Crítica | A Jaula
Quantas vezes você já foi assaltado na vida? Confesso que já aconteceu comigo, uma vez, a revolta é grande e junto com ela vem uma sede de vingança, mas somos realistas e sabemos da nossa impotência nesses cenários. Mas vamos brincar de “What If…”, e se você pudesse fazer justiça com as próprias mãos? A Jaula retrata um “multiverso” em que uma pessoa cansada de ser assaltada resolve se vingar com estilo.
É só mais um carro de luxo sendo roubado numa rua de São Paulo... ou não. Um ladrão (Chay Suede) entra com facilidade no SUV estacionado numa rua pacata, mas, ao tentar sair, descobre que está preso em uma armadilha, incomunicável, sem água ou comida. Recai somente sobre ele a vingança que um famoso médico (Alexandre Nero) planejou depois de sofrer inúmeros assaltos. Quem passa em volta não percebe o embate que se arma entre o sádico vingador e o ladrão prisioneiro dentro do carro. “A Jaula” é um thriller psicológico que não deixa o público desgrudar da tela. Quem é o vilão e quem é a vítima?
Trazendo para realidade brasileira o filme argentino 4x4 de 2019, A Jaula nos prende junto a um bandido dentro de um carro e consegue nos fazer questionar se realmente “Bandido bom é bandido morto”, afinal a tortura de ver um ser humano sofrendo, por mais que seja um bandido que já fez mal para outras pessoas é uma experiencia desconfortável.
Dando vida ao ladrão Djalma, temos Chay Suede mostrando que pode ir muito alem de novelas da Globo. Chay consegue passar na sua atuação todo o sofrimento do seu personagem, a atuação é tão boa que em certos momentos nos pegamos agoniados com a sede, a fome, a dor e o arrependimento do personagem. Sério, fechar os olhos para não ver o sofrimento do personagem é uma reação que não esperava em um thriller psicológico nacional.
Com um tempo e ritmos perfeitos, ao longo de 90 minutos não conseguimos desgrudar da poltrona, tanto pela curiosidade de saber o desfecho da história quanto pelas sequências de tortura que são feitas com o bandido. O longa se passa 90% dentro de uma carro, e para criar a atmosfera perfeita, João Wainer abusa de closes no rosto do personagem e nos pequenos detalhes disponíveis dentro do carro, a sensação de pouco espaço claramente foi um objetivo atingido graças ao excelente trabalho de fotografia do diretor.
Com um clima tenso criado, boa atuação de Chay Suede, a atmosfera perfeita e boas discussões filosóficas sobre quem é o real vilão, o longa deixa a desejar somente no desfecho rápido e superficial da historia que com certeza merecia mais tempo para ser concluída.
A Jaula é um dos melhores thrillers psicológico nacionais, mostra que Chay Suede pode ir muito além de novelas da Globo e mantém um clima tenso que te deixa preso na poltrona do início ao fim.
Nota 4.0/5.0
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