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CRÍTICA | Mufasa: O Rei Leão


Em Mufasa: O Rei Leão, a Disney propõe uma expansão da saga que já é um marco cultural com seu clássico de 1994, agora com a direção sensível e refinada de Barry Jenkins, responsável por Moonlight. Essa prequela fotorrealista, enquanto familiar, abre novos caminhos ao explorar a origem do grande rei, Mufasa, e os eventos que o levaram a se tornar o líder venerado de Pride Rock. Com uma abordagem mais introspectiva e dramática, Jenkins consegue dar uma profundidade inesperada a uma história que já conhecemos, mas ainda nos encanta. 


A trama gira em torno de Mufasa, desde sua infância humilde e dramática até sua ascensão ao trono. O filme, em seus momentos iniciais, revisita a tragédia de sua perda familiar, sendo arrancado de seu lar por uma enchente devastadora. Ao ser acolhido por um novo bando, ele encontra Taka, o futuro Scar, dando início a uma amizade que logo será corroída pela inveja e rivalidade. Jenkins e o roteirista Jeff Nathanson exploram o contraste entre Mufasa, a figura de empatia, e Taka, moldado pelo ressentimento. A construção dos dois personagens, lado a lado, é a espinha dorsal de uma história que vai além da simples rivalidade de irmãos, explorando questões de herança, destino e escolhas que marcam o futuro.


O filme é uma obra de grande apelo visual, com momentos de grande beleza e imersão. A câmera de Jenkins e seu diretor de fotografia, James Laxton, adota movimentos amplos e confiantes, capturando não só as paisagens deslumbrantes do continente africano como também as sutilezas emocionais dos personagens. A animação fotorrealista, que se manteve fiel ao estilo do remake de 2019, é aqui mais expressiva, conferindo aos animais uma gama emocional que vai além da rigidez observada no filme anterior. As expressões faciais dos leões são mais fluidas e dinâmicas, o que ajuda a criar uma conexão emocional com a audiência, algo que o remake de Favreau não alcançou completamente.


Apesar de ser uma história essencialmente sobre Mufasa, Mufasa: O Rei Leão também expande a mitologia do filme original, mergulhando mais fundo nos bastidores de personagens como Sarabi, Rafiki e, claro, Scar. A presença de um vilão como Kiros (Mads Mikkelsen), um leão branco que ameaça a paz do novo bando, traz à tona o conflito sobre lealdade, poder e vingança. A dinâmica entre Mufasa e Taka também abre discussões sobre os ciclos de violência e herança familiar, temas que já estavam presentes em Moonlight, mas agora contextualizados no universo de O Rei Leão.



Porém, o filme não é isento de falhas. O dispositivo de enquadramento, com a história sendo contada por Rafiki para a neta de Mufasa, Kiara, interrompe o fluxo emocional da narrativa principal. Embora tenha uma função lógica dentro da trama, essa estrutura acaba diluindo o ritmo da história e tornando os momentos de alívio cômico com Timão e Pumba um tanto deslocados. Suas piadas, muitas vezes sobre a Disney e sua própria fórmula, soam mais como uma crítica metalinguística desnecessária do que um genuíno alívio para o público.

Outro ponto a ser considerado é a música. Embora Lin-Manuel Miranda tenha contribuído com algumas faixas interessantes, a trilha sonora não chega a ter o mesmo impacto icônico das músicas de Elton John e Tim Rice do filme original. As novas canções são agradáveis, mas não possuem a mesma força emocional, com exceção de alguns momentos, como o dueto "Tell Me It's You", que se destaca pela energia e lirismo. 


No final das contas, Mufasa: O Rei Leão é um filme que, mesmo com suas imperfeições, consegue encantar tanto os fãs da obra original quanto aqueles que buscam uma visão mais profunda do universo de Simba e seus antecessores. Jenkins consegue manter a integridade emocional do legado de O Rei Leão enquanto infunde a história com sua própria marca autoral, enriquecendo o material com temas universais sobre família, destino e crescimento. É, portanto, uma prequela que não apenas complementa a história original, mas também a expande, trazendo um novo significado para uma das figuras mais amadas da animação.

Um comentário:

  1. Não gostei muito da Disney ter negado todo o resto dos conteúdos do universo de o Rei Leão contidos nos livros e nas séries, pô toda hora a origem da cicatriz do scar muda kkkkk, mas é a Disney sendo a Disney.

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