Header Ads

Crítica | A Paixão Segundo G.H.


"A Paixão Segundo G.H.": É uma jornada profunda no labirinto da existência de Clarice Lispector, o mais novo filme do diretor Luiz Fernando Carvalho é uma adaptação cinematográfica fascinante do renomado romance homônimo de Clarice Lispector, trazendo à tela a mente fragmentada e os devaneios existenciais da protagonista de maneira sinestésica e desafiadora. Luiz Fernando Carvalho além de diretor é roteirista e produtor do filme, e ele consegue fazer com que o filme mergulhe nas profundezas da subjetividade de G.H., uma escultora que é interpretada por Maria Fernanda Cândido, cuja vida é transformada após um encontro perturbador em sua própria casa.

Luiz Fernando Carvalho opta por uma abordagem radical, adotando o fluxo de pensamento característico do romance para conduzir a narrativa. Isso resulta em um filme denso e poético, onde as reflexões e os devaneios da protagonista são entrelaçados com imagens estilizadas e sons intensos, criando uma atmosfera de pesadelo íntimo, porém mostrando um lado oculto da arte.


A fotografia, assinada por Paulo Mancini e Miquéias Lino, desempenha um papel crucial na construção dessa atmosfera, enquanto a performance impecável de Maria Fernanda Cândido dá vida à complexidade emocional de G.H. A atriz entrega através da narração do livro, monólogos que evocam uma gama de sentimentos e hesitações, destacando-se em uma cena particularmente marcante e nojenta envolvendo a morfologia de uma barata.

O diretor equilibra habilmente as palavras e as imagens, criando um retrato multifacetado de G.H. e seu mundo interior em constante fluxo apesar de várias perturbações. Embora a abordagem experimental do filme possa desorientar alguns espectadores, aqueles que se entregarem ao redemoinho interior de G.H. serão recompensados com uma experiência cinematográfica singular e provocativa.

"A Paixão Segundo G.H." não é apenas uma adaptação do romance de Clarice Lispector, mas sim uma exploração profunda da condição humana e das angústias femininas. Luiz Fernando Carvalho demonstra sua paixão pela interseção entre literatura e cinema, desafiando convenções narrativas e nos levando a uma jornada intrigante e desafiadora através da arte e de toda complexidade da literatura brasileira.

Nota: 5.0/5.0

Um comentário: