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CRÍTICA | FALE COMIGO


"Fale comigo" chega aos cinemas no dia 17/08,  rodeado de um hype absurdo com a promessa de uma abordagem refinada do terror de possessão, aliada a uma atmosfera envolvente e um enfoque único no luto. Fugindo completamente dos clichês o filme tem tudo para ser o melhor terror do ano.

O filme possui uma singela abordagem do terror clássico da possessão. A narrativa é sutilmente construída, em conjunto com grandes detalhes visuais, como personagens que surgem e encaram tela, iluminação suave e closes sugestivos, criando uma atmosfera desconcertante. A trilha sonora é utilizada com maestria, com momentos de silêncio misterioso seguidos por uma mistura crescente de vozes, estrondos e efeitos sonoros, culminando em cenas realmente impactantes. Toda essa boa mescla de sons e detalhes visuais fazem com que o filme explore nuances diferentes do terror e esse é o principal mérito do longa. 

"Fale comigo" não recorre aos sustos usuais do gênero, em vez disso, gera suspense através de uma atmosfera intrinsecamente inquietante. A narrativa é inteligente: quando um grupo de colegas de classe de Mia personagem principal se envolve em uma trend viral relacionada a espíritos conjurados através de uma mão embalsamada, a possibilidade de algo dar ruim é facilmente perceptível. No entanto, são os detalhes sutis que revelam uma trama subjacente, enriquecendo o comportamento autodestrutivo. Sophie Wilde traz com maestria a angústia de Mia, que após a dolorosa perda de sua mãe, busca desesperadamente uma conexão para preencher o vazio. A interpretação contida de Wilde e sua busca por companhia retratam de forma complexa o processo de luto.

O elenco como um todo oferece performances impressionantes. Alexandra Jensen e Joe Bird têm uma dinâmica de atritos como irmãos na tela, Jade e Riley, com a rivalidade típica entre irmãos. Miranda Otto, familiarizada com o gênero de terror, desempenha o papel de Sue, mãe de Riley e Jade, mantendo-se em grande parte afastada dos eventos sobrenaturais. No entanto, seu retrato de uma figura paterna autoritária é notável, com momentos de emoção genuína e piadas pontuais que evidenciam diferentes facetas da dor, proporcionando um contraponto necessário à atmosfera do filme.

Centrando-se na exploração do processo de luto e nos perigos do escapismo através de comportamentos viciantes. A jornada de Mia serve como uma metáfora habilidosa para essa mensagem, e mesmo quando um encontro apavorante com um espírito conspirador se desenrola de maneira previsível, o impacto emocional permanece forte. Seja através de momentos subliminares ou de horror explícito, o filme oferece diversas nuances para apreciar.

"Fale comigo" é um equilíbrio entre uma experiência assustadora e uma exploração profunda dos medos internos. A direção inteligente e a narrativa bem construída fazem deste filme uma adição valiosa ao gênero de terror, mostrando que é possível criar um impacto emocional forte sem recorrer aos clichês previsíveis. Este é um filme que merece ser assistido por fãs do terror e por aqueles que buscam uma reflexão mais profunda dos medos internos.

Nota: 5.0/5.0

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