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CRÍTICA | ERA UMA VEZ UM GÊNIO


George Miller, a mesma mente que no apresentou o mundo maluco de Mad Max, explora ainda mais sua criatividade em “Era uma vez um gênio”, uma fábula romântica, fantasiosa e aventureira sobre desejos que nos faz passear por 3 grandes momentos da humanidade a partir de uma boa história narrada por um gênio.

Em Era Uma Vez Um Gênio, enquanto participava de uma conferência em Istambul, a Dra. Alithea Binnie (Tilda Swinton) encontra um “Djinn" (Idris Elba), o que no ocidente, é comumente denominado como “Gênio". A criatura lhe oferece três desejos em troca de sua liberdade, e isso apresenta dois problemas: primeiro, ela duvida que ele seja real, e segundo, por ser uma estudiosa de histórias e mitologia, ela conhece todas as histórias de advertência sobre desejos que deram errado. O Djinn defende seu caso contando histórias fantásticas de seu passado e, eventualmente, ela é seduzida e faz um desejo que surpreende os dois, o que leva a consequências que nenhum dos dois esperava.


É tão fábula que é melhor contar como fábula
E é exatamente assim que iniciamos nossa jornada de 1 hora e 45 minutos por “Era uma vez um gênio”, a personagem principal, Alithea, nos convida a entender melhor sua história nos dizendo que é melhor contar essa história em formato de fábula do que em outros formatos, e logo de início fica claro que essa foi uma decisão incrível da Alithea, afinal, a fantasia que cerca o filme não poderia se sair bem em outro formato. 



Era uma vez um Gênio    
Não é muito comum vermos os gênios da mitologia árabe sendo retratados em filmes, e aqui, podemos dizer que finalmente temos uma boa apresentação desses seres de ar e fogo que podem assumir qualquer forma e que quando libertados acabam concedendo 3 desejos a quem os libertou. A obra original de George Miller nos coloca frente a frente com um Gênio que se vê obrigado a se abrir de corpo e alma para sua libertadora Alithea, e é nesse momento de contar sua história e o que ele passou pra chegar até onde chegou que o “Era Uma Vez” toma conta do filme nos fazendo gostar mais do passado do que do presente, mérito do roteiro que focou em detalhar a fabula do Gênio enquanto ele esperava Alithea escolher seus 3 desejos.      


Histórias bem contadas em uma fotografia diferenciada
As palavras “Era Uma Vez” quando juntas são sinônimos de criatividade e exuberância, e aqui não é diferente, quando o Gênio conta sua história para Alithea o filme nos leva a vivenciar tudo em flashbacks narrados pela voz marcante do Gênio e assume uma fotografia absurdamente bem feita, diferenciada e que da o tom imaginário perfeito para o que é uma história contada sob o ponto de vista de um ser mitológico. Separar o presente imperfeito, branco e que se passa em quarto de hotel do mundo extremamente colorido e fantasiado do flashback é outro grandes acerto da fotografia, a dualidade é perceptível e nós faz pensar que antigamente é que era bom, atualmente vivemos em um mundo menos colorido, menos fantasioso.


Mas porque escondemos nossos reais desejos?

Enquanto viajamos pelas histórias do Gênio, Alithea tem a grande missão de escolher os 3 desejos, mas aí as coisas se complicam e se tornam difíceis demais, afinal, ao ouvir as histórias de um Gênio que passou por 3 pessoas e que sempre teve problemas relacionados a desejo, luxúria ou poder, acabam deixando Alithea receosa em fazer qualquer pedido ao Gênio, nesse ponto o filme faz novamente uma alusão ao nosso mundo, onde as vezes temos que deixar de falar sobre nossos desejos com medo de algumas consequências.    




Uma tríade poderosa e bem conectada
A maior parte do filme se passa pela narrativa do Idris Elba e dos diálogos longos que ele tem com Tilda Swinton, e nesse ponto temos a química perfeita e peculiar dos protagonistas do filme, a todo momento no mundo presente os dois roubam a cena e se mostram conectados e rumando a um fim obvio, por outro lado, ao contar as histórias, temos o brilho da mente criativa de George Miller, formando assim uma tríade poderosa e bem conectada que são o coração do longa.


E aí, um romance

Até o último ato nada a reclamar, temos boas historias, uma fabula bem contada, atores bem alinhados, um visual diferente mas nem tudo são flores, o desfecho da história desfaz um pouco o lado místico criado ao longo do filme, fazendo com que no fim o filme assuma o gênero romance e que não explica muito bem os acontecimentos finais, e isso talvez não agrade a todos. 


Era uma vez um gênio é uma excelente fábula que mostra grandes histórias do passado recontadas em um ponto de vista novo, abordando ainda como os humanos deixaram de falar sobre os próprios desejos, tudo isso na perspectiva criativa de George Miller que dá ao filme um visual exuberante e chamativo.


Nota 4.0/5.0

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