CRÍTICA | Fé para o Impossível
Fé para o Impossível, dirigido por Ernani Nunes, é um drama inspirador baseado em fatos reais que narra a impressionante história de Renée Murdoch, uma mulher brutalmente atacada enquanto corria na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O filme busca não apenas relatar o trágico episódio, mas também destacar a força da fé, a resiliência e o poder da união em momentos de adversidade.
A trama acompanha Renée (Vanessa Giácomo), mãe de quatro filhos e esposa do pastor Philip Murdoch (Dan Stulbach). Após o ataque, ela entra em coma e passa a lutar pela vida, enquanto Philip mobiliza uma corrente de orações e apoio da comunidade. O filme enfatiza a importância da fé e do suporte emocional coletivo, mostrando como a divulgação da história nas redes sociais gerou engajamento e esperança para a família.
O roteiro, apesar de eficiente em transmitir emoção, peca em alguns momentos por tornar Philip uma figura rígida e impositiva, especialmente no início. Sua insistência para que todos mantenham uma perspectiva positiva, mesmo diante da incerteza, pode soar como autoritarismo. Felizmente, o filme reconhece essa falha ao longo da narrativa e permite uma evolução do personagem, com destaque para uma cena crucial em que sua filha Júlia (Júlia Gomes) o confronta, mostrando a importância de aceitar e expressar emoções como tristeza e medo.
Vanessa Giácomo brilha nas cenas mais dramáticas, especialmente quando sua personagem desperta do coma e passa por surtos psicóticos. Sua interpretação traz realismo e peso emocional ao filme. Dan Stulbach, por sua vez, transmite bem a fé e a determinação de Philip, ainda que, em certos momentos, seu personagem pareça excessivamente rígido.
O elenco infantil também merece destaque, com Júlia Gomes, Theo Medon, Bella Alelaf e Arthur Biancato trazendo autenticidade às angústias e conflitos dos filhos do casal. Entre os coadjuvantes, Juliana Alves, no papel da médica responsável pelo tratamento de Renée, e Ricardo Oshiro, como o doutor Caíque, entregam atuações marcantes.
Ernani Nunes conduz a história com sensibilidade, equilibrando bem os momentos de tensão e emoção. A cinematografia é funcional, sem grandes ousadias visuais, mas eficaz em reforçar o tom intimista do filme. A trilha sonora acompanha a narrativa de maneira competente, intensificando os momentos de angústia e esperança e se conectando com a atualidade, através de canções recentes, sendo conectadas com o caso que ocorreu há mais de 10 anos.
Como ocorre em muitos filmes cristãos, "Fé para o Impossível" tem um forte apelo emocional e um tom edificante. A mensagem sobre fé e milagres é transmitida de forma clara, tornando-se o ponto central da obra. No entanto, o filme se diferencia por não apenas focar na crença em Deus, mas também na importância do apoio comunitário e da expressão genuína dos sentimentos.
Apesar de não trazer inovações narrativas e de ocasionalmente recorrer a certos clichês do gênero, o longa consegue emocionar o espectador, cumprindo seu propósito de inspirar e transmitir esperança.
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