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CRÍTICA | OS FABELMANS



De tempos em tempos Hollywood gosta de recontar a história do cinema nos cinemas, em 2011 por exemplo tivemos “O Artista” e “A invenção de Hugo Cabret” dois filmes que permeiam um pedaço da história do cinema e que são essenciais para um bom entendimento da sétima arte, eis que em 2023 temos um novo ciclo de recontagem dessa história com o excelente “Babilônia” e em uma versão mais intimista e sobre a ótica de um diretor temos também “Os Fabelmans”.


Em Os Fabelmans, o jovem Sammy Fabelman crescendo no Arizona pós-Segunda Guerra Mundial, se apaixona por filmes depois que seus pais o levam para ver "O Maior Espetáculo da Terra". Armado com uma câmera, Sammy começa a fazer seus próprios filmes em casa, para o deleite de sua mãe solidária. Porém, quando o jovem descobre um segredo de família devastador, ele decide explorar como o poder dos filmes nos ajuda a ver a verdade uns sobre os outros e sobre nós mesmos. Os Fabelmans é uma história vagamente baseada na própria infância do diretor Steven Spielberg, com um jovem aspirante a cineasta no centro da história.


Spielberg além dos filmes 
Escrito e dirigido por Spielberg, Os Fabelmans é a história de como Sammy ou melhor dizendo, Sam Fabelman se apaixonou pelo cinema e como ele foi aprendendo a fazer filmes com o que tinha na mão, porém o que realmente chama atenção além da criatividade do jovem cineasta é a relação dele com sua família e como problemas familiares são comuns independente do nicho em que você vive, e por mais clichê que se pareça a lição que Os Fabelmans deixam ao longo do filme é use seus problemas como aprendizado e corra atrás do seus sonhos.



É um trabalho, não um hobby 

Sam Fabelman visivelmente tem talento para fazer filmes e na década de 60 sendo filho de uma família tradicional transformar o hobby em trabalho é uma ideia difícil de ser digerida, principalmente pelo seu pai interpretado com maestria por Paul Dano. O pai de Sammy por mais tranquilo que transparece ser insiste que o filho deveria fazer uma faculdade e estudar bastante para ser alguém na vida e deixar a paixão de fazer filmes apenas como um hobby. Tratar desses assunto sobre o que fazer da vida tendo que lidar com os pais que as vezes querem tomar a decisão pelos filhos é um problema eterno, e o filme reforça isso ao demonstrar que até um diretor renomado passou por isso na sua juventude, o roteiro se encarrega de ir desconstruindo essa opinião chata e antiquada do pai aos poucos, diálogo após diálogo, demonstrando a dificuldade que é mudar uma opinião formada.


A Mãe e a ligação com a arte
Enquanto o Pai de Sammy tem um trabalho formal, a mãe possui uma relação maior com a arte, pianista e interpretada pela belíssima Michelle Williams, a Mãe de Sammy embora não diga abertamente para o filho seguir a carreira de cineasta deixa nas entrelinhas e na atuação que o filho deve seguir o seu coração e não se importar com a opinião dos outros. Como uma das maiores inspirações para Sammy a mãe é o ponto chave do caos instaurado na família Fabelman, caos esse que Sam descobre justamente fazendo um filme dos momentos mais íntimos de sua família.



O Jovem Sam
Gabriel LaBelle protagoniza o Jovem Sam Fabelman de uma forma interessante, talvez esse seja o papel mais intenso e difícil da sua carreira, o aprendizado é grande mas em tela LaBelle consegue conversar com o espectador através do olhar e das expressões faciais, evidenciando ainda mais os medos, a raiva e os problemas passados pelo Sam Fabelman.


Tecnicamente Spielberg 
Por mais pessoal que seja o projeto Spielberg imprime não só a sua essência jovem como faz um misto com toda sua bagagem adquirida ao longo dos anos, sem duvidas esse é um dos filmes mais diferentes de sua cine biografia e de fato a bagagem conta, principalmente nos aspectos técnicos, o figurino te leva para os anos 60 e quando se juntam a ambientação, ao estilo de fotografia e a trilha sonora temos a sensação de estarmos de volta ao passado. Além da beleza Spielberg faz a quebra da quarta parede por duas vezes de uma forma bem diferente, o diretor conversa com o público arrancando aquele sorriso de canto de boca do espectador, a chance de Oscar é grande.


Os Fabelmans nos leva para um passeio intimista e delicado pelo sonho de um jovem talentoso em busca de fazer o que ama, quebrando paradigmas e seguindo seu coração temos espelhado no jovem Sam Fabelman a real história de Steven Spielberg.

Nota 5.0/5.0 

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