Crítica | Desconhecidos
Desconhecidos é um thriller psicológico que desafia as expectativas e subverte os estereótipos do gênero slasher. Dirigido e escrito por JT Mollner, o filme adota uma abordagem não linear, com capítulos embaralhados e uma estética cult reforçada pelo uso do filme 35 mm. O resultado é uma experiência intensa e imersiva, que exige do espectador atenção e paciência para conectar os pontos dessa história de perseguição e violência.
Nos primeiros minutos, somos jogados diretamente no capítulo 3, um recurso que pode causar estranheza, mas que faz parte da estrutura inteligente do filme. Acompanhamos o que parece ser um jogo de gato e rato, onde um homem implacável persegue uma mulher ferida pela paisagem selvagem do Oregon. A tensão cresce à medida que ela tenta se manter um passo à frente de seu agressor, enquanto o público ainda tenta entender o que está realmente acontecendo.
O grande trunfo de Desconhecidos está em sua narrativa meticulosamente construída. Conforme a história avança, percebemos que não estamos apenas diante de mais um filme de serial killer. O roteiro brinca com os clichês do gênero, apenas para destruí-los no clímax, revelando um plot twist que vira tudo de cabeça para baixo. É uma reviravolta que não apenas surpreende, mas também redefine toda a jornada que acompanhamos até ali.
Outro destaque do filme são as atuações, especialmente de Willa Fitzgerald, que entrega uma performance intensa e cheia de nuances como a mulher em fuga. Ela transita perfeitamente entre o desespero e a determinação, mantendo o espectador sempre ao seu lado, mesmo quando a história começa a revelar novas camadas sobre sua personagem. Sua atuação eleva a tensão da trama e faz com que cada reviravolta tenha ainda mais impacto.
Ainda que a estrutura não linear seja um dos pontos fortes do filme, ela também pode afastar alguns espectadores no início. O ritmo inicial estranho e a mixagem de som estourada podem causar incômodo, dificultando a imersão nos primeiros momentos. No entanto, à medida que a trama se desenrola, o filme prende completamente o público, tornando impossível desviar o olhar. Cada nova revelação só aumenta a tensão e a surpresa, culminando em um final extremamente satisfatório.
Desconhecidos é um filmaço, um thriller psicológico estiloso e bem executado que entrega uma experiência única. A escolha de contar a história de maneira não linear não é apenas um truque narrativo, mas sim uma estratégia bem planejada para esconder as peças do quebra-cabeça até o momento certo. Para os fãs do gênero, é uma obra obrigatória – tensa, imprevisível e brilhantemente construída.
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