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Crítica | Parthenope: Os amores de Nápoles


Paolo Sorrentino retorna com mais um filme visualmente deslumbrante em Parthenope: Os Amores de Nápoles, um longa que carrega sua assinatura estilística inconfundível e entrega uma experiência cinematográfica intensa, mas nada convencional.

A grande força do filme está, sem dúvidas, na fotografia. Cada cena é um verdadeiro quadro, meticulosamente composto para capturar a beleza de Nápoles e a intensidade emocional da protagonista. As cores, os enquadramentos e a iluminação fazem com que Parthenope seja um deleite visual, transportando o espectador para uma Itália solar e melancólica ao mesmo tempo.

O roteiro, como já é de se esperar de Sorrentino, é repleto de diálogos bem escritos e reviravoltas satíricas. As falas são afiadas e, muitas vezes, escondem camadas de significado que podem passar despercebidas em um primeiro momento. Isso faz com que o filme exija atenção total do espectador – não é um filme para assistir casualmente. Algumas cenas, aparentemente desconectadas da trama principal, ajudam a construir a essência de Parthenope, mostrando como sua personalidade foi moldada por suas experiências, sejam elas sexuais, acadêmicas ou sociais.


Um dos pontos altos da narrativa é a relação entre Parthenope e seu mentor, um professor de antropologia. Os diálogos entre eles são incrivelmente ricos, muitas vezes cômicos e cheios de reflexões sobre a vida, a sociedade e o próprio cinema. É um filme que se alimenta da cultura, das referências e do olhar apurado sobre o mundo – um verdadeiro prato cheio para cinéfilos.

No entanto, esse mesmo caráter metalinguístico e repleto de easter eggs pode ser um obstáculo para um público mais amplo. Parthenope não é um filme acessível para qualquer espectador; ele exige um certo repertório e gosto pelo cinema mais artístico para ser plenamente apreciado. Além disso, suas sátiras e provocações, especialmente direcionadas à Igreja Católica e ao cristianismo, devem afastar alguns espectadores religiosos.

A trilha sonora complementa perfeitamente a experiência, recheada de belas músicas que potencializam a imersão na atmosfera italiana. O filme não apenas conta uma história, mas faz com que o público sinta a essência do país por meio da música e das imagens.

Parthenope: Os Amores de Nápoles é uma viagem única pela mente de Sorrentino e um olhar inusitado sobre a formação de uma mulher que carrega consigo a essência mitológica de sua cidade. Não é um filme fácil ou convencional, mas para aqueles que estão dispostos a mergulhar em sua proposta, a recompensa é um filme diferente, cult e provocativo.

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