Crítica | Matrix Resurrections
Eis que temos a oportunidade de entrar novamente na Matrix, uma versão diferente da original, que repagina o que conhecíamos, mas que não perde a essência da ousada mente de Lana Wachowski e das incertezas do que é ou não real.
20 anos após os acontecimentos de Matrix Revolutions, Neo vive uma vida aparentemente comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco, Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua mente. Ele também conhece uma mulher que parece ser Trinity (Carrie Anne-Moss), mas nenhum deles se reconhece. No entanto, quando uma nova versão de Morpheus oferece a ele a pílula vermelha e reabre sua mente para o mundo da Matrix, que se tornou mais seguro e perigoso nos anos desde a infecção de Smith, Neo volta a se juntar a um grupo de rebeldes para lutar contra um novo e mais perigoso inimigo.
Matrix Resurrections nos pluga novamente na Matrix com um primeiro ato incrivelmente diferente, enquanto aguça a curiosidade do espectador em descobrir o que realmente está acontecendo e o real motivo de estarmos na Matrix mais uma vez, o roteiro brinca com o conceito de franquias que sempre retornam por que geram lucro e faz diversas piadas com o seu próprio retorno, isso causa uma dualidade entre a seriedade e o alivio cômico que funciona de uma forma surpreendentemente bem.
Desse momento em diante o filme com certeza vai dividir opiniões, o roteiro que foca em desdobrar os acontecimentos pós Matrix Revolutions não sustenta a curiosidade gerada no primeiro ato e diminui consideravelmente as piadas causando um certo problema de ritmo, mas que é compreensível devido ao tamanho do universo que precisa ser abrangido e explicado no retorno da franquia.
No decorrer da historia somos inseridos em uma nova versão da Matrix, uma versão atualizada para a década atual, novos termos tecnológicos são inseridos e com certeza novas dúvidas vão surgindo. Nem de perto a sensação de “Não entendi nada!” é igual ao primeiro filme em 1999, mas algumas pesquisas após o termino do filme vão acontecer, e isso já pode ser considerado marca registrada de Matrix, junto com o pensamento de que vale uma segunda rodada para entender alguns pontos.
Com Keanu Reeves retornando como um Neo mais maduro, Jonathan Groff e Neil Patrick Harris se destacando em seus personagens e Yahya Abdul-Mateen II repaginando o Morpheus, quem brilha mesmo é Carrie-Anne Moss que dá vida a uma Trinity mil vezes mais FODA que a Trinity dos três primeiros filmes, elevando o patamar da personagem e abrindo portas para filmes futuros.
Matrix de 1999 ficou conhecido por revolucionar o cinema em termos de efeitos especiais principalmente pelo BULLET-TIME, e era de se esperar algo inovador mais uma vez, porém isso não acontece, e o interessante é que o próprio filme brinca com isso. Mesmo assim os efeitos especiais obviamente não deixam a desejar, inclusive outro ponto que é característico da franquia é o figurino e o design de produção que mais uma vez não falham, é bonito de se ver os personagens tão bem vestidos quando estão na Matrix.
Matrix Resurrections é a repaginação da Matrix para a década atual. Não perde sua essência e cria novas possibilidades de expansão para esse universo ousado.
Nota 4.0/5.0
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