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CRÍTICA | O BRUTALISTA


O Brutalista, dirigido por Brady Corbet, é uma obra ambiciosa que mistura arquitetura, imigração, antissemitismo e as contradições do capitalismo americano em um épico momento cinematográfico. Com um tempo de execução extenso, de mais de três horas e meia, e filmado em VistaVision, o longa se posiciona como uma grande saga sobre um arquiteto húngaro sobrevivente do Holocausto que busca recomeçar nos Estados Unidos.

A história acompanha László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto judeu que chega à Filadélfia nos anos 1940, tentando reconstruir sua vida e carreira. Ele encontra apoio inicial em seu primo Átila (Alessandro Nivola), mas logo percebe que a assimilação não é tão simples, especialmente em um país onde o antissemitismo e as hierarquias sociais ainda são barreiras intransponíveis.

A grande virada na vida de Tóth acontece quando ele conhece o excêntrico magnata Harrison Van Buren (Guy Pearce), que se torna seu patrono e o encarrega de projetar um centro comunitário. No entanto, o que começa como uma oportunidade para Tóth expressar sua visão arquitetônica rapidamente se transforma em um jogo de poder, exploração e controle, onde sua arte é constantemente submetida aos caprichos de um benfeitor narcisista.

Enquanto isso, Erzsébet (Felicity Jones), a esposa de Tóth, e sua sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy) ficam presas na Europa devido a entraves burocráticos, adicionando um elemento de sofrimento emocional que permeia toda a narrativa.


Adrien Brody entrega uma de suas melhores performances desde “O Pianista”. Seu personagem Tóth é um homem marcado pelo trauma, mas ainda apaixonado por sua arte. Brody equilibra fragilidade e determinação de forma magistral, tornando sua jornada tanto inspiradora quanto dolorosa.

Guy Pearce brilha como Van Buren, capturando o arquétipo do mecenas poderoso que oscila entre a generosidade e a crueldade. Seu personagem lembra figuras obscuras, mas com uma camada extra de imprevisibilidade e perversidade.

Felicity Jones, apesar de seu talento, recebe um papel subdesenvolvido, surgindo tardiamente na trama e sem grande impacto na narrativa. Já Joe Alwyn, como o filho de Van Buren, representa a nova geração da elite americana, arrogante e despreparado para lidar com a grandiosidade do projeto que seu pai patrocina.

Brady Corbet cria um filme que é visualmente impressionante, com uma cinematografia meticulosa assinada por Lol Crawley. O uso de VistaVision dá ao filme uma grandiosidade raramente vista no cinema contemporâneo, e a direção de arte transforma cada cena em um espetáculo arquitetônico.


A trilha sonora de Daniel Blumberg, com tons épicos e melancólicos, complementa o peso emocional da história, enquanto o design de som enfatiza a grandiosidade e a brutalidade do mundo em que Tóth está inserido.

O Brutalista não é apenas sobre arquitetura, mas sobre os desafios da imigração, os dilemas do artista diante do capitalismo e a luta entre individualidade e coletividade. A relação entre Tóth e Van Buren simboliza o conflito entre criação e apropriação, onde a visão artística é constantemente comprometida pelos interesses financeiros e políticos.

Além disso, a escolha do brutalismo como estética reflete a dureza do mundo pós-guerra e a resistência dos sobreviventes. A arquitetura concreta, imponente e austera de Tóth se torna um reflexo de sua própria luta por identidade e reconhecimento.

O Brutalista é uma obra cinematográfica imponente e desafiadora. Com um ritmo deliberado e um escopo épico, o filme exige paciência, mas recompensa o espectador com uma experiência visual e emocional única. Não é um filme fácil ou acessível para todos e deixa muitas pontas soltas, mas para aqueles que apreciam narrativas densas e reflexivas, ele se estabelece como um dos filmes mais ambiciosos do ano que provavelmente fará história no Oscar 2025 e quanto ao longo tempo o filme possui um diferencial nesse quesito um intervalo entre os atos.

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