CRÍTICA | LOBISOMEM
O longa dirigido por Leigh Whannell, é uma reinvenção ousada do clássico The Wolf Man (1941), da Universal Pictures. Inspirado pela atmosfera de isolamento e tensão durante a pandemia, Whannell transforma o conto sobrenatural de licantropia em uma tragédia íntima de horror familiar e psicológico, com um foco no terror e jump scare.
O filme acompanha Blake Lovell (Christopher Abbott), um homem que retorna à cabana isolada de sua infância no Oregon com sua esposa Charlotte (Julia Garner) e sua filha Ginger (Matilda Firth), após herdar a propriedade de seu pai falecido. Quando Blake é atacado por uma criatura misteriosa, ele começa a sofrer uma transformação horrível, tanto física quanto emocional, ameaçando a segurança de sua família.
Leigh Whannell, conhecido por O Homem Invisível (2020), continua a mostrar sua habilidade em equilibrar sustos de causar infartos com narrativas intimistas. A cinematografia explora a natureza isolada do cenário com imagens sombrias e claustrofóbicas, intensificando a sensação de perigo iminente. As cenas de transformação de Blake, realizadas com efeitos super arcaicos, capturam a brutalidade física e emocional de sua metamorfose estranha.
Christopher Abbott entrega uma performance interessante, transmitindo a agonia e o desespero de um homem que lentamente perde sua humanidade. Julia Garner de Ozark brilha como Charlotte, uma esposa que precisa lidar com a crescente ameaça de seu marido transformado, destacando a tensão emocional e a resiliência maternal. A jovem Matilda Firth também se destaca, contribuindo com uma vulnerabilidade genuína que reforça o drama familiar.
A decisão de usar efeitos práticos em vez de CGI para o lobisomem é algo estranho. Trabalhando com o maquiador Arjen Tuiten (O Labirinto do Fauno), Whannell cria um monstro que é tanto aterrorizante quanto visualmente distinto, evitando a aparência clássica de lobisomem em favor de algo mais “normal” e próximo de uma doença degenerativa.
Embora o filme seja repleto de tensão, ele ocasionalmente se arrasta, especialmente durante os momentos iniciais. A construção do suspense, embora eficaz, poderia ser mais bem dosada para manter o público engajado.
Whannell introduz uma metáfora interessante sobre infecção e isolamento, refletindo ansiedades pós-pandemia, mas não explora totalmente as implicações psicológicas e sociais desse conceito. Isso deixa a narrativa rica, mas superficial em alguns aspectos.
"Lobisomem" é mais do que uma simples história de terror, é uma meditação sobre perda, isolamento e o impacto do trauma no núcleo familiar. Whannell moderniza o mito do lobisomem com relevância contemporânea, criando uma experiência que é ao mesmo tempo aterrorizante e emocionalmente ressonante. Embora não seja perfeito, o filme reafirma o potencial dos Monstros da Universal para serem reinventados de forma criativa e impactante.
Deixe o seu comentário