com o protagonista, logo essa preocupação vai embora pelo fato do Evan ter ações incrivelmente tolas, a ponto de machucar outras pessoas e ele nem ao menos tentar reverter a situação antes do desfecho final do filme. A mentirada contada por Evan para sustentar a trama acaba incomodando demais, transformando o protagonista em um verdadeiro antagonista.


O filme é uma adaptação de um musical, e assumiu no cinema o gênero drama/musical, e é aqui que ele erra mais uma vez, nem tudo que funciona no teatro funciona no cinema, as músicas simplesmente não encaixam, algumas vezes chegam a tirar o espectador do clima, em certas discussões importantes que tinham tudo para seguir bem de forma falada, são cantadas em um ritmo descompassado.  

Se era o propósito do filme ou não, não fica claro, mas Querido Evan Hansen se destaca por mostrar o quanto mentiras deslavadas podem trazer “vantagens momentâneas" para quem as conta. E no fim das contas a verdade sempre aparece nos fazendo refletir até onde vale a pena manter em segredo uma mentira. 

Nota 3.0/5.0

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