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CRÍTICA | Capitão América: Admirável Mundo Novo


Capitão América: Admirável Mundo Novo, chega aos cinemas como uma peça fundamental para o futuro do MCU. Assumindo o protagonismo após o legado de Steve Rogers, Sam Wilson (Anthony Mackie) enfrenta a difícil tarefa de ser o novo Capitão América, agora no centro de um enredo que mistura dilemas pessoais com questões políticas globais. O filme faz um trabalho interessante de transição para o novo herói, mas também leva o espectador a refletir sobre as consequências de um governo controlando super-heróis, criando tensões entre personagens como Wilson e o presidente Thaddeus "Thunderbolt" Ross (Harrison Ford).

A trama segue o Capitão América Sam Wilson sendo convocado pelo presidente Ross para reorganizar os Vingadores, agora sob uma perspectiva mais governamental. A relação entre Sam e Ross, que antes separou os Vingadores com os Acordos de Sokovia, é repleta de tensões políticas e éticas. A mudança de Ross, de um político implacável para um estadista buscando redenção, é uma escolha ousada, que adiciona complexidade à história. Porém, algumas transições de personagens, como o próprio Ross, poderiam ser mais exploradas para dar maior profundidade ao arco dramático.


Julius Onah, o diretor, trabalha com um enredo que reflete questões contemporâneas, colocando Sam Wilson como um líder que não só herdou o manto de Capitão América, mas também as dificuldades de ser um símbolo de liderança em tempos de polarização política e social. O filme não foge da atualidade ao abordar temas como a responsabilidade do poder e o dilema de usar super poderes em prol de um interesse governamental.

Do ponto de vista emocional, "Admirável Mundo Novo" funciona muito bem, especialmente em momentos em que Sam enfrenta suas próprias dúvidas sobre sua capacidade de liderar, refletindo um lado mais humano do herói. É impossível não sentir que a jornada de Wilson está em busca de um reconhecimento completo de sua identidade, tanto para ele quanto para o público. No entanto, o filme poderia ter se aprofundado mais nos desafios internos de Sam, além de mostrar apenas o processo de adaptação a um papel imposto.  

A introdução de um "Adamantium arms race" e o foco na descoberta de um novo metal poderoso parecem preparar o palco para futuras ameaças, mas a escolha de subtramas como essa acaba sendo secundária, deixando o desenvolvimento da equipe dos Vingadores em um plano mais distante. O foco maior é na construção do personagem e em sua relação com o legado de Steve Rogers, que ainda paira sobre o enredo.


A interpretação de Mackie como Sam Wilson, agora totalmente incorporado ao papel de Capitão América, traz um frescor necessário ao MCU. Seu personagem tem um apelo emocional que reflete suas lutas internas e seu compromisso com a justiça, apesar dos desafios que surgem, seja de seu próprio ego ou de pressões externas. Já Harrison Ford, como Ross, entrega uma performance robusta, mas seu personagem poderia ter sido mais bem desenvolvido dentro da narrativa política do filme.

Visualmente, o filme não decepciona. A direção de arte e os efeitos especiais criam cenas de ação interessantes, apesar de poucas, mantendo a intensidade das batalhas características do MCU. No entanto, a trama peca por sua estrutura previsível. A montagem de novos Vingadores e o relacionamento entre Sam e as novas figuras de autoridade, como Ross e John Walker (Wyatt Russell), são elementos que criam um clima de expectativa, mas deixam algumas lacunas narrativas que poderiam ser mais bem exploradas.

"Capitão América: Admirável Mundo Novo" não é apenas a passagem do escudo para um novo líder, mas um reflexo das incertezas de um universo que ainda busca seu rumo. Sam Wilson carrega o peso de um legado gigante, e o filme faz questão de mostrar que ser o Capitão América vai além de vestir o uniforme – é sobre enfrentar dilemas que não se resolvem com um simples arremesso de escudo. Embora nem todas as apostas se concretizem e algumas tramas fiquem à margem, o longa estabelece um novo paradigma para o MCU e abre caminho para um futuro onde o heroísmo não se define apenas pela força, mas pelas escolhas que moldam um mundo em transformação.

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