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CRÍTICA | A ACOMPANHANTE PERFEITA


Acompanhante Perfeita, dirigido por Drew Hancock, é um thriller de ficção científica que combina humor ácido e críticas sociais em um enredo engenhoso e imprevisível. Utilizando a crescente fascinação por inteligência artificial e sua interseção com dinâmicas de poder, o filme oferece uma experiência ao mesmo tempo divertida e perturbadora, que desafia as expectativas do público.

O filme segue Iris (Sophie Thatcher), uma androide criada para satisfazer as necessidades emocionais e físicas de Josh (Jack Quaid). O que começa como uma aparente comédia romântica logo dá lugar a um thriller repleto de reviravoltas. Durante uma viagem para uma mansão remota com amigos de Josh, um evento traumático, o assassinato de Sergey (Rupert Friend) por Iris em legítima defesa desencadeia uma cadeia de eventos que revelam a verdadeira natureza de Iris e das pessoas ao seu redor. O enredo, embora compactado em 97 minutos, é habilmente estruturado com flashbacks e surpresas que mantêm o público intrigado.

Drew Hancock traz segurança ao longa, equilibrando suspense, sátira e momentos absurdos. O roteiro brinca com as expectativas do público, explorando temas como misoginia, controle e ética na criação de inteligência artificial. A revelação de que Iris é um robô é tratada de maneira rápida, permitindo que o filme se concentre em questões mais profundas, como o instinto de autopreservação e as consequências do abuso de poder. A sátira sobre a masculinidade tóxica, personificada por Josh, é afiada, e o humor ácido permeia o filme sem diminuir sua tensão.

Sophie Thatcher entrega uma performance excepcional como Iris, transitando com habilidade entre a vulnerabilidade humana e a eficiência robótica. Sua luta pela sobrevivência e sua busca por independência tornam a personagem surpreendentemente empática. Jack Quaid, por outro lado, retrata Josh como um homem inseguro e manipulador, oferecendo uma atuação que equilibra charme e vilania. O elenco de apoio, incluindo Harvey Guillén e Rupert Friend, adiciona camadas cômicas e dramáticas, embora alguns personagens, como o de Megan Suri, não sejam totalmente desenvolvidos.


A cinematografia de Eli Born destaca a beleza da mansão isolada e cria um contraste irônico entre a paisagem ensolarada e os eventos sombrios que ocorrem dentro dela. O design de produção e os efeitos visuais reforçam a credibilidade do mundo futurista do filme, enquanto a trilha sonora ajuda a intensificar os momentos de suspense e humor.

O filme aborda questões éticas sobre a criação de IA senciente e as dinâmicas de poder em relacionamentos, tanto humanos quanto artificiais. A história de Iris reflete debates contemporâneos sobre misoginia e objetificação, mostrando como os "companheiros robóticos" podem ser uma extensão de ideais problemáticos. A jornada de Iris, de subserviência programada à independência, é uma metáfora eficaz para a luta por autonomia e respeito.

Acompanhante Perfeita é uma mistura bem sucedida de ficção científica, suspense e sátira social, que oferece tanto entretenimento quanto reflexão. Apesar de algumas falhas de lógica no ato final e personagens secundários pouco explorados, o filme é um thriller impressionante e uma vitrine para o talento de Sophie Thatcher. Para os fãs de thrillers inteligentes e provocativos é uma escolha imperdível.

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