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CRÍTICA | A A VIÚVA CLICQUOT


"A Viúva Clicquot" é um filme biográfico que narra a trajetória de Barbe-Nicole Ponsardin, uma jovem viúva que, após a morte prematura do marido, desafiou as normas do século XIX e assumiu a administração dos negócios de vinho do casal. Ao fazer isso, ela não só salvou a empresa da falência como também revolucionou a indústria de Champagne, tornando-se uma das pioneiras do setor. O filme é baseado no livro "The Widow Clicquot: The Story of a Champagne Empire and the Woman Who Ruled It", de Tilar J. Mazzeo.

Dirigido por Thomas Napper e estrelado por Haley Bennett, é uma ambiciosa tentativa de trazer para as telas a fascinante história de Barbe-Nicole Ponsardin, a mulher por trás do icônico champanhe Veuve Clicquot. Embora o filme se destaque por sua estética refinada e pelo retrato histórico de uma figura pioneira, ele enfrenta desafios significativos em sua execução que limitam seu impacto.

Estética e Atmosfera

Um dos maiores acertos do filme é sua estética. A direção de fotografia de Caroline Champetier é notável por capturar a beleza rústica e sensual dos vinhedos e da paisagem de Reims, criando um ambiente que reflete tanto a nobreza quanto a severidade da trajetória de Barbe-Nicole. Os tons escuros e terrosos usados na cinematografia ajudam a estabelecer uma atmosfera que é ao mesmo tempo sofisticada e carregada de tensão.

A trilha sonora austera de Bryce Dessner complementa bem a ambientação, adicionando uma camada de profundidade emocional que acentua a luta e a paixão da protagonista. A combinação desses elementos cria uma experiência visualmente rica e envolvente, que, infelizmente, não é totalmente aproveitada pelo roteiro.


Roteiro e Narrativa

É aqui que o filme enfrenta seus principais problemas. O roteiro, escrito por Erin Dignam e Christopher Monger, opta por uma abordagem que, embora historicista, falha em capturar a verdadeira essência da trajetória empreendedora de Barbe-Nicole. Em vez de se concentrar nas suas inovações e na sua influência na indústria de champanhe, o filme passa muito tempo explorando sua vida emocional e os conflitos psicológicos com François Clicquot, interpretado por Tom Sturridge.

A narrativa se desvia frequentemente do foco principal, mergulhando em flashbacks e aspectos da vida pessoal que acabam por fragmentar a história. A estrutura não linear, que oscila entre o passado e o presente, além de intercalar sonhos líricos com realismo histórico, acaba diluindo a força da narrativa e tornando a evolução da personagem menos coesa.

O roteiro também faz uma escolha questionável ao dedicar tempo considerável a eventos secundários e figuras históricas, como Napoleão, em detrimento do desenvolvimento mais profundo das conquistas empresariais de Barbe-Nicole. Isso resulta em uma sensação de que o filme não consegue cumprir totalmente sua promessa de retratar a ascensão e o impacto de uma das primeiras mulheres empreendedoras da França.

Atuações

Haley Bennett oferece uma interpretação competente e intensa como Barbe-Nicole, mas é prejudicada por um roteiro que não lhe dá a oportunidade de explorar plenamente a complexidade de sua personagem. A atriz consegue transmitir a determinação e a paixão de sua personagem, mas a falta de foco no aspecto empreendedor da trama reduz o impacto de sua performance.

Tom Sturridge, como François Clicquot, desempenha um papel secundário que, embora bem interpretado, se torna um desvio que não contribui significativamente para o núcleo da história. A interação entre os personagens principais, embora emocionalmente carregada, às vezes parece uma distração em relação à verdadeira força da narrativa.

Conclusão

"A Viúva Clicquot" é um filme que oferece uma visão visualmente rica e esteticamente agradável da vida de Barbe-Nicole Ponsardin. Sua recriação da época e o retrato da protagonista são dignos de nota, e a atuação de Haley Bennett é um ponto alto. No entanto, a abordagem do roteiro, que se perde em aspectos secundários e deixa de focar de maneira adequada nas conquistas empresariais da protagonista, limita a força da narrativa.

Apesar de suas falhas, o filme merece ser assistido por sua contribuição à preservação da memória de uma figura histórica importante e pela sua beleza cinematográfica. Para aqueles interessados na história de pioneiras empresariais ou na indústria de champanhe, "A Viúva Clicquot" ainda oferece uma visão intrigante, ainda que não totalmente efervescente como o champanhe que celebra.

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